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emma:

depois da escola eu fiu de bike pra clínica ver a minha mãe. Eu não tinha visto a minha tia ainda, na verdade, eu acho que ela saiu pra algum lugar de manhã.

eu cheguei na clínica e ela tava no parquinho desses que tem: balanço, escorrega, casinha de criança e etc..

Nessa clínica que a minha mãe tá, tem adultos que tem traumas de quando eram criança e por isso os médicos recomendam eles brincarem, porque pra os adultos internados, é como se eles ainda fossem crianças assustadas.

minha mãe me disse que uma colega dela de 81 anos, sofreu abuso quando  ainda tinha 06 anos.

essa idosa sofreu abuso dos seus pais, e toda a família dela sabia, inclusive alguns até presenciaram os espancamentos que a idosa sofreu quando ela ainda tinha 06 anos.

acabou que essa idosa ficou tão traumatiza, que a mente dela também  se atrasou, chegou no hospital bem magra e foram algumas pessoas da tia que trouxe ela.

quando ela começou a falar que yinha 06 anos de idade pra sua família, acharam que ela estava luoca e jogaram ela na rua

ela cresceu mais a sua mente não..

então nesse hospital que minha mãe tá, é normal vê adultos chorando porque a joaninha foi embora, ou porque seu amiguinho não quis devolver o seu brinquedo entende?

então essas atividades no parque vão fazer eles superarem seus traumas mais rápido.

minha mãe me viu de longe e assenou me mostrando um sorriso que eu nunca vi, e posso falar?

essa sensação de vê alguém sorrindo em te vê, se sentir especial pra alguém é foda pra caralho.

eu entrei na grama verde e fui em direção a ela, que pra minha sorte, tinha um balanço do seu lado pra eu me sentar.

-  pensei que você não vinha - ela revelou pra mim.

- por que não viria? - a perguntei e ela riu.

- sei lá, não sou tão especial assim né?
- ela falou e eu assenti falando.

- claro que é especial mãe. - falei e ela começou a se balançar.

- falou com a milly? - minha mãe trocou de assunto.

- falei, mas ainda não tenho resposta nenhuma. - me desanimei em lembrar

- eu tenho certeza que a milly não vai deixar de me fazer esse favor. - ela me confortou enquanto eu tentava me balançar, mas eu não sei.

ela parou de se balançar e me olhou.

- quer que te balance? - ela me perguntou e eu assenti com uma felicidade que não posso nem descrever.

acontece que eu nunca tive uma mãe que me levasse eu parques que me balcançasse ou que me ensinasse a fazer tal coisa.

mais no momento que ela percebeu que eu não sabia fazer aquilo sozinha, me ajudou, e pra mim isso significa muito mesmo.

eu percebi o quanto ela ficou arrependida de não ter me criado da forma que poderia quando me pediu desculpas.

ela sofreu muito também, e eu até que entendo ela sabe.
como que uma mulher que nunca teve amor ou carinho dentro de casa poderia dar isso ao seu filho?

a porra do mundo machucou ela, eu queria mesmo ter conhecido o Denis.
Da forma que  ela fala dele,  que os olhos dela brilham quando lembra das coisas..

acho que com ele, ela tinha esperança de ser feliz, mesmo casada tanyo tempo ela ainda tinha esperança de estar com ele algum dia, é uma pena que antes mesmo dela conseguir isso ele morreu. Acho que pra ela o pior foi vê ele pela última vez e não saber disso,  acho que ela se arrependi por não ter se despedido dele, da forma que deveria..

𝕞𝕚𝕟𝕖-𝔸𝕤𝕙𝕥𝕣𝕒𝕪Onde as histórias ganham vida. Descobre agora