Não é difícil me desconectar quando estou envolvido com esse novo trabalho. Enquanto falo com precisão sobre a potencialidade das bases em alto mar e das refinarias, pareço entrar em outro universo paralelo e me esqueço de tudo, do meu passado e do meu presente. No final de tudo vem o prazer de vê-los assinar seus contratos e alguns apertos de mãos firmes.

— Foi um prazer, Senhor Miller!

— O prazer foi nosso, Senhores!

Dentro do meu escritório, tento falar com Murat sobre a nova proposta para a BlakSea, mas o seu telefone está fora de área e decido mergulhar de cabeça em alguns documentos que estão empilhados sobre a minha mesa.

***

Horas depois...

É quase impossível não verificar o relógio no meu pulso que parece gritar os segundos que faltam para estar na frente dela. É doentio dizer que a desejo com a mesma intensidade? Sim, é. Sila Arslan agora é simplesmente intocável para mim, desde o dia que entendi que ela fez a sua escolha. Eu simplesmente não consigo me esquecer dos seus olhos olhando com súplica e dor quando ela apareceu no meu escritório pedindo-me para salvá-lo.

Foi nesse dia que eu descobri que o seu amor jamais seria meu e ainda cometi a loucura de pedir para levá-la de mim. Eu sei, perdi um grande amor, mas salvei a amizade que eu preservei por anos. Murat Arslan é mais do que um amigo, ele é o meu irmão e ver o que Sila foi capaz de fazer por ele e pelo Ali é mais um motivo para a desistência das coisas do coração. Eu o silenciei e ele ficará calado para o resto da sua vida.

— Chegamos, Senhor! — O motorista avisa e assim que desço do carro, fito a fachada que eu reconheço muito bem. A mansão Arslan carrega uma história pesada de amor e de perdas e aqui deixarei mais uma história que se acaba. Portanto, tiro a pulseira do meu bolso e a fito, sentindo as batidas dentro do meu peito cada vez mais fortes.

— As, Senhor Miller que bom que chegou!

— Por que, o que está acontecendo?

— É a Senhora Sila e a Senhorita Emine. — Uno as sobrancelhas.

— O que tem elas, Ayla?

— Por favor corra para a sala ou elas vão se matar! — Não penso duas vezes e corro para a entrada da casa, escutando os gritos das duas mulheres. Contudo, paro impactado quando Sila acerta firmemente o rosto de Emine e com raiva a garota a empurra. Sila se desequilibra e cai, porém, Emine não para e segura uma estatueta, o impulsionando acima da sua cabeça.

— O que você pensa que está fazendo, sua maluca?! — brado, segurando a sua mão no alto da sua cabeça e um par de olhos assustado me fitam.

— Me solta! — A garota berra ensandecida quando arranco o objeto da sua mão e praticamente a arrasto para fora da casa, a prensado rudemente contra uma parede. — Me solta, seu imbecil! — Emine luta para se livrar do meu agarre, porém, isso me faz apertá-la ainda mais.

— A caso enlouqueceu?! — rosno, segurando as suas mãos acima da sua cabeça e com a outra seguro na sua garganta, mantendo-a imóvel. O seu olhar negro e raivoso penetra no meu, fazendo algo estralar violentamente dentro do meu peito.

Estranhamente a minha respiração fica pesada e os meus olhos começam a avaliar o rosto da moça arredia. Uma respiração profunda suga o seu cheiro para dentro das minhas narinas e o que estava em silêncio absoluto por dia começa a gritar dentro dos meus ouvidos.

— Já disse para me soltar! — Ela brada e os meus olhos se fixam nos movimentos arredios da sua boca. Engulo em seco quando penso que gostaria de provar o seu gosto e me pergunto como entrei dentro desse maldito furação, ou o que faço para sair de dentro dele.

— Você ia machucar a Sila — rosno baixo, porém, entre dentes.

— E que você pensa que é, o defensor dela?

— O que acha que o Murat ia fazer com você? Já parou para pensar nisso? — Ela desvia os seus olhos dos meus, parece cair na real.

— Ela me provocou!

— E você não fez nada? — Rio sarcástico.

— Ela o roubou de mim!

— Do que você está falando, garota idiota? O Murat nunca foi seu e nunca será! — Ela grunhe me empurrando e dessa vez consegue me afastar.

— Seu imbecil! — A garota rebate e sai pisando duro. Não consigo evitar de sorrir enquanto a observo se afastar pisando duro direto para o jardim.

O que foi isso? Me pergunto me sentindo estranho.

— Taylor? — Desperto quando a Sila me chama e após puxar uma respiração, me viro para olhá-la.

— Você está bem?

— Estou! Obrigada!

— O que aconteceu? — Ela dá de ombros.

— Discutimos por causa de um porta-retratos quebrado. Ela nega que não foi ela, mas eu sei que foi. — Sila pressiona os lábios. — Você veio pelo Murat.

— Na verdade, eu vim por causa de um arquivo.

— Ah, que cabeça a minha. O Murat me avisou, está no escritório, certo?

— Certo.

— Fique à vontade, Taylor. Eu estou de saída, preciso ir buscar o Ali.

— Claro! — Ela me dá passagem e eu decido encerrar essa conversa. Adentro o escritório, pego o que preciso e penso em sair, quando a vejo andando de um lado para o outro do jardim.

Alta, esguia, cabelos lisos e negros, olhar expressivo e lábios carnudos. Sacudo a minha cabeça e bufo mentalmente, me forçando a deixar a sua imagem para trás e sair do escritório. Do lado de fora da casa, penso entrar no meu carro e me mandar de vez daqui, mas ela está em pé na entrada da casa e um objeto chama a minha atenção.

— Estava caída aqui no chão. — Ela ralha provocadora. — Sila, hein?

— Me devolve! — ordeno, lhe estendendo a minha mão, mas ela continua girando a pulsei no seu indicador. Um sorriso travesso se abre no rosto da garota.

— Então você gosta dela?

— Isso não é da sua conta, pirralha!

— Pirralha? Você é um escroto mesmo! — Perco a minha paciência e avanço em cima da garota, tomando o objeto da sua mão. — Idiota!

— Não se mete comigo, Emine, eu não sou o Murat! — falo um tanto intimidante, mas ela volta a sorrir e a sua maldita boca volta a ser o centro das minhas atenções.

Inferno!

Casada com o Turco Where stories live. Discover now