Jantamos como sempre, mas dessa vez, Isabella e Rafa não paravam de falar sobre casamentos, o que me deixou meio por fora do assunto.
-Mamãe, eu não quero usar as roupas desconfortáveis. -Falou Kim e Isa olhou pra ela e riu.
-Não se preocupe, filha. Vai ser confortável. -Falou Isabella e eu ri.
-Não vai, não. -Falei sem querer e Kim olhou pra Isa com cara de dor e Isabella me olhou com raiva.
-Ajudou muito. -Falou ela e mandei um beijo no ar.
Continuamos comendo e no final, tive que lavar a louça, como "castigo por falar o que não deve". No meu tempo não era assim.
-Seu tempo nunca existiu. -Isabella falou e saiu da cozinha comendo um morango.
Mulher estranha. Eu em.
Terminei de lavar a louça e Kim estava na sala, ela e Mike olhavam o corredor assustados.
-O que foi? -Perguntei e ela me olhou.
-Mamãe saiu correndo pra dentro do quarto. -Ela falou e franzi a testa.
-Continua assistindo TV. -Ela assentiu e fui em direção ao quarto. Abri a porta e a mesma estava encostada.
O quarto estava vazio, quando estava prestes a sair, ouvi barulho de vômito no banheiro. Me aproximei do banheiro.
-Isa? -Perguntei abrindo a porta.
-Sai daqui. -Ela falou e vomitou mais uma vez.
-Ata. -Falei e me aproximei dela. Segurei seus cabelos e massageei suas costas.
Ela terminou de vomitar e se levantou. Foi escovar os dentes e eu só olhando ela.
-Você tá grávida? -Perguntei e ela me olhou.
-Não. -Ela falou com a boca cheia de espuma.
-Como sabe? -Perguntei e ela voltou a escovar os dentes, me ignorando. -Odeio quando me ignoram. -Falei e ela me olhou e continuou sem responder. -Você tá grávida? Não tá? Porque ninguém vomita por causa de nada. -Falei e ela revirou os olhos e jogou água na boca.
-Para de ser paranoico. Eu comi de mais. -Falou ela guardando a escova.
-Você pode tá grávida. -Falei e ela revirou os olhos.
-Eu não tô grávida, João Pedro, para. -Ela falou.
-Só não quero que fuja com esse também. -Falei sem querer e ela me olhou como se fosse me matar. Ela abriu o armário e quase arrancou ele com tanta força, pecou um pacote com absorventes, ele estava aberto, e o jogou contra minha cara.
-Eu tô menstruada, seu animal. -Ela falou e saiu do banheiro batendo todas as portas no caminho. Revirei os olhos. Olha eu me ferrando de novo.
Sai do banheiro e fui pra sala, Kim não estava mais lá, a porta de entrada estava aberta.
-Isa? -Perguntei alto e ninguém respondeu. Procurei na cozinha e não tinha ninguém, então, eu ouvi um latido, e depois outros, mais fortes. Corri na direção dos latidos, eles iam pra escada, desci as escadas correndo, quando cheguei no Mike, ele estava no primeiro andar, ele latia pra porta.
-Cadê elas? -Perguntei e ele parou o escândalo, se sentou e me olhou. -Cadê elas, Mike? -Ele continuou me olhando. Quando abri a porta do andar, meu pai, segurando a Kim no colo e com a Isabella do lado estavam me esperando. -O que tá acontecendo? -Perguntei.
-Se tivesse sido de verdade, nunca mais a veria. -Meu pai falou olhando a Kim e Isabella me olhou como se fosse me matar.
[...]
-Como você tem a coragem de esconder um negócio desse de mim, João Pedro? -Isabella perguntou assim que entramos no quarto dela e meu pai foi levar a Kim e o Mike pra passear.
-Isabella, eu tenho tudo sobre controle, não tem com o que a preocupar. -Falei e ela me olhou Como se eu tivesse xingado alguém.
-Não tem com o que se preocupar? Você tá maluco? O cara que me estuprou, me sequestrou e me humilhou, está atrás da minha filha, e você acha que não é um bom motivo pra eu me preocupar? -Ela perguntou quase gritando.
-Isabella, eu descobri os informantes dele, estamos rastreando ele e ele nem imagina. -Falei e ela riu.
-Isso é o que você pensa. -Ela apontou o dedo na minha cara. -O que eu te falei sobre ameaças contra minha filha? -Ela perguntou e continuei olhando ela sem emoção. -Você deveria ter me contado que ele estava atrás dela, meu Deus, João Pedro! Você não lembra tudo que ele fez comigo? Você acha que não vai fazer coisas muito piores com a Kimberly? -Ela perguntou jogando as mãos pro Alto.
