Capítulo Dez

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— O que aconteceu aqui? — pergunta Louis.

Ele acabou de entrar no prédio e Harry ainda segura meu braço. Puxo meu braço para me soltar de sua mão.

— A culpa foi minha... — diz Harry.

Por mais que eu esteja com raiva dele e que tenha sido culpa dele mesmo, eu digo:

— Não. A culpa foi minha — Harry me encara com um olhar surpreso. — É legal você querer assumir a minha culpa Harry, mas eu tenho que dizer a verdade. Eu tropecei e derrubei o pen-drive. Então Harry pisou sem querer... A culpa não foi dele.

Harry continua me olhando com a mesma cara. Sei que se contar que Harry foi o culpado, ele pode gritar com ele, já que mal o conhece. Mas, como uma de suas Sinistras, penso que pegará menos pesado comigo. E eu aceito a bronca.

— Você sabe o que tinha nesse pen-drive, Claire — Louis parece furioso. — Ele era muito importante e eu o deixei em sua responsabilidade!

— Eu sei... — digo. — Desculpe-me...

— Saia — ele diz friamente. — Volte para o seu prédio!

Eu obedeço. Corro para fora do prédio. Eu estou com uma raiva imensa de Harry. Sinto vontade de voltar para socar a cara dele. Mas isso não vai ser necessário. Pois ele está correndo atrás de mim.

Sinto lágrimas começarem a encher meus olhos quando chego no meu prédio. Não são lágrimas de tristeza pela bronca de Louis, mas sim de raiva pela idiotice de Harry.

Corro para as escada, ignorando a dor dos pés que a correria na rua me causou. Harry continua atrás de mim, mesmo quando eu grito para ele me deixar em paz. Quando vou mandar ele ir se ferrar, minha voz falha e deixa claro que estou chorando. Então, resolvo não dizer mais nada para ele não saber que estou chorando.

Assim que chego no andar que moro, corro mais rápido para o meu apartamento. Enxugo as lágrimas sem ele ver e tiro a chave do bolso. Vejo Harry se aproximar e eu abro a porta rapidamente, me forçando para não derramar mais lágrimas.

Entro no apartamento e quando vou fechar a porta, um pé me impede. Harry empurra a porta do meu apartamento e logo depois a fecha. Demi não deve estar aqui, senão já teria vindo para a sala.

— O que você quer? — pergunto.

— Saber por que me protegeu — ele parece estar ficando bravo.

— Não queria que eu te protegesse? — pergunto. — Normalmente as pessoas agradecem quando outras fazem isso!

— O que tinha naquele pen-drive de tão importante? — pergunta ele, quase gritando.

— Já disse que não posso falar! — grito.

Vou até o corredor. Não quero mais vê-lo. Não quero mais ouvi-lo. Minha raiva está se descontrolando.

Tento ir para o meu quarto, mas ele segura a minha mão. Sinto uma eletricidade em meu corpo com seu toque. Me forço a me virar para ele.

— Me desculpe — ele fala. — Não sabia que era algo tão importante assim. Eu não queria ter te magoado.

Eu o encaro. Não consigo fazer nada. Minha raiva não para. Não sei o motivo, mas seu toque me acalma. Mas eu não quero ficar calma. Quero continuar brava. Não sei o motivo disso também.

— Vai precisar de mais para me convencer — falo e tento me soltar.

Mas ele não desiste. Continua me segurando e seu toque me dá vários choques diferentes.

— E se eu te der isso — ele fala e eu volto a olhar para o seu rosto.

Mas em poucos segundos, vejo seus olhos se aproximarem e nossas bocas se encostam. Meu coração dispara. Se o toque de sua mão já me dava choques, imagina o toque de seus lábios.

Eu me afasto rapidamente para dar um tapa na sua cara. Mas não faço isso, pois não estou mais sentindo raiva. E nem sinto à vontade de sentir raiva. O que estava me causando a raiva se foi. E agora, tudo que eu quero é outro beijo.

E é isso que eu faço. Eu o beijo.

O beijo dura. Pelo menos para mim dura. Isso foi surpreendente. Eu não tinha ideia que iria acontecer isso. Ele beija bem.

Ele vem mais forte. Ele me coloca contra a porta do quarto e seus lábios pressionam o meu. Meu coração saltita. O gosto salgado da sua boca me faz sentir no céu. Não existe espaço entre nossos corpos.

Será mesmo que eu estava apaixonada por ele?

Bom, a sensação desse beijo já explica tudo. Fogos de artifícios explodem em minha mente.. Sinto flores nascendo em minha barriga.

Nada poderia me deixar triste agora. Não me lembro nem por que estava com raiva dele.

Então, finalmente sua boca se afasta da minha. Mas eu quero mais. Quero. Eu posso.

Dessa vez, eu avanço e o beijo, segurando seu pescoço. Sinto seus pelos se arrepiarem. Eu nunca pensei que meu primeiro beijo seria assim. Eu tinha acabado de brigar com ele. Mas agora eu estou o beijando.

Então a porta se abre. Eu o empurro para a longe de mim. Ouço passos e então Demi aparece no corredor.

— Ué — diz ela. — O que estão fazendo? Interrompi algo?

Sim.

— O quê? — falo. — Não! Claro que não! O Harry já estava de saída.

Sinto minhas bochechas corarem. Ainda bem que o corredor é escuro e não dá para ver minhas bochechas vermelhas. Eu acho.

Dou um tampinha em seu braço e indico a saída com a cabeça. Ainda

— Uhum, sei — ela sorri maliciosamente. — Vocês dois estavam se pegando, não é?

— Está ficando maluca. Já viu a cachorra que encontramos? — troco de assunto rapidamente. Ela abre a boca para falar algo, mas eu não a deixo terminar. — Vamos ver se Zayn nos deixa ficar com ela?

Corro em sua direção e a puxo pela mão para fora do apartamento, ignorando que Harry está lá e pode vasculhar nossas coisas.

Meu coração ainda bate forte por aquele beijo. Eu ainda estou apertando o replay na minha mente. Enquanto Demi fala comigo — e eu não entendo nada —, só consigo lembrar do gosto de seus lábios.

É, eu estou mesmo apaixonada.

SinistraWhere stories live. Discover now