Capítulo Quarenta

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Os tiros ensurdecedores continuam repetidamente. Eu me arrasto no chão para trás de uma das caixas. Quando eu estou bem perto de uma, percebo que é de aço. Tem algo dentro dessas caixas que está protegido com muito cuidado. Estou sem nenhuma arma. Olho para o lado e vejo Harry se rastejando para trás de uma caixa também.

De repente, os tiros cessam. O que vamos fazer? Estamos cercados. Não tem como fugir. Ouço alguns alarmes de carro lá fora. Eles estão vindo. Não tem como escapar. Não tem como fugir. Eu preciso voltar. Prometi para Bia que iria voltar. Eu não vou morrer aqui.

Ouço a porta ser aberta com, provavelmente, um chute. Então, passos pesados entram correndo e se espalham pelo local. Tento espiar e vejo algumas pessoas com roupas especiais. Um colete forte e uma máscara de gás. Não sei o motivo da máscara, talvez ela proteja de tiros. Estão totalmente de preto. Se entrassem em uma das sombras desse lugar, iriam desaparecer. Tem um simbolo estampado no ombro de todos. Deve ser da LPB.

Paro de espiar e volto a me esconder. Tenho medo de que algum deles ouça os meus batimentos, pois estão muito acelerados e parecem estar altos. Não consigo controlar minha respiração e isso pode causar minha morte. Só espero que Harry esteja bem escondido.

— Tem duas pistolas com silenciadores aqui na entrada! — ouço alguém gritar lá da porta.

São nossas armas! Eles vão pegá-las e aí sim ficamos desarmados. Um pouco mais à frente, consigo ver o corpo daquele homem. Talvez eu consiga pegar a arma dele. Só preciso tomar cuidado.

— Continuem vasculhando — diz um dos soldados. — Precisamos ter certeza de que ele está morto.

Agachada, avanço até uma caixa que está um pouco mais à frente. Acho que ninguém percebeu. Onde estou, tem muitas caixas. Se eu me manter agachada, eles não me verão. O corpo do homem está bem perto. Ouço alguns passos se aproximando e espio um pouco. Tem uns dois soldados vindo. Eles conversam distraidamente. Aproveito e avanço mais uma caixa. Pego a escopeta ao lado de seu corpo e avanço outra caixa.

Meu coração está à mil. Tento controlar minha espiração. Dou uma espiada e vejo os soldados chegando. Eles já devem ter visto o corpo, pois estão mais rápidos.

— Ei — diz um deles. — Achamos o corpo dele! Parece que levou um tiro certeiro na cabeça.

— Verifiquem a pulsação, pode ser um truque! — diz um soldado lá no fundo,

Estou tão perto dos dois soldados, que consigo ouvir eles falando baixinho de um assunto nada interessante. Paro de respirar por algum tempo. Não posso arriscar que eles ouçam minha respiração acelerada.

Ouço o som do cinto de um dos soldados mexendo e o imagino se agachando. Meus pulmões estão começando a clamar por ar. Tento segurar mais um pouco.

— Está morto! — diz o guarda agachado.

Estou começando a ficar roxa.

— Ótimo, então vamos! — diz outro soldado.

Não consigo mais segurar. Então volto a respirar. Até que consigo não fazer muito barulho. Mas cometo um erro ao me relaxar completamente e deixar a escopeta bater de leve contra a caixa que estou escondida. Um tinido baixo é produzido. O barulhinho é bem baixo, mas alto o suficiente para um deles ouvir.

— O que foi isso? — pergunta um soldado.

Meu coração bate mais forte, suor começa a aparecer na minha testa e escorre pelo meu rosto. Ouço alguns passos lentos se aproximando. Ele está bem perto. Vai me ver. Droga. O que eu vou fazer? De repente, ouço um barulho alto e esquisito. O soldado que estava vindo se vira rapidamente e eu espio. Vejo um soldado carregar uma figura pelos cabelos.

SinistraWhere stories live. Discover now