15. "Boas-vindas"

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"Tic-tac... Tic-tac..." O relógio cantava.

Girando o corpo para um lado e depois para o outro. Era desse modo, que se encontrava certa loira de franja, no perímetro não tão desconhecido por ela. Em meio ao intervalo de almoço de uma terça-feira, que, aliás, era a última de Outubro. Algumas pessoas estavam passando pela porta e recheando a sala musical, ao mesmo tempo.

Tic-tac, tic-tac...

E os próximos movimentos da proprietária dos olhos azuis consistiram em: Cruzar as pernas e em seguida, descruzar. Mais uma vez. Ok... Olhar para o relógio da parede de novo, e de novo, como em um looping aéreo infinito. Bom, pelo menos, era o que estava se assemelhando.

Olá inquietação! Quanto tempo faltava para aquilo acabar mesmo?

Honestamente, aquelas cadeiras de plástico do coral eram deveras escorregadias. Além disso, tinham todas, um buraco, quase quadrado, no design central. E o mesmo, estava perturbando o conforto das costas de Brittany. Melhor dizendo, nem era tanto por esse motivo...

Uma cadeira traz tamanho desconforto? Não mesmo! Porém, pessoas trazem. A humanidade é um amor (só que não). Simplificando, Sam Evans, seu amigo, e apenas isso, localizava-se sentado ao seu lado, olhando-a sem parar. O que seria uma ação nociva, logicamente, se Brittany não soubesse do interesse, cada vez mais evidente, do gamado jogador de futebol.

Ela necessitava acabar de vez com aquela condição, naquele exato instante se fosse possível. Que chatice!

No entanto, onde estava a sua coragem mesmo? Provavelmente em Seattle, ou no farol de Rosefield, fugindo para bem longe da posse das mãos finas. Seja lá para que local ela, genuinamente fugiu, sabe-se que a tal coragem era muito ágil. Mais ágil até, que a sua própria dona, que costumava ser uma bailarina destemida. Portanto, a "coragem foragida" merecia palmas, flores e chamadas de "bis" para o próximo grande espetáculo que preparava.

Holofotes, por favor!

É claro que, quando a Pierce a achasse, sim, aquela maldita coragem! A estudante faria alguma coisa em relação a Sam, e as aulas horríveis de espanhol, e até ao não lembrado ocorrido do farol... Lógico! E talvez não demorasse tanto, já que sua zona de conforto mental não era mais "tão amável" assim, quanto costumava ser, no passado, para a loira.

Ultimamente, "amável" era uma palavra tida como inexistente no dicionário de alguns muitos seres, não só no da menina Pierce...

Mesmo que um indivíduo escolha viver a vida de modo automático, assim como Brittany o fazia, certos sentimentos humanos são impossíveis de se ignorar completamente.

Sentimentos como raiva, ódio, frustração e derivados funcionam, mais ou menos, como um copo de vidro sobre uma mesa. Se alguém resolve enchê-lo, tudo ocorre bem, até o conteúdo chegar às bordas e ninguém se apressar para fechar a fonte de água, ou seja-lá-o-que-for-o-líquido despejado. Mesmo sabendo que, o copo, não precisa de mais nada, exceto ser esvaziado de alguma maneira, o que não parece ocorrer.

Seria preguiça? Talvez sim, talvez não.

É quando, finalmente, tudo transborda e molha o que está entorno. E o que era inofensivo, passa a ser problemático. A realidade era que, tudo estava incomodando Brittany Susan Pierce, novamente. Como pode? Por Deus! Era um ciclo infinito?

Não. Era apenas, o primeiro bimestre de aulas chegando ao fim, abrindo as portas vermelhas para a entrada triunfal de Novembro, o mês mais chuvoso do outono Rosefieldiano.

Além disso, as notas da Pierce não estavam perfeitas. E seu pai, com certeza, iria ficar chateado com o seu recém-desempenho escolar. E havia um garoto enchendo o seu saco, outra vez. E o que teria acontecido naquele farol com Santana? E ela ainda odiava as comidas do cozinheiro Vitor...

Destino ou não - BrittanaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant