Marcela fechou a cara e retrucou:

— Eu tinha esquecido que você é um escroto ridículo!

— Escroto é o meu...

E antes que meu namorado terminasse a sua frase carregada de ofensas, o diretor Roberto entrou na sala, fazendo o falatório e as faíscas entre Marcela e Teo cessarem.

— Bom dia, alunos. — Ele varreu os olhos pela sala enquanto todo mundo respondia "bom dia". — Vocês não precisam voltar para os seus lugares agora. As aulas da manhã foram suspensas porque iremos assistir à uma palestra sobre Comunicação Não Violenta. — Algumas pessoas comemoraram baixinho no fundo da sala. — Tendo em vista os acontecimentos de ontem, eu vi uma grande necessidade de reforçar o bom comportamento nessa instituição, pois somos indivíduos que devem respeitar uns aos outros, evitando qualquer tipo de violência.

Marcela lançou uma olhada na direção de Teo, como se quisesse dizer "escuta e aprende" e recebeu um discreto dedo do meio em resposta.

Eu apenas me ajeitei na cadeira, ignorando a rixa dos dois.

O diretor Roberto saiu da sala logo depois de informar que todos nós deveríamos nos dirigir ao teatro, onde aconteceria a palestra.

E era isso que todos os meus colegas estavam fazendo quando eu fiquei de pé e me forcei a caminhar para fora da sala.

Encontrei Teo encostado na parede do corredor e me aproximei.

— Você precisa relaxar — ele disse enquanto eu o abraçava. — O pior já passou.

— Mas a Bianca e o Guilherme ainda podem me denunciar.

Teo pareceu pensativo e disse depois de alguns segundos:

— A gente podia visitá-la no hospital. Caso ela esteja consciente, eu tento convencê-la a não falar nada.

— E você acha que isso pode dar certo?

— Não custa tentar.

— Quando nós vamos?

— Que tal hoje depois do colégio?

Eu concordei com um movimento de cabeça. Eu já estava ferrada mesmo e uma simples visita à Bianca não poderia piorar tudo. Ou será que poderia?

— Vamos, princesinha. — Ele segurou minha mão. — Uma palestra nos espera.

— Você mentiu pra Marcela hoje — comentei, mudando de assunto. — Confesso que eu não esperava isso de você, Teo.

— Ontem e hoje. — Ele me lembrou. — Mas foi só por uma questão de sobrevivência, como você gosta de dizer. Eu não iria deixar a minha namorada se lascar por causa de uma coisa que nem aconteceu.

— E se tivesse acontecido?

Teo me olhou de soslaio e respondeu após alguns segundos:

— Independente do que tenha acontecido, eu estou do seu lado.

Eu sorri pela primeira vez no dia.

— Você é tão compreensível comigo que às vezes eu até me sinto culpada.

— Culpada pelo quê?

Eu dei de ombros.

— Por te meter nisso tudo.

Ele esboçou um sorriso de canto.

— Eu não teria me enfiado nisso se eu não quisesse te ajudar.

A palestra estava prestes a começar quando Teo e eu entramos no teatro lotado de alunos barulhentos e nos acomodamos em cadeiras estofadas uma ao lado da outra.

Pedro apareceu na fileira à nossa frente e antes de sentar na cadeira bem na frente de Teo, deu uma olhada rápida em nós dois, um sorriso imbecil se destacando em seu rosto.

Teo suspirou ao meu lado e cruzou os braços, tão incomodado com a presença dele quanto eu.

As luzes do teatro se apagaram e a claridade do telão iluminou nossos rostos.

Um dos palestrantes apareceu no palco com um microfone e começou a se apresentar:

— Bom dia, pessoal. Meu nome é Davi e vou começar essa palestra com uma pergunta: quem aqui sabe o que é Comunicação Não Violenta?

Apenas meia dúzia de pessoas levantaram a mão.

— Pouca gente — Davi disse, andando de um lado para o outro no palco. — Vamos começar pelo cara que desenvolveu essa metodologia... — Ele se voltou na direção do telão. — Marshall Rosenberg...

O palestrante se interrompeu e todo o teatro entrou em um silêncio ensurdecedor quando uma sequência de fotos minhas, nuas e chocantes, apareceu no telão.


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Agora o bicho vai pegar😱



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