xli. QUINTA FEIRA

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Eu entro no quarto e sinto a mão do Otávio tocar a minha costa, me afasto e vou até o seu armário, pego uma cueca e uma regata, depois vou até o banheiro e sinto a água quente cair pelo meu corpo, eu queria beijar ele e fazer ele lembrar de mim, mas não sabia se eu realmente teria coragem para fazer isso; quando acabo o banho, decido usar a toalha do Otávio para me secar e visto, depois saio do quarto e encontro o menino de cueca pegando roupa para si no armário.

Pensei em rir ou falar alguma coisa, mas decidi fazer apenas me deitar na sua cama, ele não aparentava estar com vergonha por estar numa situação tão vulnerável, optou por apenas seguir até o banheiro em silêncio. Encarei o teto, ele me trazia muitas memórias boas, era engraçado pensar que eu e o Otávio brigamos mais terminados do que quando estávamos juntos.

Em dez minutos, ele saiu do banheiro e se deitou do meu lado na cama, ficamos de frente um para o outro em silêncio, apenas admirando a pessoa na nossa frente.

— Você sempre me achou bonito? – Ele perguntou, eu neguei com a cabeça.

— Mas eu sempre gostei da sua voz.

— Sério?

— Sim, eu acho que você me conquistou assim.

— Eu sou louco por você desde a primeira vez que a gente se encontrou, eu nunca tinha visto alguém tão... Sei lá, você.

— Isso é ridículo, eu sou básica.

— Você tem um ar diferente das outras meninas que eu conheço, uma postura diferente, você ficou na minha cabeça por dias, eu diria, na verdade, que até hoje você está na minha cabeça.

— Pétalas.

— É.

— Você chorou mesmo?

— É, talvez eu tenha chorado um pouco – Responde rindo – Tudo é perfeito depois do autotune.

— Você sentiu minha falta?

— Óbvio que sim, ainda sinto, mas, a gente meio que deixou as coisas complicadas e confusas, não?

— Acho que sim, não sei dizer.

— Minha mãe ainda quer te conhecer, ela diz que, independente do nosso término, ela quer conhecer a menina que eu tanto falo sobre.

— Ela vai me odiar.

— Nah, não vai.

— Eu sou péssima com pais.

— Pior que eu, impossível – Nós dois rimos.

— Você não foi ruim com eles, eles são difíceis.

— Você tem conversado com eles?

— Pouco, eu fujo deles o quanto eu posso.

— Eu imagino, acho que faria o mesmo se eu fosse você.

— Minha psicóloga não acha isso certo, mas ela me entende.

— O que ela acha que você deveria fazer?

— Ter coragem de enfrentar eles, ela diz que você está saindo do controle deles e eles não sabem lidar com isso.

— Sua mãe sente que você tá saindo do controle dela?

— Provavelmente sente, eu saí do controle dela antes do que era esperado, eu já estou fora do controle dela, né? Mas, enfim, talvez ela se sentisse assim, mas eu não acho que ela já tenha tentado me controlar dessa forma, eu sempre fui bem obediente.

— Eu gosto de você.

As palavras saíram da minha boca sem que eu esperasse, foi estranho, ele concordou com a cabeça e beijou a ponta do meu nariz, depois me puxou para um abraço, eu senti tanta falta disso e de sentir ele como eu sentia antes. Gosta do Otávio era maravilhoso, eu amava essa sensação.

jorge maravilhaTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon