Chego no meu apartamento com lágrimas nos olhos e tremendo descontroladamente.
Corro para o meu quarto. Vejo que Harry, Demi e Bia ainda estão aqui. Agora Andy também está. Ela pula da cama para vir me cheirar.
— O que aconteceu? — pergunta Demi.
Não respondo. Pulo para o banheiro e tranco a porta. Não sei o que isso irá adiantar, mas eu atravesso o boxe e encosto minhas costas na parede. Quero desistir de tudo.
Meu coração está despedaçado. Como Louis conseguiu fazer isso comigo?
Berro alto. A parede atrás de mim treme fortemente, como se algo tivesse a acertado. Então de novo. E de novo.
A parede explode e seus destroços voam para todas as partes, fazendo a poeira levantar. Eu não me mexo. Não consigo ver mais nada além da fumaça.
Tusso e me levanto. Olho para trás e vejo a parede lá. Como se não tivesse acontecido nada. Volto olhar para frente e vejo as portas do boxe fechadas.
Não tem nenhum destroço no chão e não ouço ninguém me chamar de fora do banheiro.
Tento abrir a porta do boxe. Ela não se mexe. Utilizo o máximo de força e elas se afastam. Pulo para fora, mas outras portas como aquela aparecem e percebo que ainda estou no boxe. É como se eu não tivesse me movido.
Olho para trás e vejo que as portas que eu ultrapassei não estão mais lá. Agora é parede.
Eu voltei. Para o mundo dentro da minha cabeça.
Tenho que utilizar a mesma força para abrir as outras portas. Elas se afastam e eu pulo novamente. E de novo no boxe. Estou presa.
Deixo mais lágrimas escaparem. É só mais uma alucinação louca que você tem, Claire!
Viro-me e bato minha mão contra a parede, com força. A parede se destrói, formando um buraco. Os destroços voam para longe do prédio. O buraco vai se expandindo até levar a parede toda e o vento me atinge.
Vejo o condomínio. Os prédios.
— Claire?
Ouço. Então me viro. Sou eu. A outra eu. De olhos vermelhos.
Corro até o vidro do boxe e bato minhas mãos nele. Minha raiva e tristeza se juntam e formam uma emoção que nunca foi nomeada.
— QUEM É VOCÊ? — pergunto.
Ela ri.
— Eu sou você — ela fala.
Coloco mais força contra o vidro.
— NÃO! — grito. — VOCÊ NÃO É!
A coisa que se diz ser eu, se aproxima e encosta as mãos onde as minhas estão. Estaríamos de mãos dadas se não tivesse um vidro entre nós. Seus olhos vermelhos olham para os meus.
— Posso não ser — ela fala. — Mas um dia eu serei. E irei fazer bem melhor que você. Comigo no comando, ninguém mais irá morrer. Não vou matá-los. Como você faz.
Grito alto. Utilizo toda a minha força contra o vidro do boxe. Ele se estilhaça e eu avanço na direção da outra eu. Mas quando tento agarra-la, ela some.
Meu corpo continua a corrida e destrói a parede um pouco mais à frente. Os destroços voam por todos os lados.
Então, eu vejo que estou no corredor do meu apartamento. Viro-me para o final dele e vejo. Harry. Ele está com os olhos vermelhos. Anda lentamente em minha direção.
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Sinistra
ActionEm um futuro distante, um vírus consegue exterminar a América do Sul, transformando os infectados em mortos-vivos. Dois anos se passaram e agora os mortos-vivos tomam conta da cidade. Um enorme grupo de sobreviventes conseguiu criar uma sociedade e...