• Capítulo 91 - Reta Final.

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Kah on·
Se passaram horas e finalmente terminei de fazer todos os exames. Ainda bem, não aguentava mais para ser bem sincera. O médico ainda não me disse o que realmente aconteceu, mesmo eu perguntando uma vez ou outra ele disse que seria melhor alguém que eu tenha intimidade me dizer, ou seja, os meus amigos. Confesso que fiquei preocupada com isso, pois por que eu não posso saber por ele? Com certeza deve ter acontecido algo muito sério e isso está me deixando muito apavorada. Sem contar que pelo visto o Ruggero não apareceu até agora no hospital. Não que eu deva exigir algo dele, eu sei que não estamos mais juntos, mas poxa, pensava que ele estaria aqui quando eu acordasse. Não perguntei nada ao médico sobre ele pois fiquei constrangida, já estou fazendo perguntas demais e talvez ele nem saiba do Ruggero, ou melhor, talvez ele nem o conheça, sem contar que ainda não vi meus amigos desde que fui fazer os exames.

Kah: doutor, quando eu vou poder ver meus amigos?- pergunto ao médico que está cuidando de mim enquanto entro em meu quarto do hospital de cadeira de rodas.
Médico: se quiser pode vê-los agora. Posso abrir uma exceção. Sei que deve estar muito preocupada para saber sobre tudo- ele diz me ajudando a subir na minha maca.
Kah: sim, estou sim- dou um sorriso fraco me deitando na maca enquanto ele vai colocando os aparelhos em mim.
Médico: irei chamá-los para vir agora, só não podem demorar muito- ele diz gentilmente, suspiro assentindo e assim que ele acaba de ajeitar tudo sai me deixando sozinha. Não sei porque, mas meu coração está acelerado e estou sentindo medo, muito medo. Será que isso é normal?
[...]
Kah on·
Já fazem alguns minutos que o médico saiu me deixando sozinha no quarto. Meu coração continua acelerado em meu peito e minha respiração pesada. Não sei porque, mas estou com um pressentimento ruim e isso me assusta de uma certa forma. Balanço minha cabeça de um lado para o outro para me livrar desses pensamentos. Eu devo estar ficando louca, só pode! Deve ser com toda certeza ideias da minha mente maluca, assim espero. Sou despertada dos meus pensamentos ao ouvir batidas na porta e pronuncio um "pode entrar". A porta se abre e vejo meus quatro amigos se aproximando e sorrindo de orelha a orelha e sorrio também em alegria. Eu amo eles demais e fico feliz em saber que eles se preocupam comigo, mas e o Ruggero? Por que ele não veio mais uma vez? Será que ele desistiu de mim? Ou melhor, do nosso filho?

