xxi. SÁBADO

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Acordei com alguém batendo na minha porta, abri os olhos lentamente sentindo doer, olhei meu celular e vi que eram três da manhã, independente de quem fosse ou qual roupa eu estava usando, decidi só abrir a porta, a pessoa na frente fez com que meu sono desaparecesse por completo, eu apenas pulei em cima dele e entrelacei minhas pernas na sua cintura, sentindo suas mãos darem suporte para  a minha coxa, meu corpo inteiro arrepiou pela proximidade entre os nossos.

— Eu também tava com saudade, Gatinha – Otávio sussurrou para mim.

— Eu tava com mais.

— Impossível, eu não aguentava mais ficar longe de você.

— Eu quero transar – Confessei e ouvi ele rir.

— De verdade?

Acho que eu não conseguia nem pensar direito de tanto tesão que eu senti somente por ver ele, eu estava morrendo de saudade do meu namorado.

— Você não quer?

— No dia que eu responder não, me interne.

Ele fechou a porta com o pé e me carregou até a minha cama, depois me jogando em cima dela e ficando por cima de mim, seu cabelo estava bagunçado, seus olhos cansados e o quarto estava escuro, além de estar com uma temperatura maravilhosa, ele sorriu para mim e eu sorri de volta, ele me beijou de língua, sem pedir permissão ou dar um aviso prévio, senti meu corpo arrepiar novamente, ele era bom em tudo o que ele fazia e eu me questionava como isso era possível, eu me sentia miserável nas mãos dele, ele era apaixonante.

— Eu nem acredito que você é minha namorada – Sussurrou enquanto beijava meu pescoço.

— Você tá cansado?

— Um pouco, nada demais.

— Você quer dormir? A gente pode fazer isso amanhã.

— Mas você quer agora.

— Eu vou querer amanhã ainda.

— Tem certeza?

— Deita do meu lado, Otávio, para de ser bobão.

Assim, ele me obedeceu e se deitou do meu lado, minha reação foi me virar de frente para ele e acariciar seu rosto.

— Você não cansa de ser linda?

— Eu quero conhecer a sua amiga Sofia.

— E você vai, por sinal, ela é realmente só uma amiga, nós nunca ficamos nem nada.

— Tá tudo bem – Respondi rindo – Ela aparenta ser muito legal e ela é linda.

— Eu te amo.

— Eu também te amo.

— Seus pais já tem data para chegar?

— Dia vinte.

— Caralho, semana que vem.

— Caralho, já é semana que vem, tinha esquecido.

— Sabe a hora que eles chegam?

Nego com a cabeça.

— Vou ficar alerta em todos os horários para estar o mais preparado possível.

— Eles não moram comigo, eles não vão interferir no nosso namoro, não se preocupe.

—Mas eles são meus sogros, quero que eles gostem de mim.

— Mas eles são difíceis, não se preocupe com isso, vamos pensar em outra coisa.

— Tipo quando você vai conhecer os meus pais? – Ele pergunta sorridente e eu reviro meus olhos.

— Nah, sou péssima com pais, vou conhecer os seus só quando fomos casar.

— Então nós vai casar?

Eu ri e neguei com a cabeça.

— Espero que eu não tenha esse azar, não quero palmitar minha família.

— Se foder, Luma – Murmurou rindo.

— O que você vai fazer amanhã?

— Além de ser sua empregada doméstica, nada, eu acho, por quê?

— Eu te amo – Falei, meu coração doía por amar tanto ele, ele riu e deu um selinho nos meus lábios.

— Te amar é bom demais, Luma.

— Isso é vergonhoso.

— O que?

— Falar que te amo e ouvir que você me ama de volta, é bom, mas me deixa com vergonha.

— Você faz terapia?

— De quinze em quinze dias, por quê?

— Você devia falar sobre isso com a sua psicóloga caso seja algo que te incomoda muito, sei lá.

— Você está dizendo que eu tenho que fazer terapia? – Perguntei rindo e, mesmo no escuro, consegui ver suas bochechas corarem.

— Eu me preocupo com sua saúde mental, ok? Vai que você tá pirocada das ideias e não notou ainda – Respondeu, também rindo.

— Eu sempre fui pirocada das ideias, Otávio.

— Vai que piorou, não sei! Só to tentando ajudar, eu te amo.

— Sentimento não recíproco.

— É? – Seu tom de voz se tornou provocante e eu confirmei com a cabeça.

— Então você não liga se eu mandar mensagem para Eduarda agora e chamar ela para sair?

— Pode ir, melhor que eu você não acha.

— Te digo o mesmo.

— Eu discordo.

— Quem é melhor que eu?

— Timothée Chalamet é suficiente para você ou você quer que eu cite outros?

— Fala alguém acessível.

— Você realmente quer que eu faça isso?

— Eu... Não, não quero, isso vai acabar com a minha autoestima, você acha que tem alguém que seja acessível melhor que eu? – Eu ri e neguei com a cabeça.

— Se eu achasse que tem, eu não tava com você.

— Eu tenho pica de mel então?

— Que porra, Otávo - Murmurei rindo e ele sorriu.

— Você não disse não, quem cala consente.

— Prefiro não acabar com a sua autoestima.

— Por sinal, a Maria me contou sobre a Raissa.

— O que ela disse?

— Se eu contar, fica no off entre nós dois?

— Sim, claro.

— Ela gosta da Raissa, mas é complicado, sabe? Maria foi criada por vó e você sabe como velho é, pique que a avó dela quase expulsou ela de casa quando ela começou a batalhar e tal, depois ela entendeu, mas, no começo foi difícil e, tipo, a mãe da Raissa adora ela, né, mas ela é meio homofóbica e, sei lá, acho que a Maria não tá pronta para entrar num relacionamento que vai dar tantas dificuldades familiares e emocionais para ela.

— A Raissa comentou sobre a mãe dela também e sobre relacionamentos queers em geral, eu fiquei bem mal por ela porque, enfim, toda essa situação é muito triste.

— É, a Maria tem esperança de que vai acabar se apaixonando por um homem ainda e casar com ele, até porque ela é bi, né?

— Sei lá, nem gosto de pensar muito nelas duas. Eu amo a Raissa, é até estranho o quão próxima nós ficamos em tão pouco tempo e nos conhecemos a pouquíssimo tempo, mas, as vezes é como se eu conhecesse ela a minha vida inteira, eu queria poder cuidar e ajudar ela, mas eu não posso fazer nada, essa impotência me deixa mal, entende?

— Considerando que a Maria é minha melhor amiga, eu entendo bem.

— Mas elas vão ficar bem, eu acredito nisso.

— Eu também.

jorge maravilhaWhere stories live. Discover now