𝐔𝐍𝐂𝐎𝐕𝐄𝐑 ꩜ ᴇᴠᴀɴꜱꜱᴏɴ (✓)

53. Impasses Inevitáveis

[Capítulo levemente inspirado em trechos de 'How Long'; Charlie Puth]

North End, Boston
5 de fevereiro, 20h

S C A R L E T T

Estávamos muito mais aliviados por estar com o caso definitivamente fechado agora. Por não precisar mais nos preocupar, pelo alívio de estarmos seguros e a satisfação de mais um trabalho concluído mesmo com tantos problemas. Profissionalmente, Evans e eu estávamos bem.

O problema é que desde a conversa da tarde, ele ficou muito mais quieto do que o costume. Em casa, nós jantamos juntos, assistindo a mais um jogo, e eu deixei a minha louça na pia, como ele havia pedido após alegar que iria lavar. E então subi. Tomei um banho, sozinha, esfriando o corpo e a mente, e então me deitei.

Ele não demorou a subir, e fez o caminho direto para o banheiro, enquanto eu descansava e trocava mensagens com Margot, combinando que, assim que ela estivesse definitivamente melhor, me ajudaria a levar minhas coisas de volta para a minha casa. Com Reynolds presa, não havia mais qualquer perigo para mim.

— Você quer conversar agora? — Ouço Chris questionar, se sentando na cama.

— Sobre? — O pergunto, me apoiando melhor ali, para ficar sentada.

— Não enrola, Scarlett. — Ele diz, sorrindo com um certo desdém.

— Quanto tempo você ficou com Caroline? — Sou direta, vendo o loiro suspirar.

— Começamos a conversar dois dias depois que peguei o número dela no bar. Começamos a nos envolver no dia do aniversário dos gêmeos.

— No dia que você me levou ao parque. — Digo, mais para mim, mentalizando aquela informação. — Então.. Todo esse tempo em que você me chamava de ‘Pimentinha’, e inventava mil apelidos carinhosos, você fazia o mesmo com ela, hm?

— Não é bem assim. Com ela nunca teve sentimento. Era só um sexo sem compromisso.

— Você parecia bem empolgado com esse “sexo sem compromisso” quando eu sugeri um relacionamento com exclusividade, em Nova Iorque.

— Eu já planejava cortar relações com ela ali. Não neguei o relacionamento com você por causa dela, eu neguei porque você me pegou de surpresa.

— Negou, e reagiu de uma forma bem rude para quem só estava surpreso.

— Óbvio, Scarlett! Você vivia me dizendo que nunca iria sentir o mesmo por mim, que não conseguiria retribuir o que eu sentia. Vivia ressaltando como era um “relacionamento” sem futuro. Queria que eu fizesse o quê? Que morresse esperando você se decidir? Você me mandou tentar achar outra pessoa e garantiu que não teria problema, agora quer me cobrar?

O ouço esbravejar, compreendendo cada uma daquelas palavras. Ele não estava errado, não na maioria dos pontos. Mas não era por causa daquilo que eu queria ter essa conversa. Aqueles argumentos já estavam bem claros na minha mente, e eu tinha ciência de que não podia lhe cobrar por nada daquilo se fui cúmplice. Por isso eu só sentia meu ciúme, quieta.