xiii. TERÇA FEIRA

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(postando fora de data para tentar animar meus leitores que fizeram enem adoro vcs lacrudos amanhã sai o resto da terça-feira!)

Desde o domingo, eu e o Otávio não nos falamos, acho que isso pode ter vários motivos, entre eles, pode ser o fato de que eu ignorei suas mensagens nos últimos dias. Eu não conseguia dormir ou comer, eu me sentia culpada pela situação com a Eduarda e eu não gostava da ideia de estar criando sentimentos por ele, nós éramos bons amigos, não fazia sentido ver ele de outra forma, ou sentir aquele frio na barriga quando via ele, então decidi fazer um detox dele.

Ele desistiu de me mandar mensagem depois de eu não responder na segunda de tarde e, o pior, eu sabia que isso só tornaria a situação mais difícil, mas eu não queria ser uma escrota. Eu falei com o Matheus sobre a situação, ele disse que era óbvio que eu estava fazendo algo errado, mas decidi continuar fazendo da mesma forma, eu não sabia como melhorar a situação mesmo.

Eu preferia mentir do que admitir que eu estava apaixonada por ele.

Depois do bandejão, eu fui andando para casa, como sempre, mas o som de uma buzina me parou, olhei para trás e vi o carro dele, minha única reação foi rir, rir mais que o normal.

— Tá louca, porra? – Ele perguntou, também rindo.

— Você tá me seguindo? – Perguntei rindo ainda.

— Não... Mais ou menos, talvez?

— O que você quer?

— Entra no carro, quero conversar e te levar para tomar sorvete.

— Se eu entrar, sou obrigada a conversar ou eu posso só tomar sorvete?

Ele fechou o vidro e abriu a porta do carro, me abraçando com força, seu perfume era bom e forte, eu sabia que ficaria preso na minha roupa e eu sentiria ele por bastante tempo caso não me trocasse; eu senti falta dele, mas não abracei ele de volta, eu senti medo de fazer isso, ele se afastou um pouco e segurou meu rosto, apoiando meu rosto na palma das suas mãos, em seguida, beijou minha testa e meu nariz, ele era apaixonante e aquilo me dava raiva.

— Sai comigo, por favor – Ele pede, seus olhos eram tristes e eu sabia que os meus provavelmente também expressavam o mesmo sentimento, eu me sentia quebrada longe dele.

— Eu não posso hoje.

Fui honesta, eu tinha meu estágio e minhas responsabilidades, eu gostava de ter o Otávio por perto, mas eu sabia que, por ele, eu largaria tudo o que estava tentando construir antes de estar devidamente estabilizado.

— Posso, pelo menos, te deixar em casa?

— Pode.

Ele sorriu e foi até a porta do passageiro, abrindo-a para mim e depois entrando pelo lado do motorista, tocava Kanye West no carro, não sabia qual era a música, mas eu conseguia identificar a voz. O Tavin usava uma blusa básica verde musgo e uma calça jeans preta. Como eu já achei ele feio algum dia da minha vida? Olhando para ele agora, eu achava ele uma das pessoas mais lindas que já tinham existido.

— Eu sei que você ainda tá chateada comigo – Ele disse sem olhar para mim.

Senti-me pelada em uma sala em que todos usavam de gala, meu nariz começou a arder e minha visão ficou embaçada, eu sabia que ele não olhava para mim, mas sentia o que eu sentia.

— Não sabia que você ligava para quem eu ficava.

Eu me importo.

— Eu não ligo – Falei – Foi só... Sei lá, não foi nada, Otávio.

— Bem, eu me importo se você ficar com alguém – Falou.

Senti uma dor equivalente ao que minha mente considerava um tiro, como ele conseguia ser tão transparente sem ter medo?

jorge maravilhaWhere stories live. Discover now