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CAPÍTULO SEM REVISÃO

Sila

— Samia, pode reunir os empregados da casa na sala, eu preciso falar algo com eles — peço para a governanta minutos depois da saída de Taylor, enquanto observo a prima de Murat em pé no jardim já a algum tempo.

— Sim, Senhora!

— E, Samia?

— Senhora?

— Eu quero a Emine presente.

— Avisarei, Senhora!

Solto uma respiração alta me afastando da janela e seguro o porta-retratos danificado, que está largado em cima da mesinha de centro. Logo alguns empregos da casa começam a entrar no cômodo e se organizarem em uma fileira de frente para mim. Por fim, Emine adentra a sala bufando feito um animal raivoso e o seu olhar irritadiço encara o meu.

— O que você quer, Sila? — Ela retruca exatamente como uma maldita criança malcriada.

— A nossa conversa ainda não acabou.

— Escute, eu sei que ultrapassei os limites...

— Eu não terminei ainda. — A interrompo bruscamente. — Não é novidade nem para você e nem para ninguém que sou a esposa de Murat Arslan, portanto, sou a Senhora dessa casa. Você é turca e sabe o quanto os turcos prezam pelos valores das famílias e respeitam isso.

— Eu...

— Não seja insolente e me deixe terminar! — retruco um tanto rígida, fazendo-a se calar. — Seu primo tem razão, você não passa de uma criança birrenta, mas já fez vinte, não é? — Ela empina o nariz. — De criança você não tem nada. Já é uma mulher feita, uma adulta e de agora em diante terá que agir como tal.

— O que isso quer dizer?

— Quer dizer que eu vou te dar três opções. Uma, você arruma as suas malas e volta para a Turquia com o rabo entre as pernas e sem realizar os seus sonhos. Dois, você fica, mas terá que pagar por sua estadia...

— Como assim? — Arqueio as sobrancelhas. — As mulheres turcas geralmente são prendadas, certo? Bordado, cozinha, lava, arruma...

— Pode ir direto ao ponto? — A garota rosna, parece incomodada.

— Que a partir de hoje nenhum empregado dessa lhe servirá. — Ela arfa. — Você mesma lavará, cozinhará e arrumará as suas coisas.

— Você não tem o direito.

— EU TENHO e vou fazer! — grito — E três, você pode ir para um dormitório como todo acadêmico faz e viver a sua vida de estudante como bem entender. Então, Emine o que vai ser?

— Isso é uma afronta e o Murat vai saber disso! — A garota se vira para me dar as costas, porém, eu não paro.

— O Murat me apoia no que eu quiser. — Ela para bruscamente e a vejo ofegar mesmo estando de costas para mim. — Você sabia que ele me perguntou sobre a sua vinda para a Inglaterra? — Ela se vira encarando-me com os olhos molhados. — Eu disse que sim e é só por isso que você está aqui, mas — Faço uma pausa teatral. — Deixei bem claro para o meu marido que eu cuidaria de você pessoalmente e que qualquer vacilo seu você voltaria para a sua terra natal. — Uma lágrima escorre pelo seu rosto. — Está na hora de crescer, Emine. Seja a adulta que você é. — Jogo o porta-retrato na sua direção e o seu olhar se fixa nele.

— Eu já posso ir para o meu quarto.

— Você ainda não me respondeu, qual vai ser a sua escolha?

Casada com o Turco Where stories live. Discover now