xxxiii. DOMINGO

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Acordei sentindo meu corpo fraco, meus olhos doíam e eu decidi não falar nada do que aconteceu ontem para os meus pais, eles não precisavam saber, sai do quarto e vi que a Lia já tinha feito café da manhã.

Ela estava já estava dormindo quando eu cheguei ontem, então ela não sabia de nada ainda, agora ela estava sentada na mesa da sacada lendo Anna Karenina, ela usava um short de moletom branco e uma regata verde musgo, fui até a geladeira e tirei um queijo, depois peguei o pão que estava em cima da bancada, passei manteiga dos dois lados e coloquei uma fatia de queijo no meio, a posteriori peguei o café com leite feito pela Lia e fui até a mesa da sacada.

— O que o Otávio fez? – Foi a primeira coisa que ela perguntou ao me ver, eu não tinha me olhado no espelho ainda, eu imaginava que estava com uma cara destruída.

— Ele não tinha transado só com uma pessoa, ele transou com três e, bem, nós acabamos brigando e o Apollo me trouxe para casa. Ele te mandou lembranças,por sinal.

— Rogério – Um sorriso fraco surgiu nos seus lábios – Ele é um bom menino.

— Pois é.

— O Tavin meio que realmente sempre foi meio cafajeste, mas ele gosta de você.

— Gostava.

— Você acredita mesmo que todo aquele sentimento e paz que foi o relacionamento de vocês acabou?

— Nós brigamos muito feio.

— Que casal não briga, Luma?

O som da campainha ecoou na casa, eu levantei para fugir da última pergunta da Lia e, talvez, eu devesse ter respondido invés de abrir a porta. Ali estava o Otávio com um buquê de rosas brancas, ele tinha uma cara de destruído e um sorriso falso no rosto.

— Eu fui escroto.

— Eu também fui.

— Perdão.

— Tudo bem, eu também errei, desculpa.

— Eu quero voltar.

— Você quer que eu seja honesta sobre isso?

— Luma, eu te disse uma vez e digo de novo, seria um prazer ter meu coração partido por você.

— Acho que nós não devíamos voltar, pelo menos não por enquanto, eu to bem chateada pela situação.

— Tudo bem, você tem razão.

— Então, tchau.

— Você não vai aceitar as flores?

— Não acho que eu deveria.

Ele concordou com a cabeça e eu fechei a porta, acho que durante todo o nosso diálogo, eu não pensei, apenas agi, eu não sabia ao certo o que dizer ou o que fazer, eu só segui meu instinto e voltei até a Lia, ela estava com uma feição neutra, mas eu sabia que ela tinha visto o que tinha acabado de acontecer.

— Agora foi o término oficial – Falei para a Lia, que concordou com a cabeça.

— Você quer que eu diga o que eu penso?

— Pode falar.

— Você tá certa, se for para voltar, que não tenha ninguém contando placar, vocês dois estão bem chateados com toda essa situação.

— Eu concordo, acho que não vou conseguir confiar nele agora como eu confiava antes, preciso de um tempo para pensar.

A campainha toca novamente, mas eu continuei tomando meu café da manhã e a Lia levantou, revelando a Raissa na porta, ela estava com um coque frouxo, uma blusa que eu sabia que era do Leozin escrita "soap" preta e um short jeans desfiado, ela entrou e pegou uma caneca de café na cozinha, depois veio para a sacada e se sentou conosco.

jorge maravilhaWhere stories live. Discover now