22. Festa, doces e travessuras (p.1)

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Meow!

Aquilo se tratava mesmo, do miado agudo e adorável de um belo gato preto das trevas que, traria azar, de bom grado, a Brittany S. Pierce por tempo indeterminado ao seu conhecimento, cruzando seu caminho de propósito pela manhã, usando como arma de ataque a sua imensa fofura para hipnotizá-la, com tantas outras ruas para ele surgir que não fosse, exatamente, aquela por onde ela perambulava? Que atrevimento sem igual! Só podia ser uma das piadas de mau-gosto do universo. Grande "novidade".

Meow... Meow...

O animalzinho parecia desfilar divinamente com o rabo peludo e macio, empinado, em sua frente. Queria carinho? Comida? Um lar? Francamente, ela não fazia a menor ideia dos desejos dele, mas, queria inexplicavelmente apertá-lo gentilmente em seus braços e dá-lo um nome. Tão encantador. Ele aproximou-se mais ainda da loira, com auxílio de suas patas fortes e bem cuidadas. É, com certeza, o mesmo possuía um dono, era visivelmente bem alimentado.

Ok, talvez o melhor fosse ignorar e fingir que nada disso ocorreu, e que ela nunca havia visto-o.

É Halloween! Isso poderia ser perigoso... Pobre bichano, ele no final das contas, devia ser inocente de suas acusações de má fé contra a humanidade, e não uma chave para o azar perpétuo como muitas pessoas acreditavam ser, única e exclusivamente, por conta do pelo liso, negro e brilhoso que carregava em seu corpo bárbaro. Ou talvez fosse... Difícil saber. A garota jurava ter recebido um olhar fixo, maldoso e mortal do felino, estremeceu fitando aqueles olhos verdes de pupila vertical, lindos e assustadores ao mesmo tempo.

A percepção fazia-a até recordar-se de certo alguém.

Sentiu um aperto no coração, levou a mão ao peito. Estranho. Estava tudo bem, voltou a encarar o gato.

O que estava acontecendo? O feitiço havia sido lançado?

Em casos como aquele, havia uma maneira correta para agir? Existia algum tipo de manual para quebrar supertições malucas perdido pelas terras do planeta? Onde explicava coisas como, por exemplo: desviar os olhos, correr, pular ondas, andar para trás, fazer carinho no gato? Ou sabe-se lá o que, para quebrar a "magia negra" lançada... Ela estava abertíssima a sugestões para livrar-se do suposto azar recebido. Realmente, contanto que não precisasse reproduzir, com suas futuras ações, a música "Atirei o pau no gato", ou coisa relacionada, pois não compactuava com violência alguma.

Devo fazer ou não carinho no gatinho? Pensou, à medida que o encarava tão perto de sua canela, fazendo graça por lá, ele era fofo e amigável, em outras palavras, era impossível odiá-lo. Ela agachou perto dele.

— Olá amiguinho... Tudo bem?

Antes mesmo que ela pudesse fazer a sua decisiva escolha, o animal correu para longe da visão dos olhos azuis, e sumiu, sem mais miados reclamões para anunciar, sem mais carinhos, sem mais nada.

Ufa!

Tirando esse momento de pânico supersticioso momentâneo, a cada passo que Brittany dava pelas ruas e calçadas planas de Rosefield, lotadas de folhas dançantes e secas, ela sorria com a figura de crianças fantasiadas batendo de porta em porta pelas casas "sombrias" da cidade, em busca de doces nada saudáveis para o consumo, mas ainda sim, saborosos ao traiçoeiro paladar humano.

Chicletes, balas, pirulitos e chocolates...

O pirulito que ela pegara em sua casa já havia sumido em sua boca com a caminhada, só o que sobrara foi o gostinho amargo do morango. Quanto tempo não ia a um dentista? Isso a fazia lembrar-se até dos velhos tempos em Seattle, quando era mais nova e saia com seus amigos fazendo o mesmo. Doces! Eram tão bobos, pequenos e sonhadores, exatamente como estes que ela enxergava por olhos azuis felizes. Seu peito inundou-se de nostalgia, porém, ela permaneceu caminhando sem rumo algum, em linha reta.

Destino ou não - BrittanaWhere stories live. Discover now