Capítulo 61

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Mãe Pri: Então Iolanda como eu já tinha te falado e como você já sabe, o Hugo e a Helena foram adotados por mim e pela Natalie quando tinham 5 e 3 anos. Hoje eles tem 17 e 15 anos, estão muito bem estudam num dos melhores colégios bilíngues do Rio de Janeiro, como pode ver, tem uma vida muito confortável, o Hugo joga futebol, está prestes a se formar no ensino médio, quer fazer Administração. A Helena faz ballet, é uma dançarina incrível, faz terapia porque passou por alguns problemas alimentares e graças a Deus e a ajuda médica e terapêutica ela está muito bem agora, e a gente tem uma vida tranquila dentro do possível. Eles são paulistas, e como sabe, a adoção só não é sigilosa quando existe um comum acordo entre os pais biológicos e os pais adotivos. O que não foi o nosso caso. Os genitores do Hugo e da Helena, foram presos, investigados por homicídio, por posse de arma de fogo, por drogas, por roubo, por agressão, por abuso de menores, por exposição violenta dos filhos, por abandono de incapaz.

Iolanda: Os dois se aproximarem dos adolescentes agora sem qualquer tipo de permissão é crime.

Mãe Pri: Pois é... No final do mês de junho, eu julguei uma causa de legitimidade de testamento e quando vi uma das requerentes eu reconheci de imediato. Era a Rosana Dias a genitora dos meus filhos. Ela me reconheceu, como advogada na época do caso, eu era advogada do abrigo. Ela me perguntou deles, e eu disse que por motivos óbvios era segredo de justiça. Ela procurou pela Lohana Marinho, minha amiga e promotora pública e ela deu a mesma resposta e de fato ninguém pode quebrar esse sigilo por como tudo aconteceu. Eu sai de férias em seguida e quando voltei, ela tinha me procurado duas vezes no fórum. Ela tem um advogado Tiago Deam e sabemos que ele não anda muito com a lei. E por dinheiro ele faz o que for possível e impossível.

Iolanda: Eu sou delegada, sou formada em direito é obvio, mas me esclarece isso. Não existe em nenhuma instancia uma maneira dela descobrir quem são os adotantes dos filhos dela legalmente? Uma causa que desse a ela esse direito?

Mãe Pri: Não. Pelo fato ocorrido na época, pela situação que as crianças foram encontradas, pelo documento que ela e o marido assinaram, pela maneira em que o processo de adoção foi aberto e ela foi avisada quando ela já estava em reabilitação e com um atestado alegando sanidade mental, ela assinou que concordava, juntamente com o marido dela. Então a grosso dizer, nada nesse mundo, daria a ela o direito de saber quem são os adotantes e quem são os filhos dela, onde estão. A única maneira disso acontecer, seria se Hugo e Helena demonstrasse após os 14 anos de idade, que é uma idade que julgamos capazes de discernir sobre situações difíceis, e opinar sobre a vida própria, quisessem saber quem são os genitores, e onde estão. Se isso acontecesse, nós, as mães deles procuraríamos nosso advogado que entraria em contato com um promotor de São Paulo para podermos ter acesso aos autos do processo de adoção e aos documentos dos pais atualizados. Eu sou uma juíza estadual, e eu poderia entrar no sistema e encontra-la a qualquer momento e mesmo assim, eu não faria isso por ética, eu faria exatamente como a lei manda.

Iolanda: Então, Hugo e Helena, o que ela fez?

Hugo: Ela nos parou nesses três dias na rua do colégio. A gente tem aula a tarde também três vezes na semana então a gente almoça com nossos amigos ali perto da escola mesmo a uns 100 metros da escola. Ela no primeiro dia parou a Helena depois ela me parou perguntando se eu era o Hugo Dias que é meu nome antes de ser adotado.

Helena: E ela fez o mesmo comigo. E depois no outro dia perguntou se a gente podia conversar e me deu um papel com o numero de telefone. E hoje ela me segurou, perguntou se podíamos nos encontrar pra conversar, perguntou onde eu morava.

Mãe Nat: Ela está assediando nossos filhos.

Iolanda: Hugo, Helena, vocês querem contato com a mãe biológica de vocês? – a gente olhou um para o outro e para as nossas mães. – Não se preocupem com as mães de vocês. Isso é sobre vocês, não sobre elas.

A GRANDE FAMÍLIA SMITH-PUGLIESEWhere stories live. Discover now