Capítulo 23

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Logo que sai bateram à porta e eu fui atender. Era um funcionário do hotel com um buquê de rosas.

XX: Senhora, mandaram te entregar.

Eu: Ah, obrigada – sorri e ele saiu. Eram lindas, só podia ser coisa da minha esposa. Quando peguei o cartão me enganei muito.

Janta comigo? Não pode negar, já estou aqui no saguão. Rafaella...

O que essa mulher quer comigo? Me troquei e desci.

Rafaella: Achei que ia me deixar aqui esperando – sorriu.

Eu: Eu estava saindo do banho. – sorri sem graça. – Vamos?

Rafaella: Vamos. – fomos comer num restaurante ali perto, fomos a pé mesmo. – Me diz, como está sua vida? Além do trabalho.

Eu: Muito boa. E a sua?

Rafaella: Comum... – riu sem graça. – Esperando meu filho chegar.

Eu: Não tem filhos com seu marido?

Rafaella: Não. Eu não posso engravidar e nem ele pode me dar filhos, então a gente está adotando. A mãe do nosso bebê deve dar a luz a qualquer momento.

Eu: Barriga de aluguel?

Rafaella: Não. A mãe não quer o bebê, não tem condições, então pagamos tudo. Todas as consultas, todas as medicações pre natais e agora é esperar.

Eu: Não tem medo dela desistir?

Rafaella: Ela não pode. Assinamos já os papeis, e depois que são assinados ela não pode voltar atrás, e ela não teria condições de cuidar de mais uma criança, ela já tem 7 e eles só não morreram de fome ainda, porque meu marido e eu ajudamos. A gente está aqui nos EUA ainda por isso, mas estamos planejando voltar para o Brasil. Estou sentindo falta dos meus pais, do meu irmão, embora meu pai não fale comigo a algum tempo. – ela nunca se deu bem com o pai dela.

Eu: Fiquei surpresa ver você casada com um homem e bem mais velho que você.

Rafaella: O Paul é um homem bom, ele me faz feliz, ele me entende. No começo confesso que estava com ele por interesse, mas depois me apaixonei de verdade. Ele é uma pessoa maravilhosa.

Eu: Eu o conheço a bastante tempo. Uma pessoa bem generosa, alegre. Ele tem um coração enorme mesmo. Ele ainda ajuda nas causas das crianças necessitadas e de abrigos para sem tetos?

Rafaella: Sim. Toda semana, ele ajuda na cozinha dos abrigos, faz campanhas de arrecadação. Ele está tão empolgado com o bebê. Ele que escolheu os nomes. Ele parece mais empolgado que eu. – rimos.

Eu: Porque não me parece feliz com isso?

Rafaella: Eu estou feliz, de verdade. Eu quero muito essa criança, escolhi cada roupinha com tanto amor que chorei dobrando cada uma delas e guardando. Eu só estou com medo de não ser boa mãe, de não amar essa criança por ela não sair de mim – eu ri.

Eu: Acredite, você vai amá-la mais do que ama a si mesma, mais do que ama seu marido.

Rafaella: Como tem tanta certeza assim? – entramos no restaurante e pedimos uma mesa. Logo nos sentamos escolhemos um prato e pedimos um vinho. Peguei meu celular e abri a galeria onde tinha uma foto recente do Hugo e da Helena e dei a ela. – Que lindos... Quem são?

Eu: Hugo e Helena. Meus filhos mais velhos. Eles tem 17 e 15 anos. Eles chegaram na minha vida e na da Priscilla com 5 e 3 anos. Desnutridos, doentes, sofrendo muito. Eu tenho 5 filhos. Três são biológicos, dois gerados por mim e um pela Pri, e o Hugo e a Helena. E é um amor que até dói Rafaella. Quando meus olhos caíram sobre eles, eu soube na hora que eles seriam meus filhos. Hoje cada um tem sua particularidade, sua mania, seu defeito, cada um me preocupa de um jeito, mas é um amor que não dá para explicar. Não se preocupe, o amor é instantâneo, você já ama essa criança desde que decidiu ser mãe dela. E o medo é natural. Quando a Ana Julia nasceu eu chorei de medo de não ser boa mãe pra ela, sendo mãe de 4 já. – rimos. – Imagina só, eu já tinha o Hugo, a Helena, a Laura e o Samuel e estava com medo de ser mãe da Ana Júlia.

A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESEWhere stories live. Discover now