xxxii. SABADO

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Eu, Raissa e Maria entramos na casa dos meninos de forma discreta, não porque estávamos nos escondendo, mas porque a atenção estava voltada para um menino com dreads vermelhos bem magro que estava virando uma garrafa de gin enquanto as pessoas ao seu redor gritavam para ele continuar, eu segui até a cozinha enquanto a Maria e a Raissa foram para o lado de fora tentar conseguir maconha de graça.

Me abaixei próximo ao armário embaixo da pia e vi que a garrafa de Polak, que sempre estava lá, não estava. Me levantei do chão e virei para sair da cozinha e ir para a sala, mas me esbarrei em alguém, sentindo um líquido gelado cair em mim, fechei os olhos e respirei fundo tentando manter minha calma, o cheiro de cerveja invadiu minhas narinas, abri meus olhos lentamente e vi meu ex, ele riu e eu acabei por rir com ele, sentindo toda a raiva que eu senti antes desaparecer.

— Você sempre derrama cerveja em mim quando eu to de blusa branca, já notou isso? – Eu disse e ele concordou com a cabeça.

— Desculpa para te levar pro meu quarto.

— Você continua o mesmo cafajeste de sempre, né?

— Suas amigas te falam isso?

— As vezes, mas acho que é mais uma opinião própria.

— Mas você gostava de mim assim, não?

— Você vai me levar para trocar de blusa ou eu vou ter que ir para casa? – Ele riu e negou com a cabeça.

— Eu bebi, não posso te deixar em casa, mas acho que deve ter alguma roupa sua por aqui, eu te levo lá.

Confirmei com a cabeça e ele colocou a mão direita na minha costa enquanto me conduzia para a escada, ninguém notou que estávamos indo, se eu quisesse beijá-lo, talvez ninguém fosse descobrir, mas eu queria? Eu queria mesmo voltar para ele ou será que tudo o que tivemos já tinha acabado e eu queria reviver memórias antigas que tinha guardado com carinho de uma época sensível e delicada que vivemos.

Ele abriu a porta para eu entrar, como sempre, eu me sento na sua cama e ele vai até o seu armário, tirando uma blusa que, definitivamente, não era minha, senti meu sangue ferver e um desconforto imediato, ele jogou a blusa em mim e continuou procurando, até que encontrou uma regata fina que eu usava para dormir, depois jogou em mim e abriu a porta do banheiro.

— Eu imagino que você não quer se trocar na minha frente.

Eu segurava a blusa que não era minha, ela era um top laranja neon sem mangas, como uma faixa, meus olhos estavam focados na peça de roupa tentando formular o que eu devia falar ou fazer.

— Essa blusa não é minha – Falei e ele franziu o cenho.

— Impossível, eu devo ter dormido com, sei lá, três pessoas que não eram você e nenhuma delas tinha esse top, além disso, só você dormia aqui.

— Você dormiu com três pessoas além de mim e só me contou sobre uma delas?

— Porra.

— Você mentiu para mim! – Me levantei da sua cama sentindo meu sangue ferver – De quem é essa blusa, Otávio? – Perguntei com toda a raiva que tinha dentro de mim, eu mordia o lado direito interno da minha bochecha tentando não chorar de tanta raiva que eu sentia dele.

— Luma, me desculpa – Ele disse e eu fechei o punho sentindo as minhas unhas irem contra a minha pele, eu queria bater nele.

— Quando foi? – Perguntei e ele respirou fundo.

— Uma foi uma semana depois que você foi embora, a última foi um dia antes de você voltar.

— Quem foram?

jorge maravilhaWhere stories live. Discover now