A sensação que a sua saída me causa é avassaladora. Eu jamais pensei que alguém pudesse me fazer sentir tão mal assim apenas com o seu afastamento. É como se a sua distância me machucasse de alguma forma.

Droga, tínhamos começado tão bem!

Lembrete: Nunca toque no assunto casamento forçado com o Senhor Ranzinza, ou tudo ficará com um gosto amargo na boca.

Bufo audivelmente e salto para fora da cama.

***

Horas depois...

Um banho rápido, uma roupa despojada, alguns bonecos de pano e muitos bombons de chocolate. Ponho tudo dentro de uma cesta de vime e penso que é isso. Eu tenho tudo que preciso para uma armadilha perfeita para pegar um certo pequeno Arslan. Agora eu só preciso de um tempo com ele sozinha e não dá para conseguir isso com os olhos de águia da Dilara em cima do menino o tempo todo. Portanto, vou para o jardim, mais propriamente para perto do canteiro de tulipas e aguardo ansiosa pelo momento certo. E como previ, não demora para o garoto se acomodar no mesmo banco de concreto e admirar as flores por um longo tempo.

Propositalmente jogo uma bala de avelã na sua direção, atraindo a sua atenção para o bombom e sorrio travessa. Interessado, Ali sai do banco e a bala, a analisando por alguns segundos.

Oi, Sila, eu sou o Ali! — Faço uma voz esquisita e começo a brincar com os bonecos. — E esse é o meu papai, Murat. — Meu coração dispara de felicidade quando percebo a curiosidade do menino em cima da minha brincadeira. — Oi, Ale! E é prazer, Senhor Murat! — Continuo encenando até sentir a sua sombra esconder os poucos raios de sol que batia na minha pele. Finjo curiosidade ao erguer os meus olhos para encontrar os seus indecifráveis. — Ah, você está aí? — indago, me ajeitando na grama. — Você... quer brincar comigo?

Ali parece pensar em uma resposta, porém, ele tem o cuidado de olhar ao seu redor e depois, o seu olhar volta para mim. Abro um sorriso largo quando ele faz um sim com a cabeça.

— Ótimo! — digo festiva. — Mas, não dá pra fazer isso aqui. Que tal encontrarmos um esconderijo que seja só nosso? — Seus olhos chegaram a brilhar com essa sugestão e agora abro um sorriso encorajador para ele. Ali faz outro sim. — Perfeito, Ali, vem comigo! — Ansiosa, seguro na mão do menino, recolho os bonecos e as balas, e vamos para o outro lado do jardim. E para a minha surpresa encontro uma casa sofisticada, porém, pequena na área da ampla piscina. Tenho o cuidado de olhar ao nosso redor para ter certeza de que estamos sozinhos e distantes do casarão.

Ela é perfeita!

— Ok, esse é o seu e esse é o meu. — Lhe estendo um dos bonecos. Ali faz um gesto debaixo do queixo e sorrio porque sei que está tentando se comunicar comigo. — Isso, esse é o seu papai.

Ele observa a cesta, se agacha e pega uma boneca lá dentro, fixando firmemente os seus olhos nela. Por algum motivo Ali parece apreensivo.

— O que foi, Ali? — Procuro saber. — Você não quer brincar com ela? — Ali balança a cabeça fazendo não. — Você... a acha malvada? — Seus olhos se enchem de lágrimas não derramadas e o fato de ele fazer um sim para mim me faz arfar.

Forço mais um sorriso.

— Tudo bem! Ela vai ficar de castigo enquanto nos divertimos com esses, o que acha? — Em resposta o seu olhar se suaviza e ele solta uma respiração alta.

Ali parece aliviado.

— Ótimo! Agora me ajude a levar tudo isso para dentro da casa — peço, tendo o cuidado de deixar a boneca em uma cadeira do lado de fora da casa.

Casada com o Turco Where stories live. Discover now