• Capítulo 85

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Dia seguinte·🌞

Kah on·
Desço do carro do Uber depois de pagar o motorista e logo o vejo dando partida no carro e saindo do meu campo de visão. Hoje acordei cedo e ansiosa, pois tomei uma decisão de vir a casa da minha mãe. Sei que da última vez que nos vimos não foi tão bom, mas até que não foi tão ruim comparando a última vez que vim nessa casa e tive até que muita paciência depois de tudo que ela fez. Não estou voltando aqui para morar de novo nessa casa, óbvio que não! Só estou com saudades do meu lar, se é que posso chamar isso de lar, mas enfim, vim principalmente para ver a Clara. Agora que tudo já foi esclarecido de uma certa forma sei que minha mãe não vai me obrigar a mais nada e fico feliz que ela falou que eu poderia vir aqui sempre para ver minha irmã. Resolvo parar de pensar tanto e toco a campainha. A porta logo se abre e vejo Lúcia. Ela dá um sorriso adorável assim que me vê e conversa um pouco comigo enquanto entro dentro da sala de estar. Logo após a mesma sai falando que irá chamar a minha mãe assim como pedi e depois de alguns minutos vejo Caro descer a escada e vir em minha direção com um vestido vinho que vai até os joelhos e com seus saltos. Me esforço para não revirar os olhos e talvez ela esteja com a mesma impressão do meu look despojado. A verdade é que ela nunca gostou tanto de como me visto e sempre exigiu muito de mim já que comanda a melhor empresa de roupas de Los Angeles, mas não ligo!

Caro: filha, que bom que veio!- ela dá um sorriso e vem para me abraçar, mas estendo minha mão antes disso. A mesma entende o "recado" e aperta minha mão- Quando a Lúcia disse que estava aqui não acreditei!- ela sorri novamente e se senta em um dos sofás- Senta aqui.- ela aponta para o sofá da frente e assim faço- E então, o que veio fazer aqui?- ela pergunta entusiasmada. Essa é minha mãe mesmo?
Kah: an... Vim ver Clara e também estava com saudades da casa.
Caro: oh, claro. Se quiser pode ir lá no seu quarto depois. Está tudo impecável!
Kah: imagino- murmuro. Minha mãe sempre gostou de muita organização, até demais!
Caro: e sobre sua irmã ela está dormindo. Ela costuma acordar tarde, você sabe como é, mas depois ela descerá e ficará super feliz de te ver aqui!- ela sorri novamente e dessa vez não me aguento.
Kah: por que está tão sorridente?- as palavras saem antes que pudesse evitar, mas não me arrependo.
Caro: estou feliz que esteja aqui!- ela afirma não parecendo surpresa com minha pergunta e franzo o cenho- Sei que não acredita em mim, mas realmente estou arrependida por tudo e eu vou te provar isso! Sei que pisei na bola e fui uma péssima mãe, que na verdade eu sou e que nada vai apagar o passado, mas quero seguir em frente agora em diante fazendo a coisa certa- ela diz e dou meu primeiro sorriso desde quando aconteceu aquela troca de palavras minha e do Ruggero no carro. Ai, por que eu tinha que me lembrar dele agora?
Kah: fico feliz, de verdade.
Caro: prometo que vou recompensar por tudo!
Kah: não precisa pensar assim, só quero que não faça o mesmo com a Clara.
Caro: não, claro que não! Pode ficar tranquila! Já aprendi com meu erro e não faria nada de mal com sua irmã.
Kah: ok, porque se eu souber de...- ela me interrompe.
Caro: pode ficar tranquila, sério!- ela sorri de novo.
Kah: cadê o Phelippe?- pergunto do seu marido que não sou tão próxima assim, mas ele fez parte da minha vida durante anos.
Caro: foi jogar golfe com os amigos.- ela sorri através do seu batom nude. Não sei como ela consegue ficar tão bem arrumada dentro de casa, mas está bonita- Aceita algo para comer ou beber? Desculpa não ter perguntado antes!- ela começa a se desesperar. Eu sei que ela quer mudar, sinto isso, mas ainda é estranho para mim.
Kah: não, tudo bem. Tomei café hoje mais cedo.
Caro: ah, ok então.- ela sorri sem jeito- E você ainda está na casa das suas amigas?
Kah: sim, mas estou procurando um apartamento pequeno para mim com o dinheiro que juntei.- falo me lembrando do dinheiro que juntei durante o tempo que trabalhei na boate. Quase reviro os olhos com nojo, mas me seguro. Não tenho tanto dinheiro, não que dê para comprar um apartamento, mas dá para alugar um e pagar durante um tempo com o dinheiro que juntei. Fora que ainda quero terminar meus estudos e depois trabalhar quando entrar na faculdade. Quero tentar ter uma vida normal- Amo minhas amigas e agradeço por tudo o que estão fazendo, mas a casa é da tia da Lina e não quero perturbar mais.
Caro: você sabe que pode voltar pra cá.
Kah: sim, eu sei, mas daqui um tempo vou fazer dezoito anos e quero morar sozinha, se é que me entende.
Caro: tudo bem, eu era assim quando tinha a sua idade. Gostava de ser independente e ter minhas próprias coisas.- bom, pelo menos isso temos em comum- E como está seus outros amigos?
Kah: bem, vi eles ontem.
Caro: e você como está?- ela começa a fazer um interrogatório e sei que está preocupada comigo, pela primeira vez vejo isso.
Kah: mal- não consigo mentir. Estou mal mesmo e não vou esconder isso. Acho que mesmo se eu tentasse não conseguiria!
Caro: oh, desculpa por perguntar, mas está acontecendo alguma coisa?
Kah: não exatamente. É que só tem uma semana que tudo aconteceu e ainda não consegui raciocinar direito, mesmo com tudo já esclarecido.
Caro: ele te contou alguma coisa?- ela pergunta tentando não soar curiosa, mas sei que está e sei que também está preocupada. Não queria falar sobre o Ruggero, mas preciso desabafar! Ontem as meninas chegaram muito tarde, tanto é que já tinha pegado no sono e hoje pela manhã sai e elas ainda estavam dormindo, então apenas coloquei um bilhete para elas lerem quando acordarem dizendo que sai.
Kah: sim- falo simples.
Caro: sabia que ele ia falar alguma coisa e fazer sua cabeça!- ela afirma e reviro os olhos.
Kah: estávamos indo muito bem, por favor, não começa!- praticamente imploro.
Caro: ok, desculpa!- ela suspira- O que ele te falou?- ela pergunta receosa, como se estivesse com medo da minha reação com sua pergunta.
Kah: ele tem um motivo mãe, por ter matado meu pai- falo e ela arregala os olhos.
Caro: que motivo? Não tem motivo para o que ele fez!- ela afirma bruscamente. Estava bom depois para ser verdade!- Desculpa a maneira que estou falando, mas nada que vem daquele cretino é bom!- ela afirma tentando se acalmar e respiro fundo fechando os olhos.
Kah: o papai também não era santo!- abro os olhos para olhá-la.
Caro: não, eu sei que não! Nunca disse isso, mas ele era o amor da minha vida! Apesar de não estar com ele já naquela época ainda tinha uma consideração muito grande por ele.
Kah: eu sei, mas acontece que o Ruggero só fez isso porque o papai matou a mãe dele.- falo de uma vez, ela arregala os olhos assustada e posso ouvir sua respiração desregularizada- Não sabia né?
Caro: não- ela diz em choque.
Kah: pois é, nem eu, como sempre!- suspiro.
Caro: tem certeza que isso é verdade? Você sabe muito bem que aquele desgraçado é um mentiroso!- ela quase grita.
Kah: por favor, para de falar assim dele!- afirmo sentindo meu coração se apertar e ela relutante assente com a cabeça- Ele estava falando a verdade. Ele nunca quis falar sobre a mãe dele por esse motivo e sei que não é mentira o que ele me contou- falo e ela fica calada. Sei que ela está sem palavras pelo o que eu disse.
Caro: perdoou ele?
Kah: não completamente. Eu não consigo, não ainda.
Caro: sinto muito!- ela afirma e franzo o cenho.
Kah: como assim sente muito?- pergunto sem entender, afinal ela nunca gostou do Ruggero.
Caro: você já deve saber que nunca gostei do Ruggero. Depois do que aconteceu com o seu pai bem na minha frente tive vários pesadelos ao decorrer dos meses e eu sonhava com o Ruggero ainda menino matando o seu pai. Seu rosto não saía da minha cabeça e com certeza ele foi a pessoa que mais odiei na minha vida toda e quis sim matá-lo, mas hoje em dia não mais porque eu sei que você o ama!- ela sorri fraco e sinto meus olhos marejados, mas olho para cima tentando conter as lágrimas. Não posso chorar! Na verdade nem sei como ainda consigo chorar depois de tantas lágrimas derramadas- Sinto muito por tudo o que aconteceu e sei que estraguei tudo isso, mas não foi só eu, você sabe!- assinto. Eu sei que não! Ela pode ter me contado tudo e estragado meu "relacionamento" com o Ruggero, mas ele que apertou o gatilho matando meu pai e ele iria esconder isso para sempre!- Ele te ama!- ela afirma de repente e sinto uma lágrima cair.
Kah: não, por favor!- sussurro e a olho.
Caro: sei que dói para você ouvir isso agora, mas ele te ama!- ela afirma e sorri- Continuo não gostando dele e acho que nunca irei, mas se você quer ficar com ele, siga em frente- ela diz e arregalo os olhos.
Kah: o quê?
Caro: sei que fui uma pedra no caminho e o Esteban principalmente, mas percebi Karol, não vale mais a pena ficar nessa, não vale meu tempo machucar mais as pessoas. Só quero ser feliz com a minha família, com a minha casa, com o meu trabalho e quero que seja feliz também. Sei que você ama ele e sei que ele te ama e hoje em dia amar alguém, ter esse sentimento e essa dimensão do amor é raro! Não é todo mundo que sente, não é todo mundo que vive esse sentimento e muita gente busca por ele, mas não consegue alcançá-lo, então se quer não deixa isso passar. Você é privilegiada!- ela afirma enquanto deixo as lágrimas caírem- Amei seu pai, como nunca amei ninguém! Claro que amo Phelippe, mas é um amor diferente. Com o seu pai era uma coisa que...- ela dá uma pausa- Nem tem explicação para o amor, você sabe disso!- assinto- Então se você quer ficar com o Ruggero, fique! Por mais que eu não goste nem um pouco dele, por mais que ele me fez sofrer em silêncio durante muito tempo, ele te faz feliz e se ele te faz feliz, então eu fico feliz!- ela sorri, a abraço automaticamente e a mesma retribue um abraço que não demos durante muito tempo. Nem me lembro a última vez disso e sei que isso é lamentável! Vejo que minha mãe quer realmente mudar e sei que esse passo para ela foi grande demais! Mesmo depois de tudo o que ela fez eu a amo, não consigo ser fria com ela. Isso não significa que a perdoei, só passou uma semana desde que descobri de tudo e preciso de tempo, mas estou buscando perdoá-la. Me afasto dela e volto a me sentar no sofá enxugando as lágrimas.
Kah: você tem razão, eu o amo!- deixo um soluço alto escapar- Mas não posso...- dou uma pausa- Não podemos voltar!

Love Barriers [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora