Capítulo 84

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Eu: Como ela está? – eu estava apreensiva.

Rodrigo: A Laura está bem agora, ela desmaiou por fraqueza, ela tem se alimentado pouco, ela mesmo disse, e ela toma remédios muito fortes. E ela teve junto com o desmaio uma convulsão ainda mais silenciosa do que a que ela já tem. E a Laura tem uma somatização muito curiosa para nós neurologistas, que a tristeza, a preocupação excessiva, o rebaixamento de humor, agravam e trazem as ausências dela. Veja bem... – virou a tela do computador para nós. – Tenho essas duas imagens aqui, não são da Laura é só para demonstração. Esse é um cérebro perfeitamente normal, de uma pessoa emocionalmente equilibrada. Esse aqui é um cérebro de uma pessoa deprimida. Quando uma pessoa está deprimida, ela passa por uma desordem química no cérebro devido a reação dos neurotransmissores. Se pensarmos por esse ângulo, a depressão tem uma origem química.

Pri: Então a tristeza dela, causou todo o desequilíbrio dos neurotransmissores dela que já não trabalham corretamente por conta das ausências que ela tem, e ela passou a tê-las com mais frequência e passou mal hoje dessa forma?

Rodrigo: Sim Priscilla. Além dos remédios que ela faz uso, eu vou receitar um antidepressivo tricíclico pra ela, um regulador de humor pra ela, para evitarmos essas crises constantes e vou indicar terapia. Ela precisa trabalhar a mente dela, o emocional dela para evitarmos isso. – nos explicou como seria e fez a receita. Assim que o soro acabasse ela poderia ir pra casa. Já tinha uma psicóloga falando com ela então ficamos do lado de fora esperando. Eu mandei mensagem pra Helena avisando como ela estava e que já íamos para casa. A Pri ia busca-los na festa as 3:30 da manhã. Logo a psicóloga saiu, falou com a gente e a gente entrou. Ela tinha chorado na conversa.

Eu: Oi... – sorri e dei um beijo na testa dela.

Pri: Oi amorzinho... – deu um beijo nela.

Laura: Que horas vou poder ir pra casa?

Eu: Quando o soro acabar ok?

Laura: Tá... O Hugo e a Helena foram na festa?

Eu: Foram. Estão preocupados com você.

Laura: Eu já estou bem. Estou com fome.

Eu: Vamos pedir uma pizza o que acha?

Laura: Boa ideia – sorriu de leve.

Pri: Filha... A Helena nos contou porque você anda tão pra baixo ultimamente. – ela suspirou pesado. – Você sabe que esse técnico substituto não pode fazer isso não sabe?

Laura: Sei. Mas ele é quem manda agora. Até o Timmy voltar, ele é quem manda.

Eu: Laura, ele faltou com respeito a você, ele te humilhou. A sua doença nunca te impediu de jogar, por mais que você já tenha passado mal em jogo, em treino. O Timmy nunca te excluiu de nada, muito pelo contrario. Lembra quando quis desistir? Ele foi o primeiro a te incentivar a ficar. – ela não quis mais falar do assunto. – Amanhã vamos conversar sobre isso ok? – logo ela foi liberada, a Pri pediu 3 pizzas lá perto de casa, passamos na farmácia primeiro para comprar o remédio que ela começar a tomar e passamos para pegar as pizzas. Esperamos cerca de 15 minutos e fomos pra casa. Rafa e Lohana estavam na cozinha de frente para a geladeira aberta. – Chegamos...

Pri: Porque elas estão encarando a bagunça da nossa geladeira?

Eu: Não sei... A gente deveria perguntar?

Lohana: Vocês comem demais...

Rafa: Como pode?

Eu: Essa casa tem 5 crianças... 5 crianças comem mais que 5 adultos acredite... E as vezes cada um come uma coisa diferente.

Pri: Assusta elas não amor... Elas ainda só tem 1 filha.

Lohana: E acho que a gente vai ficar só nela mesmo né amor.

Rafa: É... Precisamos repensar aumentar a família. – demos risada.

Pri: Trouxemos pizza.

Lohana: Oba... A gente estava pensando no que fazer pra comer. Mas essa geladeira imensa e caótica nos assustou um pouco – rimos - As crianças já comeram e estão dormindo.

Pri: Vou buscar um vinho.

Rafa: Como você está Laura?

Laura: Estou bem tia Rafa. Com fome agora. Eu dou uns defeitinhos de vez em quando. Assusta não – rimos. A Laura tomou suco que já tinha pronto na geladeira. Logo ela subiu tomou banho, desceu tomou o remédio, despediu da gente e foi dormir.

Lohana: Descobriram porque ela anda tão triste?

Eu: Sim Lo... – contamos pra elas.

Rafa: Mas ele nem é o treinador do time, ele só está substituindo, não pode fazer isso e ele foi capacitista e muito preconceituoso com ela. A escola e o verdadeiro treinador precisam saber disso.

Pri: E vão... E se a escola não tomar providencia eu vou processar a escola e esse cara.

Eu: Pri nem tudo se resolve com processo.

Lohana: Pior que ela não está errada não Nat, isso cabe um processo gigantesco, ainda mais se a escola for omissa. Ele expôs uma menina de 13 anos a uma situação vexatória e isso trouxe danos a saúde dela. Então ele pode sim ser processado e a escola se for omissa também. - Mudamos de assunto pouco depois.

Rafa: Como vocês dão conta? São cinco de idades diferentes, gostos diferentes, loucuras diferentes.

Eu: Principalmente as loucuras. A gente da conta porque eles ajudam. Eles arrumam as próprias camas, eles colocam e tiram a mesa, colocam a louça pra lavar. Eles ajudam muito. Eles cuidam dos pequenos, então fica um pouco mais fácil. – conversamos bastante e elas subiram pra dormir e a gente fez o mesmo. A Pri acordou as 3 horas se trocou e foi buscar os dois e logo voltou e deitou de novo. Na segunda feira, a Pri disse que ia no colégio conversar com a diretora então eu resolvi ir junto, porque aquilo foi muito sério e vendo pelo ponto de vista da Priscilla e da Lohana, elas estavam certas, nossa filha foi humilhada pela condição de saúde dela e o caso todo foi omitido, então isso foi de certa forma, assédio moral velado em cima dela.

A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESEWhere stories live. Discover now