50. Talvez, definitivamente

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— Brittany, eu... Ahn... Eu...

Nesse momento, a loira segurava uma de suas mãos, carinhosamente, sobre o peito inquieto dela, e, a atenção de Santana passou a ser toda daquele ritmo contínuo, vibrante e bonito. "Eu sou a causadora disso?" Pensou vidrada, e, bom, nem fazia sentido perguntar-se, já que, segundo a própria dona do coração, sim, ela era. Quanta responsabilidade em suas mãos, não? Seu corpo estava esquentando cada vez mais, e ela não sabia dizer o que aquilo, realmente, significava. Apenas sabia que era algo. E não qualquer algo, pois, qualquer algo, não a causava tais sensações.

Petrificada, Santana engoliu em seco, notando ondas energéticas subir toda a espinha dela.

Brittany dissera: "eu te amo" a ela, há não muito tempo, de súbito, como quem cantava uma canção, da forma mais natural possível. Apesar de bêbada. E esse mínimo detalhe, sem dúvidas, irritava um pouco a Lopez. Talvez, muito. Como podia uma coisa dessas no mundo? Não, não podia. Não no seu mundo. Pessoas bêbadas, só falavam besteira, era regra. Era lei. Era seu conhecimento -indiscutível- sobre a vida. Era tudo. Não era? Porque senão, era para ser, costumava ser, tinha que ser.

Mas, não parecia que ela tinha a razão ao seu lado nesse caso, porque a besteira era inexistente.

Todavia, ela implorava para o universo, com todas as forças para que, parecesse sim, besteira. E como. Aí, ela teria como (e motivo para) escapar de uma garota bêbada à frente. Mesmo que não quisesse. Muitas contradições guiavam-na, fato. E sempre fora assim sua natureza. Santana já escutara a mesma frase, pelo menos, de umas quatro ou cinco pessoas diferentes na vida, só que elas não foram emitidas da mesma forma que os lábios finos se permitiram agora.

Não mesmo, nem chegava perto de se assemelhar com as outras vezes.

As demais "declarações" sempre vinham com algum interesse duvidoso por trás da voz-maldita. Além de lhe parecerem tão vazias quanto um saco de vento ou um 'bom dia' de alguém com a cara fechada. Ela não sentiu nada disso vindo de Brittany. Nem tinha como sentir. Mas, seria mais fácil se tivesse sentido, visto que, palavras cruéis sempre a tiravam-na disso. O coração da ex-líder de torcida estava saltitando conforme aquele abaixo de seus dedos. Suas bochechas se encontravam em brasa, e seus olhos imergindo em azuis há apenas um olhar objetivo para cima. Nada bom, apesar de muito bom. A morena ainda estava se esforçando, se despedaçando por dentro, em conflito, tentando se recuperar daquele abalo sísmico que foi a declaração da Pierce. Porque era demais para ela. Demais, demais, demais. Isso a assustava. Qual era o ponto exato que o amor, algo tão irreal, tornava-se uma pessoa de carne e osso, mesmo?

Por que Brittany tinha que ser tão fofa?

Era impossível ignorar tudo o que ela dissera. Já era ruim o bastante o fato de se darem tão bem. A latina estava tão sem palavras agora, como nunca, jamais, ficaria descartando determinados pretendentes por aí. Entretanto, não dava para ficar calada. Tinha que abrir a boca, reconhecia que precisava falar algo, mesmo que não fosse o bastante.

— Admito, foi muito bonito o que você disse...

Santana afastou sua mão de Brittany e segurou sua própria, apertando uma à outra com alguma intensidade, certamente nervosa, olhou para baixo uns bons segundos.

— É apenas a verdade, San.

— Se quer saber, isso não é nem um pouco justo, Britt... Nem um pouco.

Primeiro reflexo: confusão.

— O que não é justo?

— Você é maravilhosa demais...

Destino ou não - BrittanaWhere stories live. Discover now