3.8 [Reescrito]

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!AVISO!

A fanfic passou por um processo de reescrita, o livro 1.0 - LAÇOS DESTRUÍDOS - está atualizado. Os nomes de alguns personagens foram modificados como o da protagonista, era Maria e foi mudado para Jane. Portanto se estiver Maria no capítulo é porque não foi reescrito ainda e caso já tenha sido, peço encarecidamente que me avise no pv o capítulo

Seul, Coreia do Sul - 02:04 a.m
Jane Point of View

Me virei para o outro lado da cama enquanto tentava dormir, a lembrança do homem desconhecido apalpando os meus seios me atormentava pelo segundo dia e mal conseguia dormir. Era uma sensação esquisita que se repetia como uma maldita cena de filme. As mãos ásperas, rechonchudas e cheias de veias vindo em contato com meu rosto. Se parece mais com um grande pesadelo.

Não conseguia ser forte pra sempre, também tenho inseguranças e imperfeições, já que na maior parte do tempo que discuto com outras pessoas por dentro eu quero correr pra um banheiro e desabar.

O medo de ser mulher na atual sociedade é maior do que ataques de tubarão num ano! Uma a cada dez pessoas sofrem ataques de tubarão em meses ou até em anos, e uma a cada cinco mulheres são abusadas a cada minuto. É uma comparação ridícula mas só mostra o quão os nossos medos são limitados demais a coisas que não estão ao nosso alcance.

Chegava a ser irônico já que pela milésima vez eu me perguntava o porque disso está acontecendo na minha vida, tinha tido momentos felizes aqui, mas 90% do tempo eram coisas ruins e que me deixavam marcas. Odeio marcas. Marcas nos deixam cicatrizes que na maioria das vezes se tornam grandes problemas no fundo de nossas mentes. Jungkook respeitou o meu espaço, desde aquele dia não tentou voltar no assunto e agradeci por isso. Talvez se agisse como se nada tivesse acontecido, ficaria tudo melhor, contudo sabia que não era verdade.

A minha janta foi deixava no criado mudo, mas ainda não tinha criado coragem alguma para me levantar e comer ao menos as frutas cortadas que tinham ali.

Nos últimos dias senti diferença até mesmo em minha relação com o Jungkook. Por algum motivo meu coração sempre acelerava entre nossas últimas conversas e sempre que o via, era estranho já que eu tinha sentido isso antes, a alguns anos atrás, quando namorava o Marcus.

Claro que não queria acreditar estar apaixonada por ele, eu gostava da nossa amizade e até mesmo nossa única transa me fazia falta. Porém sabia que não duraria para sempre e que não vale a pena dar um passo a frente em relação a isso. Isso é algo fora de cogitação até porque Jungkook não é o tipo de homem para estar numa situação como esta, com apenas uma pessoa.

Jungkook não tem psicológico para namorar alguém, não com seus ciúmes possessivos e com tudo que ele trabalha e vive diariamente.

Escutei a porta ser aberta e resmunguei de novo, sabia que amanhã teria um outro treino com Jungkook e que este era meu único dia livre até lá. Então permaneceria deitada, embrulhada e de baixo de um ar condicionado tentando me recuperar daquelas imagens.

Ver Jungkook matar o homem de soco não me pareceu ser o suficiente, aquela imagem também se repetia na minha cabeça e me fazia imaginar o quão bipolar ele conseguia ser. Uma hora conseguia falar comigo sobre traumas passados e até mesmo rir das minhas piadas sem graça, e outra hora parecia um serial killer que mata outras pessoas de forma sanguinária.

- Não comeu? - Escutei a voz rouca dele, por incrível que pareça nem os pontos em seu ombro ele me pediu para fazer, deixou o trabalho inteiro para Areum que fez questão de resmungar durante todo o processo.

- Não estou com fome. - Devolvi seca, querendo que ele desse meia volta e saísse do quarto, me deixando em paz.

- Mas você vai comer. - Disse ele, me surpreendi com seu tom de voz mais duro e até me virei.

Com uma força sobrenatural ele me pôs sentada com as costas apoiada na cabeceira da cama e se sentou ao meu lado pegando a bandeja e pondo um pedaço de manga com sushi na boca.

- Come comigo? Não comi nada hoje também. - Ele disse colocando o garfo em frente a minha boca, abri a mesma e peguei o pedaço de manga sorrindo por dentro pelo ato carinhoso. Carinhoso até demais.

- Quer assistir algo? -Perguntei.

- Não sei, o que me recomenda? Não sendo filme de princesa e romance... - Ri do seu jeito meigo de falar e neguei.

Mal sabia ele que eu sou a louca do terror e da ação. Coloquei um da coleção dos Velozes e Furiosos enquanto ele continuava colocando as frutas na minha boca. Poderia tomar o garfo da mão dele e dizer que podia fazer isso sozinha, mas preferi aproveitar que estava sendo mimada logo por ele.

- O que seus inimigos diriam agora se te vissem dando comida na boca de uma mulher? - Vi ele soltar uma risada anasalada e ri junto.

- Eles nunca mais me levariam a sério. Aqui na Coreia os caras não tem costume de se casar como na Itália ou no Canadá, preferem estar acompanhados de putas. - Disse ele. - Eu também era assim, mas acho que andar por aí com minha esposa falsa é bem mais legal. - Percebi as bochechas dele corarem e gargalhei enquanto ele encarava a comida.

- Não posso acreditar que você está com vergonha. - Brinquei.

- Cala a boca! - Ele voltou a comer e eu ri mais um pouco, tanto que acabei babando no ombro dele, me fazendo rir mais ainda. - Ah porra. Babar no meu pau você não quer! - Vi ele fazer uma careta de nojo e pegar um guardanapo na bandeja limpando a baba. Ele conseguia ser uma comédia.

- Coisas que você deveria ter nojo você não tem. - Disse pegando um sushi, confesso que não era tão fan de comida japonesa quando cheguei aqui, mas agora já estava completamente acostumada. Não era comum você almoçar lasanha por exemplo, eram coisas que eu inventava apenas quando estava sozinha e não tinha ninguém pra me atazanar.

Encostei no ombro dele prestando atenção no filme, senti ele passar as mãos pelos meus ombros alguns minutos depois e me aconcheguei em seu peito sem ligar para o que ele poderia dizer. Não durou vinte minutos até sentir meus olhos pesarem e eu cochilar.

Quando voltei a abrir os olhos passavam os créditos do filme na tv enorme, cocei meu olho sentindo que ainda estava em cima do peito de Jungkook. Percebi nossas pernas entrelaçadas e olhei pra cima me deleitando com a fofa visão.

Jungkook tinha a cabeça pendurada levemente para a esquerda com os olhos fechados e boca entreaberta, seus cabelos estavam como de um guaxinim e segurei a risada ao vê-lo bufar por alguma coisa.

Quem o olhava desta forma com certeza nunca imaginaria que ele matava milhões de pessoas e fazia até coisa pior.

Olhando para meses atrás quando cheguei aqui, nunca poderia imaginar que em algum momento eu estaria deitada em uma cama com ele, ainda mais sem transar. Claro que conhecendo ele e como o próprio Jungkook disse, não conseguia manter uma amizade feminina sem transar.

Agora cá estou eu com ele, deitada em seu peito e observando ele dormir tranquilamente. Sem pesadelos ou insônia atacando. Puxei o controle tentando não me mexer tanto e desliguei a tv voltando a me aconchegar no peito alheio.

Até que quanto estou prestes a cair no sono de novo sou brevemente empurrada até cair da cama, Jungkook se mexeu de um lado para o outro xingando.

- Você é um filha da puta, pai! Não deveria ter abandonado a mamãe e viver com outra família como se nós não existíssemos.

Foi tudo que escutei enquanto o encarava assustada, não sabia se deveria acordar ele ou simplesmente sair e chamar algum segurança. Com certeza foi porque pensei sobre ele estar dormindo bem, geralmente estas pragas me perseguem.

DANGER | Livro I • JJKOnde as histórias ganham vida. Descobre agora