Capítulo Quarenta e Nove

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Meus pés descalços alcançam a enorme pedra úmida da borda do mar. Ando até a borda da pedra e sinto o vento bater contra meu corpo, tentando arrancar milhas roupas e meu cabelo.

Pássaros voam no céu limpo e azul. A praia está vazia. Por que a praia está vazia em um dia tão lindo como esse?

A ventania que me atinge começa a ficar fria. Uma enorme sombra começa começa a parecer abaixo de mim. Eu olho para cima, bem a tempo de ver as nuvens pretas se aproximarem. Então, sinto mãos empurrando minhas costas.

Meu corpo cai para frente, em direção ao mar. Sinto dor quando minha barriga atinge a água. Embaixo das águas salgadas, abro meus olhos e os sinto arder. Vejo aquele rapaz que nos ajudou. Rodrigues. Ele vem do fundo do mar, fazendo várias bolhas ao seu redor. Junto a ele, Adam se aproxima. Os dois nadam em minha direção. Começo a me debater na esperança de ir para cima. Nado com força para cima. Eu não sei nadar direito, nunca fiz aula, minha mãe tentou me ensinar quando eu era pequena. Era difícil, pois nós tínhamos uma piscina pequenininha.

Eu tentava subir o mais rápido possível. Mas parecia que a profundidade da água vai ficando maior e eu vou ficando mais fundo. Quero fugir. Quero sair daqui.

Pare Bia! digo para minha irmã parar de me chutar.

Minha cabeça se embaralha em pensamentos. Essa lembrança. Por que lembrei disso? Era quando Bia ainda era uma criança e vivia me perturbando.

Feliz dia das mães! corro para abraçá-la.

O que está acontecendo? Sinto algo agarrar meu pé. Olho para baixo e vejo Adam me puxar. Ele me leva para o fundo do oceano. Rodrigues segura meu outro pé e então os dois se puxam para cima, me puxando para baixo. Os dois ficam da minha altura e me cercam. Não sei o que fazer.

Então, percebo. Não era para eles estarem aqui. Estão mortos.

Eu matei os dois.

Ela é muito especial. — Diz o homem. Ela é a certa para isso.

Não temos certeza. — Diz a mulher. E se não resistir? Além disso, é só um bebê, como sabe que ela é especial?

Ela não é só um bebê. — Fala o homem. — Sinto que ela será a portadora do que precisaremos. Além disso, a fórmula que fizemos para ela... é... de alguma forma... especial.

Como sabe disso?

— Porque eu vi. A fórmula contava com a Planta 23 e com algo... que o pai de Max criou. Algo forte.

Acha que é o certo testar com recém-nascidos? a mulher fala.

É o necessário. Isso vai crescer em seu corpo. Precisamos que cresça totalmente. Isso leva cerca de dezoito, dezenove ou vinte anos.

Como vamos saber que vai dar certo?

Basta esperar.

Meus olhos se abrem. O carro balança um pouco. Olho pela janela e vejo o céu já ficando amarelado. Deve ser umas três horas. Estou ficando com fome. Tento encontrar a resposta para o sonho que acabei de ter.

SinistraWhere stories live. Discover now