45. Palmas?

273 22 4
                                    

"SENHORITA BRITTANY PIERCE, ACORDE JÁ!"

Tratava-se do berro que voltava à memória da loira em ecos importunos, infinitos e horrendos, conforme a mesma tentava entender como é que, ela havia ido parar ali onde se encontrava, na hora. Genuinamente, não sabia. Seu físico desligado do mundo, luzes fortes do sol e de lâmpadas penetrando suas pupilas sem dó nem piedade, um relógio barulhento. Os dois tinham muito em comum. Exceto a parte barulhenta. A atleta estava em modo automático, exatamente como o instrumento de ponteiros na parede. Mas, lhe faltavam pilhas. Tudo que fizera a seguir foi: coçar os olhos, fitar à mulher que acabara de se acomodar à diante e endireitar as costas. Ok, agora sim era uma pessoa apresentável. Não estava mais sozinha.

— Bom dia, Brittany.

— Bom dia.

— A senhora Doosenbury me relatou que é a quarta vez que você cochila durante as aulas de Geografia só esse mês, por isso está aqui. – A conselheira do McKinley, Emma Pillsbury, informou-a calmamente, à medida que passava um lencinho úmido que, surgira do nada em suas mãos, numa pequena estátua impecável, de tão limpa, sobre a organizada mesa. – Você quer compartilhar comigo o que está acontecendo?

— Não sei...

— Tudo bem. Vou facilitar um pouco pra você. Só me responde sim ou não agora, ok? – Ela esperou a adolescente concordar e continuou ao testemunhar tal ação. – Tem insônia durante a noite? Sua alimentação vai mal? O treino das animadoras anda pesado demais? Está brigada com um colega, parente, ou namorado?

— Não, nenhum desses. – Brittany respondeu distraída a série de questionamentos, enquanto olhava para o relógio da sala de vidro, direcionou os olhos azuis na mulher novamente, sorrindo forçado. – Olha, tá tudo bem, senhorita Pillsbury. Eu só estava um pouco cansada, não vai acontecer de novo.

A garota começou a levantar do assento.

— O problema é que aconteceu diversas vezes já, Brittany. – Rebateu a ruiva sem freios, concentrada na limpeza interminável dos utensílios de sua mesa. – E se continuar, nós teremos que passar o assunto para a direção, a pedido da professora, e isso vai chegar ao seu pai...

— Ok. – Ela suspirou soltando o corpo na cadeira da qual pretendia fugir. – Acho que não vai ser necessário.

— Ótimo. – A ruiva sorriu, encarou-a olho a olho e jogou o lencinho recém-usado no pequeno lixo do lugar. – Bom, tem alguma situação que anda te incomodando nos últimos dias?

— Sim...

— E essa situação seria aqui na escola?

— Mais ou menos.

— E você se sente confortável para me revelar ela agora?

— Não.

— Ok, eu imaginava. Você pode me dizer alguma coisa que possa ajudar então? Por exemplo, um detalhe, algo que não entregue a situação de fato, porém me dê uma ideia do que está acontecendo.

— Eu... Tenho sonhos muito... Muito ruins.

— Ah, sonhos? – Emma balançou a cabeça em compreensão e inclinou-se um pouco avante. – Eles sempre atrapalham o seu sono noturno?

— Nem sempre.

— Ok. E com que frequência tem esses sonhos ruins, Brittany? Diria que muita?

— Não... Quer dizer, vem e volta, não é algo contínuo... Fazia um tempo já que não acontecia, admito que, por isso, foi estranho quando voltou.

Destino ou não - BrittanaWhere stories live. Discover now