Valu: o médico nos falou que você está melhor- ela sorri enquanto fecha a porta do quarto.
Lina: como foi os exames?
Agus: e como se sente?- ele completa.
Kah: apesar de entediantes eu sei que preciso fazer os exames.- eles assentem- E me sinto estranha, pelo menos sei que o bebê está bem!- suspiro aliviada.
Mike: ótimo e saudável- ele pisca para mim.
Kah: vocês já sabiam?
Valu: o médico tinha nos dito, mas ele ainda não tinha cem por cento de certeza e pediu para não contarmos para você.- assinto- Seu filho é um milagre Karol- assinto outra vez e sorrio. Realmente, ele é.
Kah: já que vocês sabiam disso com toda certeza devem saber também o que houve comigo depois daquele tiro e principalmente aonde está o Ruggero.- falo e eles arregalam os olhos ficando em silêncio- Não vão me contar?
Lina: Karol... Não acha que é melhor esperar um pouco? Você ainda não está cem por cento, apesar de bem.
Kah: esperar?- rio sem humor- Eu estou cansada disso. Eu quero saber o que houve de verdade e posso ver muito bem que vocês estão tentando esconder isso de mim. Por favor, me contem logo!- sinto meu coração se acelerar ainda mais quando Mike suspira e toma a frente para falar.
Mike: como já sabe você levou um tiro da Candelária...- Lina o interrompe.
Lina: corrigindo, daquela vagabunda e mal-amada da Candelária- ela diz fazendo eles soltarem uma risada fraca, mas nem isso me animou. Quero saber o que está acontecendo, sei que eles estão me enrolando e isso faz com que eu fique mais ansiosa e aflita.
Agus: depois disso ela morreu- ele fala e arregalo os olhos.
Kah: como assim morreu?
Valu: morreu ué. Ela está mortinha!
Mike: na verdade a Valu e a Lina acabaram de matar ela, já que a mesma estava muito debilitada quando a vimos no banheiro sem nem forças para se levantar- minha boca se abre. Estou surpresa!
Kah: vocês mataram ela?- pergunto chocada. Tenho que admitir que Candelária mereceu, mas nunca imaginei que as meninas fossem capazes de matar alguém.
Lina: não que sejamos assassinas, longe de nós, mas aquela vagabunda mereceu! Sem contar que mesmo a gente não terminando o serviço ela iria morrer. Ela estava toda quebrada!- ela afirma e apenas ouço. Sei que a Candelária me fez muito mal, talvez ela realmente mereceu isso que aconteceu, mas mesmo vivendo nesse mundo há um tempo matar pessoas não é o que eu mais gosto de falar ou fazer.
Kah: ok, e o Ruggero?- volto a perguntar e meus amigos se entreolham- Qual é? Me falem logo! Ele não quis mais saber de mim, é isso? Tudo bem, eu entendo ele.- suspiro sabendo que por dentro estou chateada- Eu não queria nosso relacionamento de volta e entendo que ele quis se afastar, mas poxa, agora nós temos um filho juntos, por que ele fez isso?- sinto meus olhos marejados. Eu sei que não iríamos ficar juntos novamente e nem se quiséssemos daria certo por causa do nosso passado, mas gostaria que ele passasse pelo menos um tempo da vida dele com nosso filho, principalmente quando ele nascer.
Valu: não é isso Karol...- ela para de falar e engole seco segurando o choro. Lina vai para trás apertando Valu em um abraço e franzo o cenho.
Agus: é que...- ele suspira- O Ruggero está morto!- ele afirma por fim fazendo meu coração errar uma batida e logo após sinto a sensação dele cair para o estômago como se estivesse se rasgando por inteiro. O quê? Estou em choque e paralisada com o que acabei de ouvir saindo da boca do Agus. Como assim o Ruggero morreu? Sinto meus olhos se encherem de lágrimas e torço mentalmente para que meus amigos estejam zoando com a minha cara, mas apenas vejo eles falando comigo, pareciam me chamando, mas não consigo os escutar, apenas ver suas bocas se mexendo. Sinto minha visão aos poucos ficando turva tornando meu campo de visão escuro e por fim apago me entregando a escuridão.
[...]
Narradora on·
Depois do que ouviu de seus amigos, Karol desmaiou fazendo com que Valu, Mike, Lina e Agus entrassem em desespero e chamassem o médico urgentemente.

Médico: o que houve?- ele pergunta entrando no quarto rapidamente e olhando para Karol desacordada na cama.
Valu: ela desmaiou!- a loira por sua vez afirma chorando.
Médico: ok, se retirem por favor, vamos cuidar disso- o médico diz e os meninos puxam suas respectivas namoradas para fora do quarto enquanto as enfermeiras entram e ajudam o médico com Karol, já que a mesma tinha acabado de entrar em uma parada cardíaca.

