Capítulo Vinte e Nove

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É claro que as coisas tinham que piorar. Estava muito fácil. Richard me guia por um corredor (James ficou com os outros). Ele disse que ia me mostrar uma coisa. Nós entramos em um corredor em que tem algumas lampadas acesas no teto, mas piscam o tempo todo.

— Cada andar nesse prédio tem um gerador de energia — explica ele. — Os geradores dos três primeiros andares estão quebrados. Mas o gerador desse andar funciona bem. — Todas as luzes piscam de uma vez. — É, mais ou menos bem né...

Ele vira mais um corredor e me guia até uma porta que tem as palavras "Acesso Restrito" com a tinta quase sumindo da porta. Assim que ele abre, me dá passagem para entrar e então entra. Estamos em uma sala bem pequena com vários monitores nas paredes. Cabe apenas três pessoas aqui — principalmente por causa da cadeira que fica na frente dos monitores.

Richard se senta na cadeira e puxa um teclado que fica debaixo dos monitores. Ele digita alguma coisa e todos os monitores mudam para outra imagem.

— Aqui são as câmeras dos andares de cima — diz ele. Então ele aponta para um monitor e continua. — Ali, é aquele lugar.

Olho para o monitor que ele está apontando. Vejo uma sala com uns dois ou três zumbis. Tem várias caixas no lugar. Talvez seja onde fica o estoque de remédios. É para lá que tenho que ir. Em alguma dessas caixas está a salvação para Demi.

Mas eu não vejo dificuldade. São poucos zumbis.

— E qual o problema de ir lá? — pergunto.

Ele aponta seu dedo para várias câmeras.

— Esse é o caminho para chegar lá — ele fala.

Então, vejo as câmeras. Em cada uma tem uns cinco, seis ou sete zumbis. E são muitas câmeras. Então são muitos zumbis.

— E a escada... — ele diz e aponta para outro monitor.

Vários zumbis estão parados ou zonzando pelas escadas do último andar. A porta para o sexto andar está caída no chão. Eles causaram bastante confusão...

— Sem falar neles — Richard diz e aponta com a cabeça para outra câmera.

Na câmera, vejo um animal de carne viva. Então percebo que é igual aquele monstro que eu, Harry, Adam e os outros enfrentamos quando saímos do condomínio. É um Gênese. Percebo que em alguns outros monitores mostram outros deles.

— Não dá para ir pela outra escada? — pergunto, apontando para o monitor que mostra a porta da outra escada sem nenhum zumbi por perto.

— É impossível, já tentamos — ele digita outra coisa e as imagens no monitor trocam. Vejo a câmera que mostra onde deveriam estar as escadas. Mas não tem escadas.

— A escada B, logo no nosso andar, está destruída. Não tem como subir e nem descer por aqui.

Com certeza isso deixa a gente sem saída. Vamos ter que bolar um jeito de entrar por lá pelas escadas...

Algo em um monitor atraí minha atenção. Atrás de alguns zumbis, vejo uma porta dupla de metal. O elevador. O elevador está quebrado. Mas talvez a corda ainda esteja lá e nós podemos escalá-la. Mas antes vamos precisar tirar aqueles zumbis da frente do elevador.

— Richard... — digo. — Acha que se alguém fizer barulho o suficiente para atrair os zumbis da frente do elevador, nós conseguiremos subir pela corda?

Ele se vira e olha para mim com uma cara confusa. Primeiro, acho que ele não entendeu e quando vou repetir de uma forma mais fácil de entender, ele diz:

— Está querendo que alguém atraia os zumbis para você e mais alguém subir pela corda do elevador? — ele diz. — Até que não é uma ideia ruim... Mas precisamos de alguém vigiando as câmeras e que consiga se comunicar com a gente.

Nós não temos nada para se comunicar. Mas ele está certo... Precisamos de algo para se comunicar...

Olho para as câmeras, que ainda estão no nosso andar. Procuro qualquer coisa que sirva para se comunicar. É difícil encontrar isso. Talvez nem tenha. Eu nem sei direito o que estou procurando. De repente, vejo um homem com o uniforme de policial morto no chão. Ele deve ter um walkie talkie. E provavelmente deve ter outro policial aqui. Os policiais sempre andam juntos, então é bem provável que tenha.

Vou olhando para as câmeras. Uma por uma. Analisando cada detalhe. Então, vejo uma mulher com o uniforme de policial debaixo de um banco. Pelo jeito que ela está no chão, parece que foi jogada por uma explosão ou por algum monstro bem forte. Mas pela parede destruída ao seu lado, concluo que foi uma explosão. Será que seu walkie talkie ainda pega?

— Ali — digo apontando para o monitor em que está o policial morto. — Ele deve ter um walk talk, e ela também. — Aponto para o monitor da mulher.

— Tem razão — diz Richard.

Ele se levanta. Então caminha até a porta e a abre dá espaço para eu passar, mas eu recuso.

— Vamos contar para os outros o nosso plano — diz ele. — O que foi?

— Tenho que fazer uma coisa, vai na frente — digo.

Ele parece confuso.

— Tem certeza? — pergunta, entes de sair.

— Tenho — respondo.

Ele acena com a cabeça e sai. Sento-me na cadeira que ele estava sentado. Olho para o teclado. Está cheio de coisas, do tipo "P1", "P2", "G1", "G2"...

Então finalmente entendo. P deve ser de piso, então é andares. E G, deve ser as garagens. Tem outras letras também, mas não sei o que é. Aperto a tecla do segundo andar.

Me surpreendo. Mesmo com alguns monitores não transmitindo nada além de chuviscos, as câmeras funcionam. Sem energia. Então percebo que essas câmeras tem bateria por causa do ícone de bateria.  Já está acabando.

Vejo algumas pessoas lutando contra os zumbis. Sinistros. Vou olhando os monitores. Vejo um grupo de três Sinistros correndo em um corredor. Dylan e Ari estão entre eles. Em outro monitor, encontro Justin e Harry atirando com fuzis em vários zumbis em um corredor. Despreocupo-me um pouco. Até sinto um pouco da minha tensão indo embora.

Eles estão bem. Todos estão bem.

Então percebo uma coisa. Onde está Clarissa?

Olho para todos os monitores que estão pegando. Nenhum deles mostra Clarissa. Aperto a tecla para o primeiro andar. Procuro em vários monitores a garota. Olho para um monitor que mostra um corredor. Bem na hora, vejo uma pessoa passando por ele. É ela.

Vejo-a entrar dentro de uma sala. Procuro nos monitores a sala que ela entrou. Então a vejo ir até um armário. Ela abre a porta do armário. Dentro do armário, tem vários frascos com um remédio roxo. Ela joga os frascos que não estão quebrados ou caídos no chão e pega um lá no fundo. Então vejo que o frasco que ela pegou tem um líquido diferente. É vermelho.

O que é isso? Como ela sabia onde isso estava?

Não parece ser nenhum tipo de remédio que eu já tenha visto. Nem parece ser um remédio. Ela fecha a porta do armário. De repente a câmera desliga.

Acabou a bateria.

SinistraWhere stories live. Discover now