"Claro. Pode entrar. Ele está no banho, eu vou chamá-lo." Ela diz e abre espaço para que eu entre.

Ela me guia para o pequeno cômodo no andar de baixo, que é usado como escritório do Niall e eu me sento na poltrona. Batuco meus dedos nervosos em minha calça úmida enquanto espero. Meu coração parece que vai sair pela boca a qualquer momento e eu respiro devagar e profundamente tentando me acalmar.

Niall aparece na porta do escritório instantes depois, a fechando logo em seguida enquanto caminha em minha direção. Ele usa apenas uma cueca samba canção preta de cetim e os cabelos estão levemente molhados.

"Eu espero que o que você tenha pra falar comigo seja muito importante mesmo. Eu estava pronto pra dar uma rapidinha. E você está empatando a minha foda."

Não presto muita atenção no que ele diz e olho para ele com os olhos levemente arregalados quando ele se senta na cadeira de frente a mim.

"Louis está vivo." Disparo, não conseguindo me conter.

"Oi?" Ele franze as sobrancelhas me olhando.

"O Louis está vivo." Reintero.

"Você está bem, Harry? Bebeu alguma coisa? Foi drogado? Tomou uma dose exagerada de zolpidem?"

"Eu pareço estar alucinado, Niall?" Digo irritado passando a mão pelos cabelos. "Você realmente acha que eu ia brincar com isso?"

Ele fica em silêncio, parecendo me analisar por um instante. Sei que soa absurdo, mas é a mais pura verdade. Ele parece reparar o meu semblante que não tem nem um traço de brincadeira, e então um vinco se forma entre suas sobrancelhas.

"Ele tá vivo?"

"Eu já falei que sim, caralho." Me levanto da poltrona e começo a andar em círculos pela sala. "Eu acabei de sair do restaurante onde o suposto sósia dele era chefe. Mas adivinhe? Não existia sósia algum. Era o Louis o tempo todo, e ele me contou tudo. Ele forjou a própria morte e mudou de identidade. Zayn era fachada. Ele nunca foi bandido, por isso nunca teve ficha criminal. Louis matou um dos presidiários. O corpo que foi achado nunca foi o dele. E olha que isso é só um resumo."

Olho para Niall e ele me encara de boca aberta, parecendo absorver tudo o que eu acabei de dizer. Ele pisca os olhos lentamente parecendo um pouco perdido e ergue as sobrancelhas. Percebo a perplexidade de Niall e então continuo:

"Um detento tentou estuprá-lo e Louis o matou. Eu soo doente se eu disser que eu fiquei feliz com isso?" Não espero a resposta de Niall e balanço a cabeça. "Não com o quase estupro, claro que não… meu Deus, não. Eu quase morri quando ele me contou, meu coração ficou do tamanho de um grãozinho de areia. Mas fiquei feliz por ele ter matado o cara. Assim como fiquei feliz por ele ter matado Joshua. Louis mata e eu acho bem feito? Meu Deus do céu, onde foram parar os meus princípios?"

Solto uma risada incrédula e encaro Niall. Ele parece confuso, olhando para o nada. Mas logo seus olhos sem foco me encontram.

"Essa é a coisa mais louca que eu já ouvi em toda a minha vida." Niall sussurra, parecendo refletir. "Você tem noção que ele é um gênio?"

Paro os passos e fico encarando-o. Eu estou pirando e Niall foca nas artimanhas de Louis? Sinceramente…

"Você sabe que os crimes que ele cometeu simplesmente se aniquilam?" Ele pergunta com os olhos levemente arregalados. "Segundo a constituição, quando o réu morre, automaticamente extinta a punibilidade e o Estado perde o poder de punir. Afinal, não tem como punir alguém morto. E mesmo se ele for pego, ele pode ser processado por falsidade ideológica, por fraude processual e mais alguns agravantes, mas os crimes que ele cometeu antes disso, são extintos. De vinte e oito anos, ele pegaria apenas uns cinco, seis, no máximo. E mesmo assim, já se passaram dois anos. E esses foram os anos mais críticos. Se ele não foi descoberto até hoje, é bem improvável que ele seja agora. Ele já foi esquecido."

EXTORSIONÁRIO [L.S]Where stories live. Discover now