Capítulo Cinquenta e Quatro

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Chego no meu apartamento com lágrimas nos olhos e tremendo descontroladamente.

Corro para o meu quarto. Vejo que Harry, Demi e Bia ainda estão aqui. Agora Andy também está. Ela pula da cama para vir me cheirar.

— O que aconteceu? — pergunta Demi.

Não respondo. Pulo para o banheiro e tranco a porta. Não sei o que isso irá adiantar, mas eu atravesso o boxe e encosto minhas costas na parede. Quero desistir de tudo.

Meu coração está despedaçado. Como Louis conseguiu fazer isso comigo?

Berro alto. A parede atrás de mim treme fortemente, como se algo tivesse a acertado. Então de novo. E de novo.

A parede explode e seus destroços voam para todas as partes, fazendo a poeira levantar. Eu não me mexo. Não consigo ver mais nada além da fumaça.

Tusso e me levanto. Olho para trás e vejo a parede lá. Como se não tivesse acontecido nada. Volto olhar para frente e vejo as portas do boxe fechadas.

Não tem nenhum destroço no chão e não ouço ninguém me chamar de fora do banheiro.

Tento abrir a porta do boxe. Ela não se mexe. Utilizo o máximo de força e elas se afastam. Pulo para fora, mas outras portas como aquela aparecem e percebo que ainda estou no boxe. É como se eu não tivesse me movido.

Olho para trás e vejo que as portas que eu ultrapassei não estão mais lá. Agora é parede.

Eu voltei. Para o mundo dentro da minha cabeça.

Tenho que utilizar a mesma força para abrir as outras portas. Elas se afastam e eu pulo novamente. E de novo no boxe. Estou presa.

Deixo mais lágrimas escaparem. É só mais uma alucinação louca que você tem, Claire!

Viro-me e bato minha mão contra a parede, com força. A parede se destrói, formando um buraco. Os destroços voam para longe do prédio. O buraco vai se expandindo até levar a parede toda e o vento me atinge.

Vejo o condomínio. Os prédios.

— Claire?

Ouço. Então me viro. Sou eu. A outra eu. De olhos vermelhos.

Corro até o vidro do boxe e bato minhas mãos nele. Minha raiva e tristeza se juntam e formam uma emoção que nunca foi nomeada.

— QUEM É VOCÊ? — pergunto.

Ela ri.

— Eu sou você — ela fala.

Coloco mais força contra o vidro.

— NÃO! — grito. — VOCÊ NÃO É!

A coisa que se diz ser eu, se aproxima e encosta as mãos onde as minhas estão. Estaríamos de mãos dadas se não tivesse um vidro entre nós. Seus olhos vermelhos olham para os meus.

— Posso não ser — ela fala. — Mas um dia eu serei. E irei fazer bem melhor que você. Comigo no comando, ninguém mais irá morrer. Não vou matá-los. Como você faz.

Grito alto. Utilizo toda a minha força contra o vidro do boxe. Ele se estilhaça e eu avanço na direção da outra eu. Mas quando tento agarra-la, ela some.

Meu corpo continua a corrida e destrói a parede um pouco mais à frente. Os destroços voam por todos os lados.

Então, eu vejo que estou no corredor do meu apartamento. Viro-me para o final dele e vejo. Harry. Ele está com os olhos vermelhos. Anda lentamente em minha direção.

SinistraWhere stories live. Discover now