Capítulo Nove

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— Abra os outros arquivos... — peço.

— Não vai dar tempo de ver todos aqui — diz ele. — Precisamos de um pen-drive.

— Eu vou procurar — digo, saindo da sala.

Passo pelo corpo queimado e o fedor do monstro com serras. O vídeo deixou meus pensamentos de cabeça para baixo. Eu não tenho mais dúvidas que foi a LPB a grande causadora disso tudo. Mas por quê?

Começo a subir as escadas e ouço um som de algo batendo no chão. Estou sem flechas, então seguro meu arco com força. Ele é de metal, se for um zumbi lá em cima eu posso bater nele com o arco. Mas assim que chego no corredor, vejo aquele cachorro lambendo um líquido vermelho no chão. Além do líquido, há várias flechas espalhadas.

Me lembro de quando o monstro acertou a serra no meu braço e eu derrubei o diário aqui. Deve ser o sangue do meu braço. Essa cena é nojenta. Procuro o corte em meu braço, mas só acho o corte da camisa. O machucado não está aqui.

Estou ficando estranha. Meus machucados estão desaparecendo e meus reflexos mais ativos do que nunca. O que está acontecendo comigo?

O cachorro me olha. Será que ele está infectado? Ele mordeu um monstro infectado... Será que o vírus invadiu seu organismo?

Mas ele é tão bonito, e além disso é de uma raça inteligente. Pode nos ajudar em alguma coisa...

— Ei, garoto! — chamo. Ele late. — Tá, desculpe, garota!

Ela vira a cabeça.

— Não vai me atacar, não é? — pergunto.

Caminho em sua direção e faço carinho em seu focinho. Me assusto quando ela vira o focinho para me lamber. Pensei que iria me morder.

Sem querer, piso em uma flecha. Então me lembro de que derrubei minha aljava aqui. Começo a recolher as flechas e guardar na aljava. Assim que nenhuma flecha sobra no chão, eu a visto e entro no quarto com as crianças mortas.

O fedor quase me faz sair dali. Mas continuo. Deve ter um pen-drive por aqui. Vasculho o guarda-roupa e acho um notebook. Procuro um pen-drive na entrada, mas não acho. Começo a jogar as roupas rapidamente no chão, para analisar melhor é poder sair dali o mais rápido possível. Assim que jogo uma jaqueta de couro no chão, vejo algo voar dela e cair bem do lado da menina morta. É um pen-drive.

Engulo o seco.

Caminho lentamente até ele. Assim que encosto minha mão nele, um pássaro bate contra o vidro e o mancha de sangue. Eu me assusto e caio para trás. Levanto-me e corro para a janela. A mancha de sangue começa a escorrer. Algo escuro bloqueia a luz do céu. Primeiro, penso que é uma nuvem, mas quando olho para cima, vejo milhares de vultos pretos em movimento rápido. São pássaros infectados. Sempre andam em um bando grande. Mas nunca vi tantos pássaros antes.

Pego o pen-drive e corro para o andar de baixo. Minhas narinas agradecem. Vou até a sala que está o computador e a cachorra me acompanha. Quando chego, eu dou o pen-drive para Louis, que conecta com o computador no mesmo instante.

— Vamos logo — digo. — Tem alguns bilhões de pássaros infectados lá fora.

— Esse pen-drive é novo... — ele diz. — Tem mais de 160 gigas é impossível não conseguir passar tudo desse computador para ele.

Aparece "CARREGANDO"  na tela e logo depois "CONCLUIDO". Ele retira o pen-drive e se levanta da cadeira. Que rápido.

— Vamos levar o cachorro? — ele pergunta, olhando para ela.

SinistraWhere stories live. Discover now