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CAPÍTULO SEM REVISÃO.

Murat

— Como ela está, Doutor? — pergunto mesmo sabendo que é quase impossível salvá-la. O pânico de me perder na minha escuridão, de ser absorvido completamente por ela não me permite respirar direito.

— Eu sinto muito, Senhor Arslan!

... Eu sinto muito, Senhor Arslan!

... Eu sinto muito, Senhor Arslan!

Essas palavras acabaram de vez com a minha vida e o meu coração parou de bater completamente.

— Nós fizemos tudo que foi possível! — Ele disse tirando de mim toda a minha expectativa de felicidade e pregou no meu coração uma adaga com o nome dela. Diante de tal afirmação simplesmente perdi as minhas forças e tudo dentro de mim secou.

Respiro fundo algumas vezes. Estou preso dentro desse maldito Déjà vu e não sei como sair dele. É como um labirinto sem fim e sem saída, e quanto mais vago dentro dele, mais me encontro perdido. O fato de não ter notícias suas me leva ao desespero e uma ânsia sobe a minha bílis, deixando a minha boca com o gosto amargo do fel.

— Ah, graças a Deus! — Desperto quando escuto a voz nervosa de Eda Yilmaz e imediatamente me faz fitar o médico que adentra a sala de espera, mas a verdade, é que agora eu não quero ouvi-lo e isso contradiz a minha agonia por falta de respostas de minutos atrás. — Como ela está, Doutor? — Ela pergunta o que eu não tenho coragem de sibilar.

— Graças a Deus está tudo bem com a Sila e com o bebê!

Sinto o frio correr para longe do meu corpo e o meu coração quase morto volta a bater em vida. E finalmente choro.

Allah! Allah! Obrigado! Obrigado, Allah! — rogo na minha fraqueza, ajoelhando-me com comoção bem no meio da sala, erguendo as minhas mãos para lhe agradecer tamanha proteção.

— E, nós podemos ir vê-la agora? — Marli, inquire e esperançoso fito o semblante aliviado do médico.

— A Sila está dormindo agora, mas eu posso deixar apenas uma pessoa entrar no quarto, desde que não a perturbe. Ela realmente precisa descansar.

— Murat querido, vai ver a sua esposa. — Eda pede docemente e no ato, engulo o meu choro, renovando as minhas forças só de pensar que irei vê-la.

Tanrı onu korusun, Eda! Deus te abençoe! — falo, segurando nas suas mãos e as beijo no instante seguinte. Ela sorri, olhando-me com doçura.

— Sei o quanto está angustiado, filho. Vê-la deve acalmá-lo um pouco.

E ela está certa. O fato de vê-la de comprovar que está tudo bem com ela vai acalmar esse vulcão que está prestes a explodir dentro de mim.

Öyle olsun! Que assim seja, sogra!

Ávido, procuro um banheiro para lavar o meu rosto e respiro fundo algumas vezes. Eu sei que ela está dormindo, mas se eu tiver sorte e ela abrir os seus olhos para mim, não quero que me veja assim quebrado e angustiado. Mais aliviado agora, vou imediatamente para o quarto e entro fechando a porta devagar. A visão da minha esposa adormecida em uma cama de hospital e tomando soro me deixa transtornado, e pensar que aquela louca chegou perto demais de destruir a minha felicidade rouba a minha sanidade.

Eles vão pagar, Sila, eu prometo fazê-los pagar por tudo.

Digo em pensamento à medida que adentro o cômodo, chegando mais perto da sua cama e é inevitável de inclinar-me na sua direção e aspirar o seu perfume demoradamente. O seu aroma me invade como sempre, fazendo o efeito contrário das outras vezes, me trazendo a paz que eu preciso.

Casada com o Turco Where stories live. Discover now