Capítulo Cinquenta

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Eu poderia muito bem aceitar. Não haveria LPB, eu poderia fingir que sou normal e não precisaria descobrir o que é ser "Escolhida".

Mas em primeiro lugar, como ele pode me oferecer isso do nada? Isso me parece muito suspeito.

E em segundo lugar, como ficariam todos? Minha irmã. Demi. Harry.

Tudo seria diferente. Seria estranho. Não teria meus amigos por perto. Não teria que sair com os Sinistros. E abandonaria minha irmã sozinha. Isso eu não posso fazer.

— Não — penso em dizer apenas isso, mas não consigo. — Não posso deixar as pessoas do lugar que eu moro. Há muitos sobreviventes lá, e um deles é minha irmã. A única família que eu tenho.

Ele sorri de lado, um pouco decepcionado.

— Entendo — ele fala. — É sempre bom ter pessoas novas, e eu pensava que você não tinha nenhum lugar para ir, ou sei lá.

Jonas parece ser sincero e um cara do bem. Ele não parece querer fazer o mal. Mas mesmo assim, tenho que tomar cuidado em quem confio.

— Se quiser, pode ir para o outro prédio, avisaremos quadrando seus amigos estiverem prontos. É só voltar para o beco e pegar a porta mais perto. Peça a um dos guardas que a leve para o quarto 7.

Eu balanço a cabeça, afirmando. Volto para a porta que entramos e deixo o prédio cheio de trabalhadores.

Olho para os dois lados do beco. Um lado é fechado por um muro e o outro é a porta que dá para a rua, onde nosso carro está.

Tem tantas outras portas nos prédios. Me pergunto se elas dão em caminhos muito diferentes um do outro.

Como Jonas disse, vou até a porta mais próxima do outro prédio e entro nela. Escadas são o único caminho, então as subo. Entro em um corredor, onde um homem armado me para.

— Quem é você? — pergunta ele.

— Eu vim de outro lugar, meus amigos estão sendo analisados na enfermaria. — Digo. — Jonas me mandou falar para você me levar até o quarto 7.

Ele revira os olhos, parecendo muito entediado com a ideia. Então fala apenas:

— Vire a primeira direita e depois encontre a porta com número 7.

Então, tira um bolo de chaves do bolso e começa a procurar uma específica. E me dá a que está cravada o número 7.

Reviro os olhos, com a intensão de mostrar que não gostei da atitude preguiçosa do guarda e avanço. Viro o primeiro corredor da direita e não demoro para encontrar o quarto 7.

Abro a porta com a chave e a abro. O cheiro de produtos de limpeza invade minhas narinas. O chão está incrivelmente limpo, assim como as paredes.

Entro e fecho a porta atrás de mim.

Me sinto muito suja aqui. Dou dois passos e percebo que estou criando pegadas pretas do meu sapato sujo. Ultrapasso o pequeno corredor, ignorando uma porta que tinha no meio dele.

Então vejo um quarto limpo, com uma cama de casal extremamente arrumada, uma pequena estante de livros e uma escrivaninha com um computador que não deve estar funcionando.

Uma pontada atinge meu coração por estar sujando o chão. Não tenho coragem de sentar na cama. Eu vou acabar sujando ela.

Ando para a estante de livros, tomando o maior cuidado para não sujar nada além do chão. Eu começo a ver os livros que a estante guarda. A maioria parece ser velho. Estão todos cheios de poeira. Um nome me chama a atenção.

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