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emma:

eu saí da sala de consulta e percebi que tinha que falar mais coisas, então eu voltei pra lá.

- doutora eu preciso falar mais.  - falei e ela se sentou. - se eu não falar agora talvez nunca mais fale.

- ok, pode se sentar de novo. - ela falou. 

- eu não consigo mais dizer te amo. - falei e ela me olhou pensativa. - eu me sinto fria, por dentro.
- ela assentiu.

- não existe pessoas frias, existe pessoas que aprendem a bloquear seus sentimentos. - ela falou.
- a alma guarda o que a mente tenta esquecer. - ela falou.

- como pode uma pessoa estar cheia de vida e depois ficar vazia? onde tudo vai? - perguntei.

- bem.. vamos fazer uma pergunta ok?
você tem uma vida ou uma rotina?
- ela perguntou e eu fiquei pensativa.

- eu tô tentando mudar por eles sabe?
- falei enxugando minha lágrimas.

- por que sempre estamos dispostos a mudar pelos outros e nunca por nós mesmo? - ela falou.

- não sei. - falei e me deitei. - todos as noites morre um pedaço de mim, sufocado com tudo que eu não disse a ele. - falei. - olho no espelho, vejo tudo menos eu. Acho que acabei me perdendo no personagem.. não sei mais quem sou. - eu chorei gesticulando e segurando em meu peito. - o que eu carrego é tão grande que não importa o quanto eu chore,
nunca consigo colocar tudo pra fora.
- ela respirou fundo e escreveu.

- você não pode mudar o que aconteceu. então não perca seu tempo
se cobrando por isso, siga em frente.
- ela falou e continuamos a conversa.

(...)

depois da consulta fui ao banheiro e me olhei no espelho. Eu tava parecendo um baiacu de tão inchada que tava a minha cara.
tentei molhar meu rosto pra vê se diminuia o tamanho do inchaço ao redor dos meus olhos, mais não mudou em nada.

liguei pro ashtray e ele veio me buscar, eu sabia que ele não ia me julgar por ter chorado ou algo do tipo.

entrei no carro e ele me encarou antes de da partida.

- anda logo ash, fala vai. - olhei pra janela do carro.

- você tá bem? - ele perguntou.

- não. - falei e ele tirou a chave do carro indicando que só iríamos embora se tivéssemos uma conversa.

- então por que finge que ta? - ele perguntou.

- porque só assim as pessoas não tem pena de mim ash. É estranho né? ver uma pessoa que sorri tanto triste por dentro - falei.

- e você não pensa em mim? puta merda eu tô aqui por você, é tão difícil me contar algo?

- olha, é justamente pensando em você que tento ser feliz ash. É difícil pra caralho falar qualquer coisa pra pessoas que não passaram pelo mesmo que eu. - falei o olhando e gesticulando.

- eu quero te ajudar a falar isso. - ele falou se sentando de lado na cadeura do volante.
- quando você foi embora doeu pra caralho. Ai eu te encontrei e vi que seus olhos não brilhavam como antes, quanto tava comigo. - ele falou.
- as vezes tudo que eu penso, é você.
vê que você esconde as coisas de mim doi pra cassete emma. - ele falou e eu o abraçei forte, precisava daquilo.

- desculpa ash. - segurei em sua roupa e apertei. depois do abraço nós fomos embora.

(...)

eu tava em casa com o miojo e assistindo. Eu chamei o ashtray mas ele não vinha, eu acho.

𝕞𝕚𝕟𝕖-𝔸𝕤𝕙𝕥𝕣𝕒𝕪Where stories live. Discover now