36. Declínio

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"Liberdade"

Foi essa, a única palavra que, ousou ecoar através da cabeça desorganizada de Santana Lopez, no instante em que, a mesma, resolveu beijar enfim Brittany S. Pierce. Aquela sua amiga de olhos azuis, e um pouco mais alta que ela, e loira, e fofa, e que conheceu de forma peculiar, e de quem salvou a vida e... E pronto, ela o fez. Como se fizesse a coisa mais simples do mundo: beijou-a. Ao ar livre, sobre o penhasco de Rosefield, num começo de inverno.

Glorioso mês de Dezembro.

E o vento gelado cruzando a face de ambas. O coração de Santana estava saltando violentamente para fora do peito esquerdo. Como uma metralhadora. As mãos apertando a cintura da outra como se não houve o amanhã, e os lábios delas movimentando-se em conjunto, ao mesmo tempo em que suas línguas perpassavam deliciosamente, e seus corpos comprimidos de distância emanavam certo fervor entre as pernas. Brittany tinha os polegares tranquilos nas maças do rosto dela, e o resto dos dedos fincados em meio aos seus cabelos soltos. Tão afável.

A loira estava guiando a ação toda, por mais que o começo derivara da decisão da morena. Vários e vários sentimentos mesclados ajudaram, a adolescente mais baixa, a se entregar a aquilo. E o estopim porventura fosse: a saudade. Agora, a latina tinha deixado bem claro o que iria fazer para a surpresa da Pierce que, nem conseguira pensar depois de ser agarrada por ela. Elas estavam tão energizadas. Trocando verdadeiras ondas fulminantes, por meio dos beijos.

"Eu quero que se foda, Brittany! Eu não me importo mais. Eu vou te beijar..." foi tudo o que a Lopez dissera à outra, antes delas chegarem ao que rolava agora.

Bom, para alguns, liberdade é uma palavra, ou melhor, um conceito que, talvez, nem exista. Quem pode julgá-los? É só olhar para a sociedade. Estariam todos se iludindo com a suposta liberdade que nem existe? Tudo é pré-determinado pela natureza? Circunstâncias nos levam a ações? É o destino ou não? Não importava no fim. Porque a morena, ali nos braços da loira, pôde ter a certeza de que existia sim, para ela, liberdade. Isso, após tomar a sua temida decisão, é claro.

Sim, aquela, a de se jogar ao novo.

Esse novo que, tanto a confundia, mas que poderia ser a sua única verdade, dentro da cidadezinha insuportável. Sinônimo de Rosefield. Aos poucos Santana trouxe as próprias mãos, antes grudadas na cintura de Brittany, para o rosto da mesma, tocando-o, segurando-o, explorando-o. Entretanto, continuou deixando a outra orientar a atividade.

Ela só queria sentir a graciosa feição da líder de torcida, só isso.

Brittany localizava-se cada segundo mais entusiasmada, com os lábios carnudos nos seus. Ela andou um pouco para algum lado no penhasco, não tinha muita noção de onde, sem se afastar da latina, levou-a consigo, e despendeu a altura das mãos sobre o rosto moreno até que os seus polegares pousassem sobre a linha do queixo de Santana, afastou os lábios rosados da boca da outra, para assim, voltar a encontrá-la em seguida, puxando-a, numa terna mordida.

A Lopez era tão gostosa... Dava raiva, e provocava vontades veladas insanas.

É, deveria ser proibido: ser assim, como ela, a morena. Sua mão esquerda permaneceu no lugar, quando a direita resolveu dar a volta na parte posterior do crânio de Santana, e ali segurou e juntou um punhado de cabelo com dedos finos, segurando-o num aperto íntegro, puxou um pouco para trás. A morena sorriu com a atitude, e produziu um pequeno rosnado em protesto, levando seus dedos macios ao pescoço da Pierce, onde arranhou suavemente a pele branca, todavia ela nem se preocupou, e continuou. Em determinado minuto, a Lopez estendeu os braços sobre os ombros da loira e subiu a elevação dos pés, para poder acabar um pouco com a diferença de altura delas.

Destino ou não - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora