• Capítulo 69

187 17 10
                                    

Kah on·
Ruggero me puxa fazendo eu sair de perto do Esteban e me abraça. Demoro um pouco para corresponder, pois estou em choque, mas logo o abraço de volta. São tantas coisas que estão passando em minha mente agora que só consigo chorar nesse momento. Foi mesmo Esteban que mandou Candelária aquele dia me bater no banheiro, mas isso não é tanta surpresa. O que mais doeu foi ele dizer que matou Gio e o pior de tudo foi por minha causa que a matou. Sem contar que não tenho o apoio da minha mãe para nada, não posso confiar nela, meu pai morreu, não sei quem o matou, nem aonde está o cofre e me sinto infeliz por isso.

Kah: será que p-podemos sair d-daqui? Q-Quero ir para c-casa- falo para o Rugge. Desde que cheguei nesse escritório parece que meu mundo parou e só agora me lembrei que está acontecendo uma guerra lá embaixo quando voltei a ouvir os tiros.
Rugge: podemos. Só precisamos ter cuidado ok?- ele se afasta, me olha e assinto- Eu te amo e estou aqui para tudo!
Kah: obrigada. Eu te amo!
[...]
Kah on·
Me jogo na cama grande do quarto do Rugge exausta. Assim que matei Esteban, Ruggero aceitou meu pedido e voltamos para casa. Tivemos que matar alguns capangas no caminho da saída do galpão, mas não foi difícil já que os capangas de Ruggero eram a maioria e estavam nos ajudando também. Com certeza ainda deve estar acontecendo a guerra entre eles. Queria muito ter ficado lá para pode ajudar, mas todas as confissões de Esteban me deixaram abalada. Assim que cheguei em casa tomei um banho de longos minutos para relaxar e troquei de roupa colocando apenas uma blusa grande do Ruggero e uma calcinha. Aproveitei para fazer alguns curativos em seu ombro machucado antes e depois que ele tomou um banho. Agora ele está lá embaixo, pois disse que iria fazer um chá para me acalmar já que até agora não consegui controlar minhas lágrimas. Sorrio fraco quando vejo ele entrar no quarto com uma xícara em mãos e me sento na cama. Ele se senta na minha frente e me entrega a xícara com o chá.

Kah: obrigada!- ele sorri enxugando minhas lágrimas e bebo um pouco do chá.
Rugge: não gosto de te ver triste- ele confessa e eu também não gosto. Na verdade acho que ninguém gosta de ficar triste e chorar muito até dar dor de cabeça, mas não é um sentimento que controlamos.
Kah: já vai passar. Eu prometo!- ele sorri novamente.
Rugge: amei ver você matando o Esteban, sério. Me deu um grande alívio ao saber que aquele cara nunca mais vai voltar a nos infernizar!
Kah: também fiquei e nem estou com ressentimento de ter o matado. Isso é ruim?- bebo mais do meu chá e ele nega com a cabeça.
Rugge: ele mereceu, pois já te fez muito mal!- ele afirma e tenho que concordar- Eu já estava ficando irritado. Ele ainda falou da minha família e sobre o seu corpo. Se você não o matasse naquela hora que tinha dito, me desculpa, mas eu ia ter que matá-lo. Ele estava me tirando do sério!- ele bufa.
Kah: eu sei, mas quero te agradecer que me deixou falar com ele e não se intrometeu- quer dizer, no início sim, mas depois ele se conteve e não posso exigir tanto dele.
Rugge: eu sei- ele resmunga desconfortável.
Kah: o que foi?- acabo de beber meu chá e coloco a xícara em cima do criado mudo ao lado da cama.
Rugge: nada- ele desvia o olhar e reviro os olhos.
Kah: não adianta mentir para mim!- ele bufa e volta a me olhar.
Rugge: é que eu fiquei puto quando o Esteban praticamente insinuou que vocês transaram- ele diz calmo e suspiro fundo.
Kah: sei que fica bravo com isso e confesso que foi o maior erro da minha vida ter me deitado com ele, mas já passou Ruggero.
Rugge: eu sei, mas me dói toda vez que me lembro disso ou quando alguém me lembra. Não consigo nem imaginar ele passando a mão pelo seu corpo, te beijando, te...- o interrompo colocando meu dedo indicador em sua boca.
Kah: se te incomoda para de pensar nisso, por favor. Você já transou com muitas mais pessoas e não fico pensando nisso- falo com sinceridade. Sei que ele fica puto, principalmente porque Esteban era seu rival e transou comigo, mas poxa, ele não pode ser tão egoísta!
Rugge: você tem razão! Vou tentar esquecer isso de vez!- ele afirma com sinceridade e sorrio- Agora mudando de assunto, por que não me contou que a Giovanna te ajudava a saber sobre seu pai?
Kah: é que na época não confiava em você ainda, por isso que não te contei, mas fiquei sabendo de poucas coisas já que alguém a matou e agora descobri que esse alguém foi Esteban.- suspiro frustrada- Por minha culpa!
Rugge: não se culpe! Tenho certeza que a Giovanna aceitou te ajudar por vontade própria, então a culpa não é sua!
Kah: é que não consigo entender o porquê Esteban fez isso, sério.- sinto meus olhos marejados- Se eu tivesse impedido Gio de saber mais a fundo nada disso teria acontecido!- sinto uma lágrima quente cair na minha bochecha e rapidamente a limpo.
Rugge: não pensa assim! Tenho certeza que ela não gostaria de te ver triste!- ele tenta me confortar.
Kah: eu sei, mas não tem como não ficar triste. Não acredito que Esteban foi tão cruel ao ponto de matar uma pessoa inocente que não tinha feito nada para ele- engulo o choro.
Rugge: sim, mas como disse, ela não gostaria de te ver triste. Sem contar que você não tem culpa! O Esteban que sempre fez merda e destruiu a vida das pessoas, mas agora ele morreu e nada mais vai nos atrapalhar e nem nossos planos- assinto.
Kah: por que não o matou de uma vez assim que o viu?- pergunto curiosa e limpo uma lágrima que caiu quando estávamos falando de Gio. Morro de saudades dela, sei que vai ser difícil superar a sua morte e cada vez que eu lembrar não vou conseguir conter as lágrimas.
Rugge: quando cheguei acabamos tendo uma conversa nada civilizada. Aquele desgraçado estava debochando até a um passo de morrer!
Kah: sim, vi isso quando eu e ele começamos a discutir, mas por que não o matou de uma vez?- pergunto curiosa. Pensava que o Ruggero na hora que visse Esteban iria matá-lo sem esperar um segundo sequer, mas me enganei. Sei que também não o matei no primeiro minuto, mas era porque tinha que lhe perguntar coisas que só ele podia me responder.
Rugge: acho que perdi noventa e nove por cento da minha postura de bandido mal quando te conheci!- ele afirma me fazendo gargalhar negando- Acho que exagerei.- ele ri junto- Mas desde que comecei a gostar de você, você...- ele dá uma pausa. Sei que ainda é difícil para ele desmontrar seus sentimentos na hora de falar- Conseguiu me fazer mudar- sorrio com sua confissão.
