❝ ᴡᴇ ᴀʀᴇ ᴀ ꜱᴇᴄʀᴇᴛ, ᴄᴀɴ'ᴛ ʙᴇ ᴇxᴘᴏꜱᴇᴅ ❞
↬ Ter o título de melhor juíza e detetive do estado parecia ser mesmo um sonho, mas as circunstâncias que levaram a tão falada 𝐒𝐂𝐀𝐑𝐋𝐄𝐓𝐓 𝐉𝐎𝐇𝐀𝐍𝐒𝐒𝐎𝐍 a esse posto não eram exatamente tão boas assim...
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Roslindale, Boston 26 de dezembro, 18h
S C A R L E T T
Passamos toda a tarde conversando, trocando bons assuntos, e novamente jogando diversos jogos de tabuleiro, nos aquecendo dentro de casa, pois o frio havia chegado com mais força pela tarde.
Almoçamos todos juntos, e eu ajudei Lisa a fazer bolo e doces para o lanche da tarde. Adorava estar com ela, e no fundo sabia quem ela me lembrava. O motivo de me sentir tão confortável com ela. Eu sabia muito bem quem eu fingia que ela era.
Nos despedimos dos Evans a pouco, e eu ainda sorria boba por Lisa querer tanto me ver outra vez, combinando uma ida à cidade para me encontrar. Agora estávamos no carro. Chris ia dirigindo, Dodger atrás, dormindo, cansado de tanto correr, e eu ao lado do loiro, encarando a janela, vendo a paisagem passar.
Árvores imensas, pinheiros de metros em um tom verde vivo mas quase cobertos pela neve espessa, que aos poucos davam lugar para edifícios, prédios e casas mais contemporâneas. A música da rádio compunha a paisagem, me deixava divagando sobre tudo. Realmente tudo.
Pensava em como estavam meus irmãos, e os pais deles. Como estaria se Hunter ainda estivesse vivo, como a minha vida seria. Sabia que eu possivelmente não teria conhecido ninguém que está na minha vida hoje. Eu nem estaria nessa profissão, tudo seria tão diferente...
Eu não teria conhecido Evans. E não estaria aqui, nesse carro, pensando no beijo que demos ontem à noite. Em como o meu corpo se comportou, em como o dele se comportou. Nos nossos toques, nos sons..
Eu não podia me deixar levar por isso. Precisava me manter firme na decisão de me afastar de Evans. Estava gostando muito da proximidade que estávamos tendo, a relação de amizade estava num nível bom, engraçado até. E isso eu não queria perder. Então pensava, e pensava mais em como fazer isso. Em como tomar a decisão certa sobre os sentimentos, sem afetar a amizade.
— Direto para casa? — Ouço Chris perguntar, e olho novamente ao redor, percebendo que já estávamos passando de Bay Village.
— Sim.
— Ei, Scar. Você está bem? — Ouço Chris perguntar, e assinto. Sinto o carro parar no semáforo fechado e logo sinto a mão dele no meu queixo, me puxando para lhe olhar. — O que houve?
— Nada, eu 'tô bem.
— Tem certeza?
— Sim.
— Está tão calada.
— Eu sou calada, Evans.
— E voltou a me chamar de Evans.. O que eu fiz?
— Você não fez nada. Acredite em mim, está tudo bem.
— Ok.
Ele se calou, e eu me calei. Voltei a encarar a janela, me sentindo ansiosa para chegar em casa. Cada rua que ele entrava, cada desvio que fazia, me deixava minimamente mais inquieta. Eu queria falar com ele, mas falar sobre o quê? Não sei. Queria conversar, queria ouvir a voz dele, queria ele me explicando qualquer coisa. Que saco.
