"Arabella?" ouço uma batida na porta e o som ecoa em meu quarto causando um estrondo em minha cabeça.

"Vá embora." eu falo baixo e me encolho, eu fecho os olhos mais forte e mais um avalanche de memórias me atacam.

"Nunca fui de obedecer regras." a porta é aberta deixando uma fresta de luz iluminar o quarto, eu vejo Zayn parado na porta, ele tem os braços cruzados de uma forma autoritária, o seu rosto não demonstra nem um pingo de emoção, assim como a sua voz naturalmente grave e monótona.

Eu continuo em silêncio e me cubro mais, eu estou com vergonha do meu quarto e com medo desse grande segredo que Zayn descobriu, e ele está agindo de forma normal, como se isso não importasse, como se fosse algo normal.

"Você está bem?" ele começa a andar e fecha a porta atrás dele deixando o quarto totalmente escuro novamente.

"Vá. Me deixe sozinha." eu falo de forma zangada e cubro a minha cabeça.

"Não se feche." ele pede e eu solto um suspiro irônico, me sento na cama de forma brusca e acendo a luz da cabeceira, ele está parado ao lado da minha cama me observando como se eu fosse algo totalmente frágil e quebrável com facilidade, mas de certa forma, isso é verdade.

"Irônico vindo isso de você, que te conheço a tão pouco tempo mas já anotei que você construiu uma muralha para te proteger das dores, mas não imaginou que ela poderia te afastar das pessoas que gostam de você." eu travo o meu maxilar e respiro fundo.

Os seus olhos escurecem vários tons e sinto a tensão aumentar, os seus punhos se apertam e posso ver uma veia pulsar em sua testa, ele está sentindo ódio, ele está bravo comigo, e isso pela primeira vez na vida não me incomoda.

"Já que você me conhece tão pouco" ele começa, a sua voz range, posso sentir o veneno de suas palavras, posso ouvir quase um leão rugir dentro do seu estômago. "Não fale sobre mim, não olhe para mim, se mantenha bem longe de mim, porque é isso, eu realmente não me importo com nada, e não é uma garotinha inocente que vai mudar isso." ele aponta um dedo em minha cabeça e se vira de costas, ouço as suas botas pisarem com mais força no chão e ele se arrasta para fora do meu quarto batendo a porta com força, deixo um grito sufocante sair da minha boca com a dor do estrondo e continuo sentada, encarando a porta e vendo o resto da minha alma deixar o meu quarto e correr de mim.

Me levanto da cama com raiva e sinto os meus olhos arderem, eu quero chorar, eu quero sumir, eu quero gritar, eu quero dormir, eu quero nunca mais chorar, eu quero morrer, eu quero estar bem uma única vez. Entro dentro do banheiro e começo a despir minha roupa, tiro a toalha da frente do espelho e encara o meu corpo magro e coberto de marcas, as grandes olheiras debaixo dos olhos.

O azul dos olhos não estão brilhosos, estão pálidos como a minha cor, o cabelo loiro não parece ter vida, eu não pareço está viva, nas últimas horas já me tiraram a sanidade mais vezes do que eu pude imaginar, cada um de um jeito, seja por agressão física ou verbal, todos me tiraram a parte racional da minha mente.

Saio da frente do espelho e sinto desgosto de mim mesma, quando olho para as minhas pernas, braços, quando olho para mim mesma sinto repulsa, então abro a tampa do vaso com rapidez e coloco o resto de dignidade que eu tenho para fora, vomito o que eu não tenho que vomitar e me sinto mais fraca, porém mais leve.

Tiro as roupas íntimas e entro dentro do chuveiro, passo água pela a minha boca e continuo sentindo o gosto azedo, pego na basta de dente e escova, começo a lavar a minha boca, esfrego com força os meus dentes e deixo a água bem quente, assim que termino de limpar os meus dentes e deixar a minha boca bem limpa, pego na esponja e começo a esfregar o meu corpo com força, posso ver os vermelhõs que ficam na minha pele, assim que começo a esfregar as minhas pernas com força gemo de dor, eu tento me livrar do toque das mãos do homem que me agrediu, eu tento me livrar dos meus pensamentos, começo a esfregar com mais força e a água quente começa a queimar a minha pele, eu posso estar a parecer uma masoquista, mas eu preciso me livrar desse inferno interior que eu estou criando.

arabella [zm]Where stories live. Discover now