Kah: fico feliz por isso, mas você mudou por vontade própria. Posso até ter te ajudado, mas sua mudança não estaria acontecendo se você não quisesse- sorrio, ele me rouba um selinho e rio com seu gesto.
Rugge: agora gostaria de saber por que a senhorita fez aquilo na hora que chegou no escritório do Esteban? Quase me matou do coração!- ele afirma e solto uma risada.
Kah: desculpa, não foi minha intenção!- rio.
Rugge: ah não? Ok então, você só apontou uma arma em minha direção e gritou comigo- ele diz brincalhão me fazendo soltar outra gargalhada. Por mais que eu ainda esteja triste por tudo o que aconteceu, não sei como, mas Ruggero sempre consegue arrancar um sorriso e uma risada minha.
Kah: desculpa, é que percebi que você ia matar ele naquele momento e queria fazer isso.
Rugge: ah sim, só não me mata mais de susto, sério. Pensei que você ia me matar!- ele afirma e o olho incrédula.
Kah: está mesmo duvidando do meu amor por você Pasquarelli?- abro a boca em choque e ele nega rindo.
Rugge: sei que me ama, mas você me pegou de surpresa naquela hora. Aliás era só ter me avisado antes que queria matá-lo viu?- ele passa seus braços em volta da minha cintura. Fico feliz que ele saiba que o amo, amo muito na verdade!
Kah: me desculpa! É que nem eu sabia que queria tanto matar ele, até ouvir gritos no andar de cima, aí decifrei na hora que eram de vocês. Estava com medo de você não aceitar também, mas bom, vou te dar um desconto por você ter duvidado do meu amor por você- soltamos outra risada.
Rugge: não iria te impedir! Por mais que queria muito matar o Esteban sei que ele te machucou ainda mais.- sorrio com sua atitude- E outra, gosto muito de te ver assim!
Kah: não sei o que acontece. Por mais que eu esteja triste parece que quando estou com você tudo melhora- falo com sinceridade e ele sorri.
Rugge: fico feliz de ouvir isso!- ele me abraça- O dia foi bom até. Estamos agora juntinhos e matamos o Esteban!
Kah: verdade.- suspiro e saímos do abraço- Por mais que eu esteja chateada com tudo o que ele me disse é bom saber de toda verdade. Pelo menos futuramente não ficarei me perguntando sobre nada disso, como a morte da Gio já que agora já sei- ele assente.
Rugge: e você quis matar ele por causa do bebê né?
Kah: isso e outras coisas também que falei na hora de matá-lo. Ele já me fez muito mal!
Rugge: sinto muito por tudo que ele te fez passar, principalmente aquele dia que te deixou na rua toda machucada e pelo nosso bebê.- assinto- Lembro que aquele dia quando você chegou em casa com as meninas toda machucada eu disse que iria matar ele, mas você me impediu e olha aqui quem matou ele- ele aponta para mim me fazendo rir.
Kah: como dizem né, o mundo não gira, ele capota!- rio mais uma vez.
Rugge: o que acha de assistirmos um filme agora?- ele pergunta e assinto.
Kah: acho uma ótima ideia! Minha boca já está doendo de tanto rir- ele ri.
Rugge: então vou lá fazer pipoca e você escolhe um filme ok? Mas não é para ser aqueles de romances, pelo amor de Deus!- ele afirma se levantando e rio.
Kah: vou pensar em seu caso, mas antes...- me levanto indo em seu direção- Preciso te fazer duas perguntas. Na verdade uma é um pedido.
Rugge: ok, pode fazer- fico em sua frente.
Kah: vamos para a pergunta primeiro e preciso que me fale a verdade. Você sabe o porquê minha mãe quer tanto te matar? Por que ela te odeia tanto? Eu preciso saber!Kah: eu preciso muito saber!- afirmo e ele desvia o olhar- Ruggero, me responde, por favor!- praticamente imploro e ele volta a me olhar.
Rugge: não, eu não sei porque sua mãe quer tanto me matar!- ele afirma um pouco rude.
Kah: então por que ficou tenso entre a minha conversa com o Esteban?
Rugge: não fiquei tenso.
Kah: ficou sim. Eu percebi e não adianta mentir!- afirmo e ele bufa se afastando.
Rugge: eu já disse que não sei!- ele afirma irritado e reviro os olhos. O bom humor dele estava bom demais para ser verdade.
Kah: e eu já disse que está mentindo! Por que não me conta o que sabe?
Rugge: sério, estava tudo bem e agora você começou com esse papo estragando tudo!- ele joga as palavras em cima de mim e respiro fundo fechando os olhos, mas logo volto a olhá-lo.
Kah: eu não estraguei nada! Só te fiz uma simples pergunta, você que ficou irritado desse jeito. Isso prova que você sabe de algo e está mentindo!
Rugge: já disse que não sei de nada Karol. Por que eu saberia?

Love Barriers [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now