Do lado de fora do hospital:

Agus: droga, tudo isso foi por minha culpa!- ele afirma se sentindo culpado e desesperado, assim como todos.
Mike: não foi sua culpa Agus. Não precisa se sentir culpado!- o amigo tenta o acalmar mesmo estando igualmente abalado.
Lina: realmente. Uma hora ou outra ela iria saber, não tinha mais como adiarmos- a morena diz e todos assentem.
Valu: como vocês acham que ela irá reagir quando acordar?
Mike: não sei, mas acho que muito confusa.
Valu: será que devemos contar o que houve para a mãe dela?
Mike: acho que sim, afinal apesar de tudo a Karol é filha dela e por mais que Caro tenha feito muito mal a ela a mesma estava tentando se redimir- todos concordam.
Agus: e com certeza a Karol vai querer saber tudo o que aconteceu quando acordar.
Lina: e nós temos que contar, por mais que ela fique sem chão não podemos esconder nada, né?- ela pergunta fazendo todos pensarem. Lina estava certa, até porque a verdade uma hora sempre vem à tona e por mais doloroso que seja, a Karol tinha e tem o direito de saber de toda verdade.

Horas depois·

Kah on·
Me remexo ao escutar barulhos de apito ao meu redor e me esforço para abrir meus olhos. Assim que consigo vejo minha vista embaçada e viro minha cabeça para o lado vendo fios conectados ao meu corpo para medir meus batimentos cardíacos. Suspiro fundo sentindo minha visão aos poucos se tornando mais nítida e olho para frente tentando me lembrar do que aconteceu. Ainda estou no hospital, sozinha no quarto e sei que ainda está de dia pelos raios solares que atravessam pela janela. Meu coração se aperta e meus olhos se enchem de lágrimas ao lembrar do que aconteceu antes que eu desmaiasse. Tomara que tenha sido apenas um pesadelo e agora sim eu tenho acordado de verdade. Antes que eu possa pensar em mais alguma coisa vejo um homem de jaleco branco entrar no quarto, ou melhor, o médico que está cuidando de mim.

Médico: que bom que a senhorita acordou.- ele sorri- Como se sente?- ele pergunta e fico calada tentando processar tudo o que aconteceu. Tudo isso é muito recente e estou me sentindo...
Kah: confusa e mal, muito mal.- falo sentindo uma lágrima cair em minha bochecha- Eu quero falar com meus amigos, por favor!- afirmo já sentindo as lágrimas descerem pelo meu rosto e ele parece pensar.
Médico: ok, irei liberá-los para entrar.- ele fala e ainda o vejo parado bem na minha frente como se quisesse falar algo- An... Você vai ficar bem!- ele sorri antes de se virar e sair me deixando sozinha no quarto. Bem? Eu só vou ficar bem quando souber que tudo não passou de um grande pesadelo e que o Ruggero está vivo! Sinto minha mente criar várias teorias e me pergunto. Por que será que meus amigos disseram que o Ruggero está morto? Será que foi algum tipo de brincadeira? De verdade, se for irei ficar muito brava. Isso não é coisa que se brinca! Enquanto minha mente "borbulhava" com teorias malucas ouço batidas na porta e meu coração começa a se acelerar em meus peito. Pronuncio um "pode entrar" e a porta se abre dando a visão dos meus amigos em frente a porta. Eles ficam alguns segundos me encarando e só depois entram definitivamente no quarto enquanto Lina fecha a porta. Percebo que eles não sabem o que falar ou como agir, mas Agus toma a frente.
Agus: como você está?- ele pergunta receoso.
Kah: não importa como eu estou!- minha voz soa grossa. Eu sei que eles não tem culpa de nada do que está acontecendo, mas quero saber logo e de uma vez por todas o que eles estão me enrolando antes até de eu desmaiar- Podem me explicar porque me disseram...- sinto um nó se formar em minha garganta me impedindo de falar o que eu iria dizer. Não tenho coragem de perguntar isso em voz alta, então mudo minhas palavras- Aquilo... Antes de eu desmaiar?

Love Barriers [CONCLUÍDA]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt