ix. QUARTA FEIRA

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Tomei um banho bem tomado e demorado assim que cheguei em casa, talvez eu nunca tivesse usado tanto sabonete na vida até aquele momento. Depois disso, eu sequei meu cabelo e prendi em coque com uma piranha preta, vesti um suéter marrom básico confortável e um short de pijama rosa bebê.

Eu estudava atualmente com o meu iPad, que comprei com o dinheiro do estágio e levaria uns dez meses para acabar de pagar, mas era mais prático do que estudar com livros empoeirados da biblioteca. Antes que eu abrisse o que eu copiei na aula hoje, escutei minha campainha, consequentemente fui até a porta vendo o Tavin, ele usava uma blusa branca e um jeans de lavagem escura, sua primeira reação, ao me ver, foi me abraçar.

Seu cheiro era forte e mesmo que aquela sensação fosse familiar, eu sentia algo diferente, eu senti meu corpo arrepiar e uma sensação de frio na barriga, mas decidi retribuir o abraço, afundando meu rosto no seu pescoço e tendo a certeza de que eu queria estar próxima dele.

— Tava com saudade – Ele disse, eu me afastei um pouco assustada e ri baixo.

— Eu também tava – Respondi, foquei meu olhar no chão, eu estava com medo de olhar para ele.

— Por que você não olha para mim?

— Não sei, por que você quer que eu olhe para você? – Perguntei de volta.

— Você sabe o porquê.

Se eu olhasse para ele, ele iria me beijar. Eu sabia disso. Meus batimentos estavam tão acelerados e altos que eu malmente conseguia ouvir meus próprios pensamentos.

— É, eu acho que eu sei...

— Se você também quiser, é só me olhar.

— Eu só quero estudar – Falei tentando me recuperar.

— Tudo bem, podemos fazer isso.

Finalmente tive coragem de olhar para ele de novo, eu não gostava da sensação que tinha quando eu estava perto dele, era como se ele tivesse todos os efeitos possíveis e impossíveis em mim. Sentei na minha bancada e ele sentou do meu lado, depois tirou umas apostilas da sua mochila e uma caneta. Eu continuei estudando o que tinha para estudar e ele ficou tentando fazer uma ficha de física do meu lado, graças a deus, eu não tinha mais esse problema, eu era péssima em física e por um milagre de deus entrei numa faculdade pública sem saber.

Quando eu acabei de estudar, ele notou e guardou seu material, já eram mais ou menos umas onze horas da noite.

— Posso dormir aqui? – Ele perguntou.

— Pode, claro, mas por que?

— Não sei, eu senti muito a sua falta – Senti minhas bochechas corando e ele riu.

— Você sabe que hoje é dia de semana, né? Então, eu vou acordar cedo amanhã.

— Eu não vou fugir de você de novo, relaxa, tenho aula amanhã.

Eu me deitei na cama de bruços e ele também, eu sentia nossas peles se tocando, mas nenhum dos dois aparentava ter coragem para se mover.

— Você tem feito o que da vida? – Ele perguntou.

— Mesma coisa, inclusive, meus pais vem para cá passar o natal e depois vão me levar para passar ano novo lá.

— E quando você volta?

— Fim de janeiro.

— Eu vou sentir sua falta.

— Eu acho que também vou sentir a sua.

— Como amiga? – Ele saiu da posição que estava e se deitou de lado, agora olhando para mim.

— Claro – Respondi enquanto me deitava de frente para ele.

jorge maravilhaOn viuen les histories. Descobreix ara