Capítulo Cinquenta e Um

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Colocamos as coisas no carro — que graças a Deus não foi roubado por nenhuma das meninas desesperadas. Pegamos remédios, trigo, cenouras e mais alguns legumes. Eu não soltei a mulher de Jonas por um segundo. Minha arma ainda está apontada para sua cabeça, embora já estejamos no meio da rua.

— Solte-a, por favor, já lhe dei os suprimentos e deixei vocês fugirem. — Fala Jonas.

— Só quando os guardas atrás de você largarem as armas — falo.

Os guardas largam suas armas na hora, sem ao menos perguntar a Jonas.

Empurro Karmen e corro para o carro, onde os outros já estão. Entro rapidamente e fecho a porta. O carro anda em disparada. Ouço alguns disparos atrás de nós, mas os tiros pegam no porta-malas.

Continuamos o caminho para o condomínio. Pelo menos não podemos dizer que voltamos de mãos vazias. Eles tinham remédios melhores que o Celfato ou qualquer outro que eu já ouvi falar. Foi por isso que curaram Niall e Mandy tão rapidamente. São remédios muito avançados.

Além de terem bastante legumes e outras coisas plantáveis. Eles tinham praticamente uma floresta no teto e eu nem tinha reparado quando estávamos na rua abaixo.

Bom, agora só resta esperar até chegarmos ao condomínio.

***

O carro para em uma vaga vazia no estacionamento.

— Você realmente foi uma heroína — diz Mandy, sorrindo. — Sério, você salvou aquelas mulheres...

Eu contei tudo o que aconteceu enquanto voltávamos.

— É, mas... — digo. — Se eu não tivesse tido aquela ideia maluca de jogar a bomba para cima, Rodrigues estaria vivo e vocês não precisariam de cuidados médicos. E também... para onde aquelas mulheres irão agora? Quer dizer, a salvamos... mas elas estão nas ruas infestadas de zumbis...

— Pare de se preocupar com isso! — diz Niall. — Minha perna já está bem melhor por causa daquele remédio e os cortes de Mandy também. Meu dedo está bem, só não está inteiro, mas posso sobreviver com isso.

Sorrio para ele. Tiro meu cinto e abro a porta do carro. Saio e a fecho, junto com os outros.

Na hora em que viro para o lado, um Maléfico me assusta. Me olha atentamente.

— Claire Roberts — ele fala.

— Sim? — pergunto.

Meu coração volta ao estado acelerado.

— Acompanhe-me.

Olho para Niall e Mandy, que parecem tão apavorados como eu. Engulo o seco.

O Maléfico anda em direção às escadas e nem olha para trás para ver se eu estou o acompanhando. Droga... O que será agora?

Começo a seguir o Maléfico.

Ele me leva ao centro do condomínio e me acompanha em direção ao prédio que ninguém, além dos Maléficos, nunca entrou.

É o prédio dos Maléficos. Onde fica o Chefe do condomínio todo. O qual ninguém nunca viu.

Meu coração se acelera mais. As pessoas em volta olham para mim como se eu fosse algo sobrenatural.

Ah, é... Eu sou...

Mas eles não sabem. Me olham pois estou indo para o prédio que ninguém nunca entrou. Isso é muito sinistro.

O Maléfico abre a porta dupla de vidro para mim e me pede para passar. Obedeço e o vejo fechar a porta.

Aqui, é como qualquer outro prédio. O refeitório. Onde só os Maléficos comem.

Nós andamos até as escadas e subimos até um dos últimos andares. Não me canso tanto subindo escadas. Já estou muito acostumada a subir e descer todo o dia.

Passamos por um corredor e vejo uma porta com dois Maléficos na frente. Eles dão passagem e o que estava comigo abre a porta. Eu entro numa sala igual à minha. Todos os prédios são exatamente iguais. Mas esse parece ser mais arrumado... Mais limpo...

Com certeza eles mesmos que devem limpar tudo isso. Nos outros prédios, as pessoas acima de 50 anos limpam o refeitório, os corredores e as escadas. Os nossos apartamentos somos nós mesmos que limpamos. E eu acho isso bom, pois eles não limpam muito bem...

O Maléfico me leva até a porta de onde deveria ficar o quarto. Ele bate na porta e ela é aberta no mesmo instante.

Um Maléfico aparece do outro lado. Ele é alto e eu não consigo ver o que está atrás dele. Então, o Maléfico sorri e dá passagem.

Eu entro e a porta atrás de mim se fecha. Não estou em um quarto. É o tamanho do meu quarto. Mas tem uma mesa, onde há uma cadeira atrás dela é uma janela na parede atrás da cadeira.

A cadeira se vira e um um homem de cabelos claros e olhos azuis me encara. Ele é bonito e bem forte.

— Olá, Claire.

Ergo as sobrancelhas.

— Então é você...

— Sim, sou eu. — Ele sorri. — Eu sou o Chefe.

Meu coração dispara. A necessidade desse cara é inútil. Ele não faz nada. Nunca nem mostrou seu rosto para ninguém.

Além disso, sei que trabalha para a LPB. Se Zayn trabalha, é óbvio que ele também trabalha.

— Mandou me chamar? — pergunto.

Ele afirma com a cabeça.

— Você sabia que estava proibida de ir ao shopping hoje não é? — diz ele.

Engulo o seco. Então é por isso. Droga.

Afirmo com a cabeça.

— Então... Por que foi?

Ele se joga no encosto da cadeira e me observa fixamente. O sol que entra pela janela atrás dele, iluminando seu rosto incrivelmente branco.

— Eu precisava ir... — falo. — Era o primeiro dia de Niall...

— Existe uma palavra chamada "regras" senhorita Roberts. Já ouviu falar?

Irrito-me.

— Eu não atrapalhei em nada, além disso ajudei, Niall que estava com um ferimento muito grave! — digo.

Ele se inclina em sua cadeira e coloca as mãos em cima da mesa.

— Não atrapalhou em nada? — ele pergunta. — Tem certeza? Eu já estou sabendo que Rodrigues está morto. E ele estava com você.

Meu coração aperta. Minha barriga embrulha. Não consigo falar nada. Ele tem razão. Se eu não tivesse ido...

Droga, Claire!

— Contudo, não é esse o problema. O problema que estamos lidando aqui é que você não consegue se controlar. Já quebrou diversas regras do condomínio desde que virou Sinistra... — ele faz uma pausa tensa. — Essa será sua terceira infração — minha barriga de embrulha mais. — Sabe o que isso significa, não é?

Não. Ele não pode estar falando sério. Sinto vontade de atacá-lo. Mas me controlo. Ele não pode...

— Sairá daqui em três dias. — Sinto meu coração parar. A primeira coisa que penso é em Bia. Ela pediu para ficar... — Sua despedida será assistida por todo o condomínio, para que fique bem claro para as pessoas como você, não quebrarem mais as regras.

Me enfureço. Bato as mãos em sua mesa e ele se afasta. Vejo que a batida rachou a mesa.

— Você ficou aí sentado nessa cadeira durante dois anos! — falo. — Nunca fez nada. NUNCA! Não tem o direito de me tirar daqui. Você nem deveria estar aqui.

É quando o Maléfico alto, que eu até tinha esquecido de sua presença, se apressa em me tirar de lá.

— Aproveite seus últimos dias! — o Chefe fala quando sou agarrada pelo Maléfico é puxada para fora da sala.

SinistraWhere stories live. Discover now