Capítulo Dezoito

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Ainda estamos andando pelas ruas de São Paulo. Destruídas, sujas e horríveis, até mesmo para andar é difícil. Não encontramos mais zumbis e já estamos quase chegando no condomínio.

Ariana já caiu duas vezes por causa dos buracos das ruas. Embora eu tenha tropeçado várias vezes, ainda não cheguei ao ponto de cair. Meus pés estão doendo muito. Não aguento mais ficar de pé. Quando chegarmos no condomínio, vou direto para o meu apartamento tomar banho e dormir.

— Esperem... — sussurra Ariana, parando todo mundo. — Ouviram isso?

Ah, droga...

Começo a prestar atenção nos barulhos. Então, ouço algo. Parece vir da próxima rua. São... passos e... vozes?

— Estou ouvindo... — digo.

O barulho vai se afastando. Então, descubro que estava certa. Passos e vozes. Vou até a esquina da rua e espio. Vejo quatro pessoas. Elas estão de costas, andando para o lado oposto, bem do lado de um posto de gasolina. Estão bem armados e com roupa especial. Todos tem uma mascara, uma diferente da outra. Reconheço uma mulher entre eles por causa do cabelo solto e exposto para fora da mascara.

— ... vamos voltar para o Centro logo — consigo ouvir a mulher dizer.

O Centro? Já vi isso em algum lugar...

"... vá para o Centro o mais rápido o possível."

Estava na carta! Na carta que eu e Louis encontramos há bastante tempo!

Lembrar da carta me faz lembrar que ainda não li o diário que encontrei naquela casa onde pegamos o pen-drive. Aquele diário pode conter mais informações sobre tudo isso. Preciso lê-lo.

— Calma, assim que encontrarmos o nosso objetivo, nós vamos direto para lá — diz um dos homens.

O que será o "Centro"? Qual o objetivo deles?

Isso tudo me deixa confusa. Mas eu sei de uma coisa... Eles não são sobreviventes. Estão trabalhando para alguma coisa. Talvez, para a LPB. Se eu estiver certa, não posso confiar nessas pessoas.

— São pessoas? — pergunta Ariana baixinho.

— Sim, mas não podemos confiar nelas — digo. — Explico tudo depois, mas temos que deixar eles se afastarem para continuarmos.

— O quê? — pergunta Justin. — Quem são eles?

— Pessoas perigosas — digo. — Eu explico depois.

Vou ter que contar a verdade a todos depois. Mas agora estamos sem tempo para isso.

— Ouviu isso? — pergunta um dos homens na outra rua.

— Ouvi — diz a mulher.

Dou outra pequena espiada na rua e vejo eles se virando na nossa direção. Meu coração acelera. Eles não nos veem, pois estamos atrás de um bar de esquina. Paro de espiar rapidamente quando vejo que um deles ergue a arma.

— Veio da outra rua — diz um dos homens.

— Talvez seja um zumbi — diz outro homem. — Vamos logo.

— Não. São vozes. — Diz a mulher.

— Acha que são eles?

Sem resposta. Pelo menos eu acho. Ela deve ter balançado a cabeça ou sei lá... Faço um sinal para todos ficarem quietos. Meu coração está batendo forte. Nunca lutei contra algo que usa armas.

— SAIAM DAÍ! — grita um homem. — VAMOS AÍ DE QUALQUER JEITO!

Meu coração bate tão forte que por um momento fico com medo deles ouvirem. Seguro meu fuzil com força. Passos se aproximam. Passos de só uma pessoa.

SinistraDonde viven las historias. Descúbrelo ahora