Capítulo 44

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Olho para os dois, pela roupa suja e o pedaço de pão quase mofado eu já deduzi tudo

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Olho para os dois, pela roupa suja e o pedaço de pão quase mofado eu já deduzi tudo.

-Meninas, porque vocês não sentam ali, hm?- elas concordam e vai correndo para os banquinhos de concreto que tem ali.- Você não come a quantos dias garoto?- jogo logo na lata, ele me olha assustado mas logo máscara a sua feição.

-Não é da tua conta tia.- ele cruza os braços

-Vai muleke abre o bico, tô vendo na sua cara que você tá com fome.- ele nega mas logo a sua barriga trata de te entregar.

-É vontade de cagar- ele fala logo que a barriga ronca, rir da sua cara.

-Vem, vou da comida pra você e tua irmã, deixa de ser orgulhoso muleke.- cruzo os braços

-Aceito tu da comida pra Lia, mas ae, só pra ela tá ligada?

-Ok, ok, mas quando sentir o cheiro da minha comida tu vai querer.

Chamo as meninas que veem correndo, vamos em direção a Lua e Mônica que estão sentada conversando.

-Ae- chamo a atenção delas- esses são Liane e Breno, crianças essas são minhas amigas, Luana e Mônica.

-Prazer- elas falam juntas.

-Vão pra casa agora, vou da comida a eles- elas franze a testa e me olham- depois.

Saímos da pracinha e fomos em direção a minha casa, Lua e Mônica foram para a delas, Safira veio comigo junto com a sua nova amiga.

Faço um comprimento com os meninos da guarda e entramos.

-Venham.- vou até a cozinha e coloco as coisas para esquentar.- vocês querem tomar um banho?

-Posso mesmo titia?- Lia pergunta e eu sorrio

-Pode sim princesa, Safira, leva ela lá no seu quartinho, ajuda ela a se arruma- ela concorda e as duas saem correndo para o quarto. Mexo as coisas e percebo a inquietação do Breno, mas fico na minha.

-Eu- Eu posso tomar também?- quase não consigo escutar a sua pergunta, sorrio e concordo.

-Vem, vou mostrar onde você pode tomar banho vou separar uma roupa pra tu.

Subo as escadas com ele atrás de mim, vou até um quarto de hóspedes e levo ele até o banheiro. Vou no meu e pego algumas roupas masculinas que eu tenho, separo uma bermuda e uma blusa que eu achava que daria nele, procuro também uma cueca nova e deixo em cima da cama do quarto.

Desço as escadas para ver a comida, mecho as panelas. Quando vejo que já está bom coloco nos pratos para eles comerem.

-Olha titia- Safira fala e para na minha frente. Sorrio aí ver Lia toda linda, ela tava com uma blusinha de alça amarela e um shorts fresco.

-Está linda pequena- sorrio e ela sorrir tímida.- venha comer- ela concorda, ajudo ela a sentar na cadeira e ela começa a comer.

Breno desce e eu sorrio, ele estava com uma regata preta e uma bermuda de pano.

-Aqui está a sua comida- sorrio e ele sorrir de lado tímido. Coloco o suco dos dois e eles comem.

-Obrigado- ele fala e eu sorrio dando de ombros.

Espero eles comerem e deixo Safira e Liane irem brincar ficando só eu e Breno na cozinha.

-Onde estão os seus pais- sem enrolar muito eu falo.

-Pra que quer saber?

-Não sou a sua inimiga Breno, quero te ajudar, ajudar vocês.

-Não pedi ajuda de ninguém- ele fecha a cara e eu suspiro.

-Eu posso te ajudar, não perguntei se queria ou não ajuda.- ele fica calado por um tempo e suspira.

-Como da pra perceber eu e Lia não somos irmãos de sangue. Minha mãe morreu quando eu era pequeno e meu pai é um usuário de droga retardado, ele me batia muito quando era pequeno, tive que aprender as coisas na marra, se eu não fizesse as coisas ele me batia, se eu falasse muito ele me batia- ele suspira e fixa seu olhar em um ponto fixo.- a uns dois meses eu fugir de casa porque não tava aguentando mais, não tinha como sair do morro, não tenho condições pra nada, aqui pelo menos sei que alguém poderia me ajudar, foi então que conheci a Lia- ele sorrir- acho que foi a única alegria de toda a minha vida, ela falou que os pais dela colocaram ela pra fora porque ela estava empatando a vida deles. Caramba, agora me diz, que tipo de pais são esses que colocam a porra de uma criança de três anos pra fora de casa, porra, três anos.- seus olhos se enchem de raiva.

-Foi então que eu decidi que iria proteger a pequena custe o que custar, transformei ela na minha irmã, agora somos nós dois contra tudo e todos.

-Eu sinto muito por vocês dois terem passado por isso tudo, sinto muito mesmo Breno- ele limpa as lágrimas e concorda

-Tudo bem, a culpa não é sua, é deles que não sabem usar a porra de uma camisinha, é tão difícil assim?- ele me olha.- sabe, as vezes eu me pergunto se eu deveria mesmo ter nascido- ele rir amargo.- porque ele não me matou ou sei lá

-Não diga isso- vou até ele é o abraço.- nuca mais diga isso.- a culpa também não é sua, de nenhum dos dois- beijo a sua cabeça e ele me abraça de volta, sinto ele molhar a minha blusa e escuto os seus soluços. Meu coração fica pequenininho.- Tá tudo bem agora meu bem, não se preocupe.

Ficamos um tempo em silêncio, apenas o seu choro e soluços eram ouvidos, continuo meu carinho na sua cabeça sem parar um minuto, o silêncio está tanto que nem as meninas eu escuto, com certeza já estavam dormindo.

Saber que existe pessoas que fazem isso com os próprios filhos me irrita para um caralho, porra se não quer filho se protege inferno. Essas crianças sofreram, mas não vai ficar assim.

-Vem, vamos dormir, você precisa descansar um pouco meu bem.- falo e limpo seu rosto, ele apenas concorda, fomos na sala primeiro e vejo as meninas dormindo com os brinquedos ao redor, sorrio e pego Safira no colo enquanto ele pega Lia. Deixo as duas no quarto da Safira e fecho a porta, levo ele pro quarto onde ele tomou banho e espero ele deitar, mas ele trava na porta.- o que foi querido?- pergunto e ele sussurra

-Posso dormir com você- ele fala e eu me surpreendo.- na verdade deixa pra lá, eu durmo sozinho e..

-Vem- estico a minha mão pra ele que me olha com aqueles olhinhos vermelhos. Ele pega a minha mão e vamos até o quatro, deito ele no meu peito e faço carinho na cabeça dele que não demora a dormir.

Minha Bela Perdição- Livro 1 da Série: ErradosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora