Murat
— Onde ela está? — pergunto assim que adentro a pequena cabana de caça, que fica no meio de uma floresta, bem distante da cidade.
— Está trancada no quarto como pediu, Senhor Arslan. — O meu chefe de segurança me informa com seu habitual tom profissional.
— Ótimo! Quero que vá lá para fora e que fique com os outros homens, Semil.
— Sim, Senhor!
— E mantenha a entrada da cabana sempre sobre vigília.
— É claro, Senhor! — Ele me estende uma chave e eu o aguardo sair e que fechar a porta, para enfim encarar os três batentes que me lavará para um curto corredor, onde tem apenas um quarto e um banheiro. De frente para a porta de madeira escura, levo a chave para a fechadura, enquanto os meus pensamentos fervilham com as informações que fizeram o meu sangue borbulhar dentro das minhas veias.
Ela é a causa de tudo. Penso encarando a figura assustada e encolhida em cima de uma cama de solteiro.
É a causa das feridas abertas no meu corpo, da dor que nunca passa, da ausência de um amor roubado e de destruir a minha felicidade. Dilara me encara especulativa e logo ela resfolga, ficando de pé. Ela parece trêmula, agitada e nervosa. Contudo, assim que ela se aproxima de mim e tenta me abraçar, me afasto deliberadamente evitando o seu toque.
— Murat, eu não sei o que está acontecendo, mas os seus homens me trouxeram para essa casa e eu...
— Cale-se! — ordeno com um tom seco e rude. — Eu vou perguntar só uma vez, Dilara e quero que me diga a verdade. — A observo engolir em seco. — Foi você quem me enviou as fotos sobre a traição de Cecília e de Taylor?
Seus olhos se engrandecem e a sua boca balbucia.
— Não! — rosna quase em desespero. — Por que eu faria isso...
— NÃO MINTA PRA MIM! — berro em fúria e imediatamente ela se afasta de mim. Respiro fundo. — Última chance. Você me enviou as malditas fotos e aquelas mensagens? — O tom baixo da minha voz não é capaz de esconder o teor da minha raiva.
— Murat, eu jamais faria... — Com um rugido vou para cima dela, seguro firme nos seus cabelos e a faço olhar bem dentro dos meus olhos.
— Eu me lembro da última vez de bebi por acreditar na falsa traição da minha esposa — sibilo seco e entre dentes. — Sabia que a bebida fez o meu paladar amargar feito fel? Mas ela não entorpeceu a minha dor que me rasgava a meio sem qualquer piedade. Naquela noite eu sequei uma garrafa de Balvenie e subi para o quarto de hotel cambaleante. Você se lembra?
— Eu não... eu não sei...
— Ah você sabe sim! Eu sei que você estava lá! — rosno próximo do seu ouvido.
— Murat...
— Eu entrei naquele quarto e cai naquela cama quase apagado, mas eu vi o seu vulto. — Dilara me lança um olhar extremamente assustado.
— Murat, eu não... — Ela resmunga dolorosamente.
— Devo dizer que você estava muito linda, Dilara e provocativa até. Mas acho que você não faz ideia de que um coração apaixonado é dominado pelas rédeas do amor. Não existe sedução, nem formosura, ou palavras sussurradas que o faço ceder a luxúria de uma mulher qualquer como você.
— Você está me machucando... — Ela retruca, tentando livrar do meu aperto nos seus fios.
— Mas acho que você ainda não tinha entendido, não é? E ousou fazer essa merda novamente. Eu pensei que tinha claro quando te disse na casa dos seus pais que eu não a queria. Que você não serve para mim. Mas vou fazê-la entender de uma vez por todas.
— Murat... ai! — Ela geme quando ponho mais pressão no meu aperto.
— Eu quero que saiba de uma coisa: você nunca se deitará na minha cama, nunca tocará no meu corpo e jamais terá o meu amor, ENTENDEU?!
— Pare! — Ela pede em lágrimas.
— E você quer saber o porquê? Porque você é uma pessoa podre por dentro, incapaz de amar um ser humano. É um monstro em forma de mulher, um demônio capaz de destruir a própria irmã apenas para ter o que quer.
— Por favor! — seu choro se torna compulsivo. Entretanto, a solto com violência, jogando-a no chão e ela fica lá entregue ao seu choro.
— Reze a Deus para eu não descobrir nada além disso, Dilara, porque se tiver algo mais, eu juro que vou matá-la com as minhas próprias mãos! — Ela engole o choro e me olha determinada.
— E o que vai fazer? — inquire mais alto, porém, desesperada quando dou alguns passos para fora do quarto. — Murat, não! — Dilara grita quando fecho a porta com chave. — Murat! Murat! — Os seus gritos ecoam pela cabana inteira, assim como as batidas violentas na porta. Contudo, ignoro o seu barulho excessivo e levo a chave para o meu bolso, e vou ao encontro dos meus homens.
— Quais são as ordens, Senhor Arslan?
— Deixe-a sem comida e sem água.
— Por quanto tempo?
— Até quando eu disser que pode alimentá-la. Escute, deixe-a gritar e chorar à vontade. Não lhe dê atenção e fiquem de olho, ninguém deve se aproximar dessa cabana.
— Pode deixar, Senhor Arslan!
Durante o dia não tive cabeça para ir para a empresa. Portanto, fui direto para um hotel e me perdi nas lembranças do meu passado, misturando-a com as lembranças do meu presente. Pensei em Ali e em tudo que ele passou.
Meu Deus, eu o entreguei aos cuidados da mulher nos fez tão mal.
No final do dia voltei para a cabana e a encontrei deitada na cama. Dilara agora se assemelhava ao mostro que ela escondeu por todos esses anos. A sua maquiagem estava borrada, manchando sobremaneira a região dos olhos e esses estavam vermelhos devido a um longo período de choro. Seus lábios vermelhos parecem inchados e estão trêmulos. Ao me vir, ela imediatamente se levantou e abraçou o seu corpo. Maldoso, entrei no quarto e ergui uma garrafinha d'água, abrindo-a diante dos seus olhos e bebi um gole grande, saboreado o seu frescor. Dilara lambe os lábios, provavelmente ansiando por um pouco de água.
— E então? — inquiro, atraindo o seu olhar para o meu.
— Murat, por favor, você não ver que isso é uma grande loucura?
— Você tem alguma coisa para me dizer, Dilara? — ignoro o seu comentário.
— Por Deus, o que você quer que eu diga?
— Confesse o que fez, Dilara! — exijo com um rugido. — Confesse que tirou aquelas malditas fotos, confesse que enviou a porra das mensagens...
— EU NÃO FIZ! — Ela berra e a encaro furioso.
— Ok! — sibilo baixo e vou até uma planta no canto da parede, derramando o resquício da água nela. — Quem sabe amanhã você tem algo para me contar, não é?
— Murat, não faça isso! — Ela implora quando saio do quarto, fechando a porta outra vez.
— Espero que uma noite de sede e fome refresque a sua memória, Dilara.
— O QUE VOCÊ QUER DE MIM! — Ela grita, batendo forte na madeira e o seu choro retorna.
— Eu quero a verdade e depois dela, você receberá a punição que merece.
— AAAH! — Ela grita em resposta e logo a escuto quebrar as coisas dentro do quarto.
— Semil? — Chamo o chefe de segurança com um rosnado alto assim que chego a pequena sala.
— Sim, Senhor Murat!
— Peça para alguém ir até a cidade comprar algumas coisas, passarei essa noite aqui.
— Sim, Senhor!
***
Na manhã seguinte...
O aroma da comida me faz abrir os olhos, então percebo o dia claro lá fora. Com um resmungo me sento no sofá e fito o meu celular. Várias ligações de Taylor e de Sila surgem no meu campo de visão. Engulo em seco. Não posso falar com eles agora, não posso fraquejar. Não quando sei que estou tão perto da verdade.
— Um café, Senhor Arslan? — Semil me oferece uma xícara que eu recebo sem hesitar e bebo um gole do líquido forte e amargo logo em seguida.
— Pode servir uma bandeja bem farta para o café da manhã? — peço me preparando para mais uma visita a minha ex-cunhada.
— É claro, Senhor!
— Obrigado, Semil!
Sei que parece não fazer sentido, mas torturar Dilara em busca da sua confissão é o que me resta. A princípio ela com certeza lutará em falar, mas um dia e uma noite sem água e sem comida com certeza a fará dizer tudo que fez por todos esses anos. E é por esse motivo que estou abrindo a porta da sua prisão outra vez, enquanto Semil passa com a bandeja e a põe em cima do único móvel em pé dentro desse quarto. A cama. Dilara está em pé perto de uma janela e olhando para o lado de fora.
— Eu trouxe comida — aviso, tendo o cuidado de fechar a porta atrás de mim. — Será que você está disposta a falar comigo hoje?
— Eu não tirei aquelas fotos. — Ela fala sem me olhar. — Mas sabia que a Cecília o estava traindo com o Taylor. — Fecho as mãos em punho, pressionando os meus dedos com bastante força. — Eu precisava te mostrar, Murat. — Então ela se vira e me olha nos olhos. — Você precisava saber...
— PARE DE MENTIR PARA MIM, SUA ORDINÁRIA! — berro ensandecido e como um rolo compressor vou para cima dela, segurando-a com brutalidade pela sua blusa e a jogo com violência em cima da cama. Fora de mim, monto no seu corpo e seguro firme na sua garganta, a apertando com força. Os seus olhos arregalados me encaram assustados. — Eu quero a verdade, Dilara! — rosno ofegante, segurando uma vontade insana de machucá-la de verdade. — FALA A VERDADE, PORRA!
— FUI EU! — Ela grita me fazendo largá-la. Então ela se senta no meio do colchão e abraça as suas próprias pernas, chorando igual uma criança. — Ela não o merecia. A Cecília era uma mulher de muita sorte, mas ela não o merecia!
Trinco o maxilar.
— Ela estava se encontrando com o Taylor e você nem fazia ideia disso. Eu não suportei as suas mentiras e a sua falsidade, e contratei uma pessoa para segui-los. ENTÃO SIM, EU ENVIEI AQUELAS FOTOS E EU ENVIEI A DROGA DAS MENSAGENS!
— AAAAAH!!! — grito feito um animal enfurecido, arrastando a minha mão pelo colchão e a bandeja cheia de comida vai imediatamente ao chão, fazendo um estrondo com as louças. Dilara se encolhe de medo diante da minha fúria e chora compulsivamente.
— Escute bem, isso ainda não acabou! — berro apontando-lhe um dedo em riste.
— Mas eu contei o que você queria!
— Você me contou? — Arqueio as sobrancelhas, porém, meneio a cabeça fazendo não. — Eu sei que tem mais alguma coisa escondida dentro dessa sua cabeça malévola e eu vou descobrir o que é!
— Murat, não faça isso comigo! — Ela implora saindo da cama e em lágrimas vem para perto de mim. No ato, seguro com uma força extrema no seu braço e a arrasto para fora do quarto. — O que vai fazer? O QUE VAI FAZER?! — Ela grita, enquanto luta para se soltar do meu agarre. Entretanto, a faço descer alguns degraus que leva para o escuro e úmido porão, largando-a lá dentro sem qualquer delicadeza, fazendo-a cair no chão como se fosse um saco de lixo.
— O seu conforto acabou! — aviso contendo a maldita fúria que insiste em queimar as minhas veias, ignorando os seus malditos resmungos. — A partir de hoje você ficará bem aqui, vamos ver se aguenta o frio dessa noite e a fome.
— O que?! — Ela arfa.
— Dê um pouco de água para ela, Semil, a final eu a quero bem lúcida para quando a verdadeira história vir à tona.
— VOCÊ ENLOUQUECEU?! — Ela berra em meio ao seu choro. Furioso, volto para perto dela e seguro no seu rosto, apertando-o com força.
— Você não faz ideia do quanto estou louco, Dilara! — rujo e a solto com violência. — Faça o que eu pedi, Semil!
— Sim, Senhor!
— E peça para alguém ir limpar aquela sujeita lá em cima — ordeno e saio do porão, escutando os seus gritos de protesto e decido ir caminhar pela trilha da mata. Quem sabe a noite fria me acalme um pouco. Contudo, a angústia me assola e eu paro, ajoelhando-me no meio das folhagens mortas, levando o meu rosto ao pó. — Ala, por favor! — suplico em meio a nuvem negra que quer me cobrir. — Não me deixe agora, não deixe que a minha dor e cólera me domine. Por favor, Ala, não faça de mim assassino! — Encaro o céu escuro e com poucas estrelas, sentindo as lágrimas molharem o meu rosto. — Por Ala, não me deixe cometer tal pecado!
***
À noite...
— Oh, Senhor Arslan! — Samia sibila assim que me vir entrar na mansão.
— Boa noite, Samia! Onde estão a minha esposa e meu filho?
— Eles estão no quarto, Senhor.
— Obrigado! — Subo as escadas com pressa, ansioso por vê-los. Um dia e meio longe deles foi como pisar em terra seca e a saudade está me matando por dentro. Contudo, paro assim que abro uma brecha na porta do quarto de Sila e os assisto envolvidos em uma brincadeira com bonecos de pano.
— Vamos rei, Murat, diga que a ama! — Ali insiste para o boneco sentado em uma cadeira e no ato, franzo o cenho.
— Por quê? — Ele faz um som grosso e aparentemente irritado, e me pego sorrindo.
— Porque se você disser que a ama, ela poderá ser a minha mãe.
Olho para Sila que perde o seu sorriso lindo quando ele menciona o desejo do seu personagem. Contudo, sinto-me inflar por dentro ao perceber que o desejo do meu filho não a incomoda. Portanto, decido entrar no teatro particular deles e dizer o que o meu peito está cheio, e a ponto de explodir.
— Então diga que sim. Diga para a rainha Sila que a amo com a minha alma e com o meu coração. Diga, que com ela irei para qualquer parte desse mundo.
— Papai! — Ali grita e corre para mim. Contudo, não consigo desviar os meus olhos dos olhos brilhantes. Sim, eles estão brilhando para mim. — Eu estava com muitas saudades! — Aspiro o cheiro do meu menino.
Deus, quanta falta ele me fez!
— Eu também filho, eu também!
Juro que deu dó do rei Murat 😰😰😰 tadinho está lutando entre a vingança e a justiça. Espero que a Sila seja o seu alicerce de agora em diante, porque o pior das revelações estar por vir.
N O V I D A D E . C H E G A N D O!
Sinopse:
No mundo dos humanos, Velkan, um CEO respeitado, esconde um segredo profundo: ele é um líder de uma antiga alcateia de lobos, destinada a cumprir uma profecia que salvará seu mundo da escuridão. Há décadas, ele procura desesperadamente por uma paeira desaparecida, cuja união está predestinada a fortalecer sua alcateia e cumprir a profecia.
Enquanto isso, Aster, uma jovem universitária apaixonada por arte, vive uma vida aparentemente normal em meio a uma família amorosa. No entanto, após descobrir a traição de seu namorado em uma noite tumultuada, ela se vê dirigindo sem rumo. Quando seu carro quebra no meio do nada, ela é confrontada por um lobo raivoso de olhos amarelados, sem saída.
Mas algo extraordinário acontece: uma luz brilhante irrompe na escuridão, e Aster acorda no dia seguinte em seu quarto, sem lembrar do encontro assustador. No entanto, ela logo descobre que é uma ser místico, dotada do poder de dominar lobos.
À medida que Velkan e Aster são puxados para um destino entrelaçado, eles devem aprender a confiar um no outro e desvendar os segredos de seu passado. Juntos, eles embarcam em uma jornada épica para desvendar a profecia, enfrentando desafios mortais e descobrindo um amor que transcende as barreiras entre seus mundos.
EM BREVE!