29. Universo e suas ironias

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"Você acabou de ouvir Scar Tissue de Red Hot Chili Peppers aqui na rádio..."

Blá-blá-blá. Ora, e quem se importava com isso? O rádio do automóvel continuava o seu trabalho normal. E as líderes de torcida? Localizavam-se lado a lado nos bancos confortáveis do conversível prata de capota levantada que, cobria a escuridão e as estrelas da noite céu acima. Ambas as estudantes, mal haviam notado a melodia transmutar de uma hora para outra naquela rádio-qualquer, pois estavam caladas simultaneamente desde a última frase emitida por Santana. "Eu lembrei o que aconteceu entre a gente" foi o que a latina acabara de declarar.

Então... Ela se lembrou, não é? Foi do nada? Quer dizer, significava que ela se lembrava de tudo, agora? Ou quase? Ela... Ela lembrou-se, enfim, daquilo?

Mas, de tudo o que? E daquilo o que? Perguntas, perguntas e mais perguntas. A loira precisava era de ar puro. Aliás, super-puro. Sede de ar, não água. Que inferno! Os vidros das janelas estavam fechados por acaso? Ela olhou e, aparentemente, não. Estava bem ventilado por ali até. E as janelas totalmente abertas.

Não faltava oxigênio, faltava alguma outra coisa.

O que a oração dita pela outra adolescente queria dizer de fato? Lembrar-se de algo. Poderia ser qualquer coisa do mundo. Brittany não sabia se tais palavras referiam-se exatamente ao beijo de Halloween delas, ou se era sobre qualquer questão alheia que viajava pela cabeça da morena na ocasião, porque claramente, era difícil entender o tom de voz misterioso da Lopez, e mais ainda, imaginar o que ela poderia estar pensando sobre. Não é? Perguntas demais surgiam para respostas de menos. Uma porcaria.

Quer dizer, vamos lá, Santana devia estar pensando em várias e várias coisas assim como Brittany, ela não estava sozinha nessa, só podia ser isso.

Por mais que, já tivesse assumido a verdade para a outra garota, Santana Lopez ainda encontrava-se resgatando imagens e sensações do subconsciente-quieto, sobre a madrugada de 31 de Outubro... E bom, ela estava conseguindo com sucesso. Coisas foram chegando e chegando, em flashs mais rápidos que os de Brittany.

Vejamos o que a Lopez passou a evocar da mente...

Britt-Britt, a pirata que, ela roubara da sua rival capitã Barbie-Fabray, havia levado ela até o seu quarto na casa de Alma Lopez, após saírem da badalada festa de Kitty Wilde. Depois, disse coisas sem relevância alguma (segundo, é claro, o desinteresse nítido do cérebro-bêbado de Santana), seguidamente a loira sentou em sua cama, frente a ela, continuou falando sabe-se-lá-o-que com a sua voz graciosa e a policial-Lopez com seus olhos castanhos que, junto a sua "total" atenção, naquele momento, estavam direcionados e ocupadíssimos com a bandana vermelha envolvida em fios louros, avante.

Fazer o que, aquele pano com bolinhas era um dos melhores acessórios na fantasia, obviamente.

A morena levou as mãos ao rosto da outra, subiu-as até a raiz da bandana, puxando-a para trás da cabeça de Brittany, livrando os cabelos loiros dela, e então algo interessante havia acontecido, nesse processo, que foi nada mais, nada menos que, a reação da Pierce. Ah, como aquela bandana poderia ser mais envolvente que o rosto bobo com que a outra ficou, depois da ação instantânea da morena? Nunca poderia. Nunca. O foco mudara, e agora o pano não era mais ouro.

Portanto, a latina deixou a bandana de lado na cama, e logo se concentrou em deslizar os dedos carinhosamente por uma franjinha loura que, a cada dia estava maior e ela amava, levou alguns fios de lá para trás da orelha da garota e fitou olhos azuis surpresos.

Brittany iria perguntar algo, por conta de tudo isso, "Por que você..." ela tinha começado a falar, e parou subitamente ao ouvir o que lábios carnudos deixaram escapar, ou seja: que a loira era fofa. Tão fofa. E assim, Santana despediu-se. Como se já não fosse o suficiente, curvou-se na cama, em direção a Pierce e uniu a boca às bochechas quentes e rosadas da "amiga".

Destino ou não - BrittanaWhere stories live. Discover now