Sila
— O que é tudo isso, Samia? — pergunto, observando uma quantidade de caixas de papelão espalhadas pela ampla sala de visitas.
— São as coisas da Senhora Cecília, Senhora Arslan. — Curiosa, vou até uma das caixas e a abro, encontrando algumas roupas lá dentro.
— E por que elas estão aqui? — inquiro, enquanto vou para outra caixa encontrando mais pertences da falecida.
— O Senhor Arslan está fazendo doações. — Ergo um olhar surpreso para a mulher que faz algumas anotações em um caderno. À medida que mais caixas vem surgindo pelas escadas.
— Ele pediu para você fazer isso?
... Não pensei que amaria outra mulher outra vez.
... E mais, não pensei sentir algo tão profundo e tão forte, capaz de tirar das minhas mãos o controle que eu sempre fiz questão de ter.
Suspiro com esse pensamento e me pego sorrindo com algo que se passa pela minha cabeça. Murat está se libertando do seu passado e finalmente consigo ver um futuro para nós dois.
— Sim, Senhora! Ah, você pode colocar essas separadas? — Ela pede para um dos empregos e movida por uma infinita curiosidade, vou até a caixa separada das demais. São maquiagens, perfumes, livros e... céus, é o diário de Cecília!
— O que vai fazer com essa caixa?
— Essa será incinerada, Senhora.
Não! Ele pretende queimar a única lembrança de Cecília que pode revelar a verdade sobre o que realmente aconteceu? Chego a sentir o meu coração disparar fortemente dentro do meu peito com essa possibilidade. No entanto, resolvo tirá-lo do meio dos outros objetos e levá-lo comigo para o meu quarto.
— Deseja alguma coisa, Senhora? — Samia pergunta quando caminho de volta para a escadaria.
— Ah não, Samia, obrigada! — ralho sem olhar para trás, subindo com pressa os degraus e sentindo a ansiedade aquecer as minhas veias. Contudo, ao abrir a porta do cômodo dou uma freada brusca, levando o diário imediatamente para atrás do meu corpo e em um misto de raiva, e de surpresa observo Dilara mexendo dentro do meu closet. — O que você está fazendo aí? — ralho repentina, fazendo-a sobressaltar. Então ela para de se mexer abruptamente e no ato, ergue o seu corpo olhando-me nos olhos.
— Sila... digo... Senhora Arslan, eu... estava arrumando as suas coisas. — Adentro o quarto e caminho para o meio dele ainda fitando-a em uma análise minuciosa.
— Eu disse que não a queria aqui sem o meu consentimento — rosno deixando claro o meu desagrado.
— A Senhora Samia me pediu para trazer as roupas da lavanderia e guardá-las nos seus lugares.
Curiosamente Dilara deixa seus olhos vacilarem, embora o tom firme queira me convencer da sua verdade.
— Saia do meu quarto, Dilara! — ordeno e ela não hesita em se afastar do closet com certa pressa. Entretanto, decido ir verificar o local onde a estava a vasculhar.
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Casada com o Turco
HumorSila Yilmaz nasceu em Antália na Turquia, porém, desde muito cedo ela foi morar com a sua família na Inglaterra. A garota cresceu sem os costumes da sua terra natal. Contudo, antes de morrer, seu pai pediu para o filho mais velho que cuidasse da fam...