xlii. SEXTA FEIRA

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(funfact cast canon da raissa é a clarissa e todas as músicas da clarissa são da raissa)





Eram quatro da manhã e alguém quase arrombava a porta de tanto bater, enquanto isso, o Otávio dormia igual uma pedra, mas, assim que eu tentei levantar da cama, ele acordou de forma brusca assustado e segurou meu braço, mas soltou quando ouviu a campainha tocar e mais alguns chutes na porta. A Lia dormiu na casa dos pais hoje, então existia a possibilidade de ela voltar antes do planejado. Coloquei a bermuda azul serenity do Otávio, que ele estava usando quando chegou e uma regata aleatória que eu achei pelo meu quarto, depois segui para a cozinha.

Me coloquei na ponta do pé para ver o olho mágico, assim que abri, me deparei com a Raissa com os olhos cheios de lágrimas e, visivelmente abalada emocionalmente. Ela se jogou nos meus braços e eu decidi apenas retribuir aquele gesto de carinho e de vulnerabilidade.

— Tudo bem por aí, Lu? – Escutei a voz do Otávio, a Raissa levantou do meu peito bruscamente e olhou para o menino de cueca na sala da minha casa. Ele ama aparecer de cueca nos piores momentos possíveis, né?

— Vocês voltaram? – Ela perguntou, parando de chorar.

— Ainda não – Respondi e ela voltou a deitar-se em mim – O que aconteceu com você?

— Maria.

— Maria? – Otávio perguntou um pouco confuso, tinha um tempo que a Maria e Raissa não era um tópico entre nós dois.

— Ela terminou comigo, ela disse que não tava dando certo.

— Só isso? – Perguntei e ela confirmou com a cabeça enquanto estava com ela enfiada em mim, olhei para o Otávio e ele apenas deu os ombros, aparentava estar tão confuso quanto eu estava.

— Talvez eu deva ir embora – Otávio falou.

— Pode ficar, Tavin – Raissa disse – Eu só precisava de alguém e, bem, eu até gosto de você, às vezes.

— Bom saber – Ele respondeu.

Eu e o Otávio fomos para o quarto para que eu devolvesse sua bermuda e pegasse outra roupa debaixo, escolhendo um short de moletom e ele decidindo permanecer sem camisa, ficando apenas de bermuda. Quando voltamos para a sala, a Raissa estava deitada no sofá abraçando um travesseiro, eu e o Otávio nos olhamos e eu me sentei no chão enquanto ele seguia até a cozinha, que era conectada com a sala.

— Você quer um chocolate quente, Raissa? – Ele perguntou com um tom de voz gentil.

— Sim.

— Eu também quero – Falei rindo e ele me mostrou o dedo do meio.

— E você quer comer alguma coisa também?

— Não sei.

— O que você acha de um file a paillard?

— Por que você não tá me oferecendo essas mordomias também? – Perguntei e os dois riram.

— Porque você recebeu muito amor ontem e hoje para estar com coração partido.

— Vocês, não satisfeitos em traumatizar o Leozin e o Thiago, também querem me traumatizar?

— Como você sabe dessa história? – Perguntei rindo.

— Eles são meus amigos também, sabia?

— Sei lá, vai que, né.

— Chocolate quente das duas, vocês não me confirmaram se vocês querem ou não que eu faça comida de verdade – Otávio diz entregando uma caneca para mim e outra para a Raissa.

— Tá meio de madrugada para comer alguma coisa de verdade – Raissa responde e o menino confirma com a cabeça – Você tem ainda mais alguma música no bolso?

— Só uma, mas essa já tá com tudo pronto há um tempo – Responde enquanto se senta do meu lado.

— Você não me falou sobre isso – Eu disse um pouco cara um pouco chateada e ele beija o meu nariz.

— É segredo, mas, como a minha maior fã está chateada, decidi trazer essa informação para ela.

— Eu escrevi uma música, algumas na verdade – Raissa disse, suas bochechas ganharam uma coloração avermelhada. Eu e o Otávio nos olhamos, quase como se conversássemos com os olhos, chegando à conclusão de que a Raissa estava apaixonada.

— Vou cantar o refrão.

— Você canta? – Perguntei e ela confirmou com a cabeça.

— No banheiro e pá – Respirou fundo e iniciou – Não faz assim, você quem diz que é complicado, sua mãe gosta de mim, mas não quando eu tô do seu lado – Cantou.

Sua voz era suave, delicada, era boa de ouvir, eu podia ouvi-la para sempre de tão linda que ela era.

— Você conheceu a família dela? – Otávio perguntou.

— Sim, eu achava que ia ser para valer, mas, enfim.

— Luma – Ele chamou meu nome, me tirando do transe em que eu me encontrava – Você precisa dormir e eu preciso conversar a sós com a Raissa, ok?

— Você quer conversar a sós com ele? – Perguntei para a minha amiga, que concordou com a cabeça.

Assim, me levantei, deixei a minha caneca suja de achocolatado na pia e fui até o quarto. Eu sabia que talvez eu não fosse a pessoa indicada para conversar com a Raissa nesse momento delicado, ela precisava de alguém que pudesse vê-la com outros olhos, também sabia que o Otávio sempre sabia o que dizer ou o que pensar, ele era uma pessoa maravilhosa e com um coração enorme.

Eu me cobri e fechei os olhos, ainda pensando no Otávio, eu estava feliz. Por muito tempo em que ficamos sem se falar ou naquele projeto de relacionamento tóxico, eu sentia falta do que eu estava sentindo agora, a sensação de amor e segurança que ele me trazia, saber que eu podia fazer o que fosse, mas ele ainda me amaria e cuidaria de mim, o mesmo que eu faria por ele, eu me sentia feliz e segura, isso era bom, eu não sentia mais medo dos nossos sentimentos mudarem ou de acordar e ele ter ido embora, agora eu sabia e tinha a certeza de que, se ele me pedisse para voltar agora, eu aceitaria.

jorge maravilhaWhere stories live. Discover now