-Eu não falei nada por que eu sabia que você ia ficar nessa paranoia.
-Paranoia não. Paranoia não. Isso é real. Tem um monstro atrás da minha filha, um monstro que é louco por vingança, que odeia você e me odeia e você acha que isso é paranoia? -Ela passou a mão na cabeça. -Em três dias, o mês acaba. -Ela falou e fiquei olhando ela atento. -Eu prometi pro Rafa que ficaria três meses aqui, minha faculdade começa semana que vem e faltam mais quatro semestres para eu me formar. -Falou ela. -Eu e Kim vamos voltar pro Canadá. -Ela falou e saiu do quarto.
De primeira, não entendi, mas quando minha ficha caiu, corri até ela.
-É a Isa, Diego, trás a Kim pra casa, que... -Arranquei o celular de sua mão.
-Você não vai voltar pro Canadá e não vai afastar minha filha de mim. -Falei seriamente.
-Você não manda em mim, e a filha é mais minha do que sua. -Ela tentou pegar o celular e não deixei. -Devolve meu celular.
-Estou falando sério, Isabella. Não vou permitir que isso aconteça de novo. -Ela riu.
-Você não permitiu da primeira vez, não vai precisar permitir da segunda. -Ela falou em tom de brincadeira.
-Não estou brincando. -Falei sério e ela fechou a cara.
-Eu vou pra onde eu quiser com a minha filha, sabe por quê? Porque ela é minha filha. -Falou ela.
-Fez com o dedo? -Perguntei e ela fechou mais a cara. -Acho que eu tive um grande papel nessa parte.
-Teve um grande papel na primeira saída e na segunda também. -Ela resmungou.
-Isabella, faz menos de três meses que eu sei que tenho uma filha, você está com ela a três anos. -Apelei pro emocional.
-Você em três meses, fez exatamente o que eu impedi durante três anos. Minha filha sendo ameaçada. -Ela falou e senti meu coração doer. Não tinha argumentos para aquilo. A culpa é minha, eu sei.
-Por favor. Eu amo a Kim. -Falei e vi seus olhos se encherem de lágrimas.
Mas ela não falou nada. Nem chorou. Ao invés disso, ela ficou parada, me olhando.
-Eu nunca vou deixar absolutamente nada acontecer com vocês. A Kim não vai sofrer nada, ninguém vai encostar um dedo na minha família. Agora que eu tenho vocês do lado, ninguém vai tirar. Eu sou pai a dois meses, foi de surpresa, não nasci sabendo e ela não veio com um manual, eu to descobrindo as coisas, assim como você descobriu. -Falei e ela suspirou.
-Minha faculdade, João. Tenho que terminar.
-Faz online, não da? -Perguntei me aproximando dela.
-É três vezes mais cara. -Falou ela e segurei sua cintura.
-Eu pago. -Falei e sei um selinho nela. -Ai vocês se mudam pra minha casa, nois espera a Mavi e o Rafa se casarem e nois se casa. -Falei em seu ouvido e vi ela se ouriçar toda. Beijei seu pescoço. -Ai nois faz mais uns filhos, compra uma cachorra pro Mike também ter filhos. -Continuei sussurrando no seu ouvido. -Ai você vira a patroa do Morro e nois tem um felizes para sempre, amor. -Falei e beijei seu pescoço novamente. Ela começou a descer a mão pelo meu corpo e chegou dentro da minha calça, ela passou a mão por cima do meu membro, mas logo me empurrou pra longe.
-Coloca a Kimberly pra dormir e vai embora, acha que eu esqueci que mentiu pra mim? -Perguntou ela e saiu rebolando pro seu quarto.
Ri e mordi o lábio, essa mulher ainda me mata.
-Filho? O que aconteceu? -Meu pai entrou com a Kim no colo e Mike atrás dele.
-Nada. Vamos dormir, princesinha? -Perguntei e ela se esticou na minha direção, peguei ela no colo e ela logo deitou no meu ombro.
Foi pro quarto dela, troquei sua roupa e ajudei ela a escovar os dentinhos.
Coloquei ela no berço, beijei sua testa e não demorou pra ela capotar.
Voltei pra sala e meu pai não estava mais aqui, tranquei o resto da casa e sai. Voltei pro morro, tomei um banho e capotei.