xxvii. QUINTA FEIRA

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FIZ MINHA ÚLTIMA PROVA DA FACULDADE FINALMENTE POSSO TRANSFERIR MEU CURSO UHU

Meu celular tocou, eram dez da manhã, dia vinte e oito de dezembro, olhei e vi o nome do Otávio na tela de bloqueio, atendi.

— Bom dia, Lumita – Ele disse com uma voz sonolenta, mas feliz.

— Bom dia, Tavin.

— Eu vi que seus parça daí fizeram uma festinha de bem-vinda de volta para você.

— Sim, sim.

— Como foi?

— Foi legal, eles tão ansiosos para te conhecer.

Ele riu.

— Um dia to colando ai.

— É bom me sentir em casa, sabe?

— Você não se sente em casa em São Paulo?

— Acho que ainda não, é uma sensação estranha, sabe? Soa muito como um sonho para mim, mas acho que, em alguns meses, eu vou começar a me sentir mais a vontade aí, sei lá.

— E o que você já fez aí além da sua festinha?

— Vi minha família e sai com o meu ex, como eu te falei, nós somos melhores amigos e etcetera, foi legal.

— Onde vocês foram?

— Em uma livraria que também é cafeteria, eu sempre fui muito lover de lá, o dono é um ex-professor meu, você gostaria de lá, é bem cozy.

— Eu já tô com saudade de você.

— Eu também.

— O que você tá fazendo agora?

— Bem, eu to deitada na minha cama no escuro e pelada.

— Igual como você está nos meus sonhos.

— Se foder, Otávio.

— Só se for com você, meu amor.

— O que você tá fazendo agora?

— Jogando vídeo-game, esperando o Thiago e o Leozin ficarem prontos para gente ir fazer mercado.

— Eu adoro fazer mercado.

— Eu notei, você ficava toda animadinha quando a gente tava fazendo lista do que tinha que comprar pra sua casa e, no mercado já, seus olhos brilhavam vendo o carrinho ficando cheio.

— Eu também amava organizar a despensa e a geladeira.

— É, você ficava fofa arrumando as coisas.

— Você tem pensado em mim?

— Todos os momentos, gatinha, eu não consigo parar de pensar em você.

— Eu também não consigo, amanhã eu vou para cidade praia vizinha da minha e aí provavelmente vou ter pouco sinal.

— Você fica lá até quando?

— Até tipo seis de janeiro, eu acho.

— Que merda, só me toquei agora que a gente terminou, eu jurava que ia virar o ano namorando.

— Pelo menos você pode beijar quem quiser agora.

— Quem eu quero tá muito longe para eu conseguir fazer isso.

— Você sabe que nunca fica sozinho.

— Fato, mas eu posso tentar dessa vez, quem sabe?

— Você tem uma fama péssima, sabia?

— Sei, mas eu nunca faço graça quando to namorando, mesmo que agora estejamos terminados, a gente ainda namora na minha cabeça.

— Na minha também, mas não é verdade.

— Você é ciumenta?

— Não muito, e você?

— Consideravelmente, mas eu acho que não tenho ciúme do seu ex.

— Provavelmente porque ele não é uma ameaça.

—  Alguém é uma ameaça?

— Por enquanto, não.

— Por enquanto?

— Eu não prevejo futuro, se eu fizesse a mesma pergunta para você, você não conseguiria também me garantir de que, no futuro, não surgiria alguém que pode ser uma ameaça para mim.

— O que você vai fazer hoje?

— Arrumar minha mala e sair com uma amiga minha.

— Qual é o nome dela?

— Marina, ela é minha vizinha.

— Como ela é?

— Branca, bem pálida, na verdade, um pouco mais alta que eu, magra, corpo formato pêra, ela é bem bonita, tem um cabelo de tamanho médio e cabelo enrolado, algumas sardas, olhos castanhos, nariz pequeno e fino, lábios não finos mas também não são grossos, ela tem uma cintura bem fina e barriga chapada, ela é linda.

— Você ficaria com ela?

— Se ela não fosse quase minha irmã, acho que sim.

— Vocês se conhecem há quanto tempo?

— Nossa, não faço ideia, Mozi, mais de dez anos.

— Uma cota.

— Aham, e o que você vai fazer hoje além do mercado?

— Tem Ana Rosa, vou colar e ver no que dá, mas to sem meu beijo de boa sorte, então já to ligado que vou perder.

Eu ri e neguei com a cabeça, depois ouvi ele rindo um pouco.

— Otávio.

— Eu.

— Quero deixar bem claro para você de que você tá solteiro, eu decidi terminar para ter certeza do que eu sentia, porque, enfim, minha mãe me enlouquece, mas você tá livre e tá tudo bem, quando eu voltar, a gente vê o que dá para fazer, mas não se priva de viver por mim.

— Eu não sei se quero viver sem você.

— Isso não é muito saudável, você sabe, né?

— Eu não ligo, eu não vejo mais graça em viver minha vida como se você nunca tivesse acontecido.

— Eu preciso desligar.

— Tá bem.

— Até mais, Otávio.

— Até mais, Luma.

jorge maravilhaWhere stories live. Discover now