Capítulo 65

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Iolanda: Então dona Rosana, o que a senhora tem a dizer?

Rosana: Eu não ia fazer mal a eles, jamais os machucaria. Naquela época eu vivia drogada, eu vivia fora de mim, eu realmente não tinha condições de cuidar deles, eu abri mão deles porque eu sabia que eu não poderia cuidar. Eu estava sendo acusada de homicídio e não sabia se ia conseguir provar que era inocente, então como eles ficariam? Mas eu provei, eu fiquei mais de dois anos numa clinica de reabilitação, eu fui presa e fui solta por bom comportamento, eu estudei e hoje sou enfermeira, sou casada com um homem bom, o Marcos eu não sei se está vivo ou morto. Ele saiu da reabilitação e foi preso também. Eu fui solta antes dele, mas soube que ele foi solto 2 anos depois. A gente se separou oficialmente, ele estava bem quando o vi no divorcio, mas não sei se ele ainda está vivo ou o que faz da vida dele. Eu conheci meu atual marido Carlos, ele é chefe de setor numa empresa de peças de automóveis. Ele foi transferido pra cá, o salario era ótimo, então a gente veio pra cá, nós tivemos dois filhos. Temos uma vida digna, uma boa casa, nossos filhos estudam numa escola publica que é muito boa, são boas crianças. Eu errei no passado e posso ter errado tendo ido atrás deles. Mas eu nunca faria mal a eles. Fico feliz que eles tenham tido uma ótima chance na vida, de ter mães ricas, que proporcionam uma vida de luxo, escola particular, uma das mais caras do Rio de Janeiro.

Eu: Se eles tivessem ficado com você, talvez estariam mortos agora. Ou teriam sido vendidos para trafico humano, trafico de crianças que naquela época era muito comum e fácil. Você não tem direitos sobre eles.

Nat: Nossos filhos sabem da história deles. E mesmo assim, demos a eles a escolha de conhecer você ou não. E eles não querem. – ela suspirou e abaixou a cabeça.

Eu: Ontem eu tive que sair do trabalho as 10 da manhã, porque ligaram do colégio dizendo que a Helena não assistiu a segunda e a terceira aula e passou todo o intervalo chorando. Ela pediu pra ir embora e eu fui busca-la. Ela chorou muito ela não queria que a vida dela fosse invadida assim, ela não gosta de falar disso, ela não queria contato, ela nunca quis, ela nunca teve interesse. Ela tem 15 anos, é uma ótima bailarina, vai viajar pra Argentina com a escola de ballet dela para uma apresentação no fim de novembro está feliz com isso. O Hugo está animado com a formatura no fim do ano, com a auto escola que ele vai fazer porque vamos dar a ele um carro porque ele quer fazer faculdade então vai ser mais fácil pra ele. Ele é responsável, ele é bom garoto, dá trabalho como qualquer adolescente, mas é um bom menino. Cheio de amigos, ficou sentido porque o namoro acabou recentemente, mas superou isso. Eles tem uma vida, eles tem um equilíbrio familiar e viram isso tudo remexido, balançado quando foram abordados na rua do colégio por uma mulher que eles não sabiam quem era.

Rosana: Eles são meus filhos.

Eu: NÃO... ELES NÃO SÃO... – falei alto – Eles são Hugo e Helena Smith Pugliese, filhos de Natalie e Priscilla Pugliese, eles não sabem quem é você, eles não tem você como mãe. Eles não querem conviver com você, respeita isso.

Iolanda: Dona Priscilla, se acalme. Dona Rosana a senhora também. A senhora violou muitas leis. A senhora sabia que os dados eram sigilosos e os recebeu. Não só os recebeu como foi atrás deles por três dias. Pelo que a senhora disse, a senhora descobriu que eram eles por causa de redes sociais. Foi por isso que a senhora soube quem eles eram. Dona Priscilla, dona Natalie, parece que a rede social do filho de vocês é aberta e tinham fotos deles quando eram pequenos e fotos recentes, então ela soube quem eram eles na porta do colégio. Dona Rosana a senhora errou, não podia ter feito isso. Pedimos sua prisão preventiva para esclarecimentos. A senhora não vai ficar presa, mas a senhora vai assinar um compromisso de que não vai se aproximar dos dois.

Rosana: Não pode me pedir isso. São meus filhos – chorava.

Iolanda: Legalmente não são mais e eles não querem te conhecer.

Rosana: Eu vou entrar com um pedido de visitação. – Iolanda suspirou.

Iolanda: Tudo bem a senhora pode fazer isso, mas saiba que vai ser uma longa batalha e mesmo assim não é garantia de absolutamente nada. Ainda mais que a senhora os perseguiu.

Eu: Quero uma medida protetiva para os meus filhos. Ela não pode chegar perto deles.

Iolanda: Vou fazer e vou mandar para um juiz homologar.

Rosana: Isso é absurdo. Ela é juíza.

Eu: Sou juíza porque eu sou justa, porque eu estudei pra isso, e como responsável que sou, não cabe a mim julgar a minha causa. E eu estou aqui, como mãe do Hugo e da Helena, e como mãe deles, junto com a minha esposa, queremos uma medida protetiva para eles. E pode entrar com a ação que quiser, nenhuma delas vai derrubar a nossa. Nada foi feito de maneira ilegal, e mais do que isso, eles não querem contato e podem responder por eles mesmos. Juiz algum vai obriga-los a conviver com uma pessoa que quis vende-los. – levantei e sai. Eu não estava me sentindo bem, minha cabeça doía meu peito também. Eu peguei um copo de água e me sentei do lado de fora. Não demorou muito a Natalie veio.

Nat: Está se sentindo bem? O Ian está lá dentro resolvendo as questões da medida protetiva, eu assinei o pedido, assinei o depoimento. Você precisa assinar o seu e estamos liberadas. – eu levantei e fui até lá, assinei o que eu tinha pra assinar, recebi a copia do pedido de medida protetiva que ia para o fórum agora. Ela estava assinando a soltura dela. Eu sai de novo e o Ian veio.

Ian: Ela vai ser liberada agora, e vai entrar com uma ação na justiça para pedir direitos de visitação. Dependendo do juiz que pegar o caso, ela não vai conseguir, agora se ela pegar dois em especifico, eles vão querer tentar e se as crianças não se adaptarem, eles vão acatar como improcedente.

Eu: Isso é ridículo.

Ian: Sim, é... Mas ela tem vida estável, lar estável, emprego, não colocou a vida deles em risco quando os procurou, não os ameaçou. O pedido de proteção deve sair em 24 ou 48 horas e em alguns dias já deve sair a conciliação..

Eu: Para tentar um acordo antes de ir para o tribunal. Eu sei Ian eu sou juíza. – falei nervosa – Desculpa... Eu estou nervosa.

Ian: Agora é esperar Priscilla.

Eu: Ok... Eu vou trabalhar. Obrigada Ian.

Ian: A gente vai se falando. – ele se despediu da Natalie e foi embora.

A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora