Capítulo Cinquenta e Três

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*Preparem os corações para esse capítulo, pois uma coisa horrível irá acontecer*

Mesmo achando uma péssima ideia protestar, eu não falai nada. Acho que isso não vai nem acontecer. E mesmo protestando, eu sei que serei expulsa.

A festa continua lá embaixo, mas preferi voltar e ficar com minha irmã. Estamos deitadas na cama. Eu aproveito esse momento e cochilo.

Quando meus olhos se abrem, eu já sei que estou sonhando. Não estou em nenhum lugar estranho e nem sendo atacada por alguma coisa. Não é igual os sonhos que eu tenho.

Esse é diferente.

A porta do quarto se abre. Uma mulher com a minha altura ou um pouco menor entra. Seus cabelos são iguais aos meus. Seus olhos são iguais os da minha irmã.

É minha mãe.

— Oi, Claire — ela fala, se aproximando.

Sorrio para ela. Meus olhos se enchem de lágrimas.

— Mãe... — falo.

Mesmo sabendo que estou sonhando, me emociono. Parece tão real.

— Olhe para você — ela sorri. — Forte. Grande. Nós estaríamos orgulhosos de você.

Deixo que as lágrimas escorram por meu rosto.

— Eu não sei se sou forte... — falo.

Minha mãe se aproxima mais e se agacha ao lado da cama.

— Claire, você tem que ser forte — ela fala. — Não pode desistir. Nunca.

Ver minha mãe novamente é realmente um choque. Não quero que esse sonho acabe. Nunca.

— Eu sei — afirmo com a cabeça. — Eu não vou desistir. Não vou.

Ela sorri mais. Seus olhos se enchem de lágrimas. Então ela acaricia meu rosto com a mão. O aproveito o máximo, pois sei que será o último.

— Eu te amo — diz ela.

— Eu também te amo, mãe.

Meus olhos realmente se abrem agora. Bia dorme em meus braços e Demi em outra cama. A música lá embaixo parou. Acho que a festa acabou. Sinto meu rosto úmido e percebo que estava chorando.

Limpo minhas lágrimas.

***

Estou arrumando minha mala. Se vou ou não sair daqui, já tenho que arrumar minhas coisas. Vou levar os três arcos que Zayn me deu.

Desde que falei que iria sair do condomínio, me sinto observada. Mas é por que eu estou mesmo sendo observada.

Viro-me para a cama de Demi e vejo todos lá. Sentados. Me olhando.

Dylan, Mandy, Demi, Lena, Harry e Niall. Só falta Ariana e Justin para completar o bando.

Minha privacidade foi totalmente roubada. Não posso nem ir no banheiro sozinha.

— Preciso tomar um ar — falo.

— Quer que eu vá junto? — todos perguntam juntos.

Levanto as sobrancelhas.

— Não — digo.

Saio do apartamento e vou até as escadas. Não vai adiantar nada ir lá para baixo, irão me seguir. Além disso, não vou ter sossego no meio das pessoas após a noite de ontem.

Subo as escadas até o terraço.

O vento bate contra mim com força. Pássaros passam perto de mim. Vejo a corda da tirolesa amarrada ao satélite. Queria saber como eles conseguiram montar isso.

Vou até a beirada do prédio. Olho para baixo. As pessoas daqui parecem formigas. Minha barriga aperta ao ver a altura. Igual quando eu pulei daqui.

Respiro fundo e me sento na beirada. Sem saber bem o motivo. Eu poderia estar ali, perto da porta. É claro que não vou pular. Mas se alguém aparecesse e me visse aqui, pensaria que eu ia me matar. O vento bate em meu rosto e afasta um pouco o calor que está hoje. Meu cabelo flutua no ar.

Por mais que eu esteja sofrendo um grande risco de morte sentada aqui, eu até que gosto. Posso pensar o quanto quiser. Sem ninguém me atrapalhar. Às vezes, nós só precisamos ficar sozinhos um pouco. Afastados das pessoas.

O sol bate em meu rosto. Lembro-me dos dias quentes que faziam no verão. Ligávamos todos os ventiladores de casa 24h por dia. Depois era só esperar a conta chegar e minha mãe nos matar.

Não que hoje em dia não faça calor, mas antigamente fazia mais. Muito mais.

Talvez eu estivesse mesmo precisando ficar sozinha. Precisava pensar. Eu sou ou não a Escolhida? A LPB é ou não é do mal? O que ela fez com tanto dinheiro?

Nos últimos dias, pensei que iria descobrir tudo. Que poderíamos descansar logo. Mas não. As coisas estão cada vez mais confusas e difíceis. Eu preciso fazer algo. Preciso descobrir o grande segredo da LPB.

Por nós todos.

Eu não sei por quanto tempo eu estou aqui em cima. Já sei que o sol já está desaparecendo por causa de nuvens de chuvas ameaçadoras. Raios caem longe daqui. Mas logo estarão por aqui. O vento se tornou frio e eu decido que já fiquei sozinha por tempo suficiente.

Estou quase me levantando quando ouço:

— Não vai se matar, não é?

Eu olho de por cima do ombro. Louis se aproxima.

— Não — rio um pouco.

Então ele se senta ao meu lado.

— Soube que vai ser expulsa — ele diz. — Sinto muito.

Eu o olho. Seus olhos se fixam nos meus. Ele parece estar triste com algo. Acho que é com a minha saída.

— Tudo bem — falo. — Pelo menos eu não te encho mais o saco.

Ele ri.

— Você não enche meu saco. Muito pelo contrário.

Engulo o seco. Eu sei que amigos falam frases como essa o tempo todo para outros amigos. Mas vindo dele, parece ser algo mais do que parece.

Fico meio sem graça e forço um sorriso.

— Claire, nós vamos sentir sua falta. — Percebo seu rosto se aproximar do meu. Meu coração dispara. — Eu vou.

Então seus lábios encostam nos meus. Ele fecha os olhos. Mas eu não. Afasto-me antes mesmo de que ele tente algo mais que um selinho.

Eu estava certa. Eu não queria estar certa. Não podia estar certa.

Louis gostava de mim. Esse tempo todo.

— Desculpa... — falo, meio sem jeito.

Vejo seus olhos encherem de lágrimas. Me sinto culpada. Meu coração se parte ao vê-lo assim. Por minha causa.

Então sinto sua mão me empurrar.

Meu corpo sai do prédio. Mas consigo me segurar na borda. Meu coração explode em batidas fortes e rápidas. Meu pulmão se esvazia.

Grito.

Desespero-me. Tento subir, me puxando para cima. Vejo Louis tentando me ajudar, mas eu o empurro para longe. Não quero que ele encoste em mim.

Graças a esse empurrão, volto desde onde estava. Meus braços doem. Utilizo toda a força para me segurar. Não posso acreditar que ele fez isso.

Puxo-me para cima. Então, coloco minhas pernas em cima do telhado do prédio novamente. Pulo para cima.

Louis se aproxima, mas eu o empurro novamente. Ele cai no chão, em cima dos cascalhos.

Não consigo esconder a tremedeira, nem minhas lágrimas.

— Claire... — ele fala, arrependido.

Eu sinto tanta raiva. Tanto medo. Os olhos dele são como buracos negros profundos para mim agora.

— CALA A BOCA! — cuspo as palavras. — FIQUE LONGE DE MIM! — meu coração se aperta. — MONSTRO!

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