33. Oscilação

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"Vamos à previsão do tempo com Lisa Turner..."

Jornais da manhã eram tediosos demais, fora que, davam sérias dores de cabeça a jovem loira, dona dos olhos azuis, de sobrenome Pierce. Seria culpa do alto volume da televisão? Do brilho? Dos jornalistas chatíssimos? Das matérias abordadas? Da arrumação do set? Da cidade citada? É...

Vários e vários questionamentos, como costumeiramente.

Se Brittany assistisse mais vezes à programação aberta, naquele horário específico, talvez tivesse se dado conta antes e, não estaria fazendo caretas, sobre o sofá cinza da sala de estar de seu domicílio, para o que enxergava do outro lado da tela plana.

"Em Rosefield, a previsão para essa terça-feira de Novembro, é de que chova pela tarde e..."

Ah, que ótimo, chuvas eram boas! Esplêndidas e maravilhosas. Purificavam o ar. Além, é claro, do seu delicioso som ao bater-se no solo. Porém, o copo de café imóvel, nas mãos da adolescente, passou a roubar sua concentração por inteira, espontaneamente. Estava tomando café puro. Isso era um mau sinal? Por algum tempo não. Mas, dessa vez era? Possivelmente sim, devido às circunstâncias, seu coração que o diga. Ora, quem ela queria enganar? Não havia saídas para lugar algum. Eram só ela e os pensamentos, cara a cara.

Mal ouvira a previsão do tempo que, estava escancarada em sua frente.

Encontrava-se ponderando a respeito da bizarrice de sua "conversa" com a garota Lopez no dia anterior, tanto na que tiveram dentro da sala do coral trancada, como também, a dos corredores, durante o treino das Cheerios. E a escuridão do café, abaixo da linha do horizonte, puxava-a mais e mais para suas reflexões profundas sobre tudo. E o que ela mais desejava era: uma luz em meio à bebida sombria.

Aliás, que conversas com a Santana eram essas mesmo?

As líderes nem tinham conversado direito. Aquelas meras palavras soltas, não poderiam ser denominadas de conversa. Foram frases evasivas. Nada de concreto. Quanto às garotas, uma delas, foi até mais fugitiva que em relação à outra, na hora do teórico diálogo decisivo, acerca da relação delas. E da tensão que estava rolando ali. A propósito, em nenhuma das vezes em que as jovens se beijaram, elas conversaram, realmente, sobre aquilo, citando o nome do ato, em meio a tantas palavras jogadas ao vento.

Nenhuma das vezes.

Bom, se hipoteticamente aquela relação fosse uma peça, se encaixaria em que categoria: tragédia ou comédia? Vejamos, até aquele segundo do show, foram quatro beijos certeiros por um lado, confusos por outro, e o total de zero conversa-esclarecedora, além do bônus-repetição da palavra "amizade" para cá e para lá, como se outro tipo de relação já não englobasse, obrigatoriamente, isso no pacote.

Como progredir agora?

Pequenos ruídos preenchiam a comunicação das líderes de torcida, como o porquê de Santana beijar Noah e, depois, ficar extremamente preocupada com a reação de Brittany ao notar que ela assistira, em seguida, esquecer-se de que, não sentiu absolutamente nada com o rapaz através de seu "teste", pois o que mais a importou foram àquelas lágrimas enxergadas em olhos azuis, e por fim, ser incapaz de explicar para a loira tudo o que passava por sua cabeça, levando-a a uma justificativa falha, esburacada, confusa, igual a nada.

Talvez, existissem muitos porquês-furtivos ainda.

Elas, Lopez e Pierce, não se abriram totalmente para tais explicações de seus motivos, sentimentos, etc e etc, que as levaram aos últimos acontecimentos entre ambas. Visivelmente. E, no entanto, deveriam. E como deveriam. Seria bem melhor.

Destino ou não - BrittanaTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon