8. Mais de Santana Lopez

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A morte é o fim, mais que isso, é a única certeza de toda a humanidade. Qual o sentido de sofrer? Afinal, todos são avisados desde muito pequenos...

Ao passo que olhou para a sua avó em frente aquele caixão, tão vulnerável, com os olhos vermelhos, e lágrimas secas impregnadas na pele enrugada de sua face, Santana aproximou-se dela, pegando em sua mão, lançando-a um olhar reconfortante.

Não era preciso dizer nada...

Aquela morte não tinha sido chocante para ninguém presente no enterro, nem mesmo para o falecido, que em vida: apresentava problemas cardíacos. Ele era rabugento demais quando o assunto envolvia hospitais, médicos e cirurgias. Por fim, as pessoas aceitaram a vontade grosseira do homem de não se tratar e morrer.

Santana nunca simpatizou com a ideia de sentir "tristeza", não era algo normal para ela. Todavia, ela passava longe de ser um poço de otimismo também. Bem longe mesmo. Pessoas otimistas são irritantes e lunáticas. A morena era mais o tipo realista, ou seja, dentre muitas outras coisas, ela se conformava facilmente com a morte das pessoas.

Como mencionado antes, da morte ninguém podia ou pode fugir, é lei da natureza, e Antônio Lopez, avô de Santana, o falecido dentro do caixão, pensava o mesmo. E essa foi à única coisa na vida, em que os dois, avô e neta, concordaram.

A questão é que, para a adolescente, ver Alma Lopez, sua avó e detentora do cargo de "Mulher mais forte do mundo", daquela forma, despedaçada, no enterro do homem, foi um tanto quanto incomodo e triste. Mas, Santana não estava triste por causa do velório, nunca se deu bem com o avô, ele era um velho chatíssimo, uma versão pior de seu pai, Cesar. Santana, na realidade, estava triste de ver Alma chateada, e também porque não encontrava sentido para tal coisa, já que: Antônio e Alma viviam discutindo, e isso não mudou quando os problemas do velho vieram à tona.

Claro que é uma situação triste perder o marido, mas caramba precisava de tanta tristeza? Era só o que Santana conseguia pensar, e também na ousadia do homem de conseguir incomodar as pessoas mesmo depois de morto. Quando ele negou tratamento, era óbvio que a qualquer momento ele enfartaria.

Ao final do funeral de Antônio, as pessoas foram se dispersando pelo cemitério. Os pais de Santana já estavam fora do terreno, ela foi à última a sair de lá, foi quando Brittany a viu, no período em que a loira estava de castigo voltando de ônibus do colégio, antes do verão. Então sim, aquilo não havia sido uma estranheza, pena que a latina não a viu também...

Santana e sua família chegaram à casa de Alma, e o clima parecia estar bem mais leve do que o de horas antes.

— Você está melhor abuela? – Perguntou a adolescente sentando-se ao sofá vermelho, a velha assentiu, mas Santana não se convenceu. – Olha pelo lado bom, pelo menos você vai se mudar daqui...

— Eu não vou me mudar Santana. Você vai.

— Que? – Santana riu. – Não vou não, abuela.

— Seus pais não te avisaram ainda, niña? Eles falaram que iam avisar. – A mulher bufou meio irritada. – Maribel! Cesar!

A mãe de Santana apareceu na porta da cozinha, com uma colher de madeira em mãos, além disso, ela usava um avental branco e estava meio descabelada.

— Aconteceu algo, Alma? – Maribel perguntou preocupada. – Estou preparando o jantar. E o Cesar está no quintal...

— Contem logo para ela, sobre a mudança. – Alma disse, antes de deixar o cômodo e ir para seu quarto.

— Nós vamos nos mudar é? – Santana levantou do sofá para chegar perto de Maribel. – Pra onde, mãe?

— Pra cá. Rosefield...

Destino ou não - BrittanaWhere stories live. Discover now