Murat
— O Senhor tem certeza, que quer fazer isso? — Samia pergunta um tanto incrédula.
— Absoluta! Junte tudo que precisa para doação e as outras coisas pode mandar queimar —ordeno, porém, ela balbucia.
— Certo, Senhor! — Apenas aceno sutilmente, saindo do cômodo em seguida e vou direto para a varanda onde encontro o meu filho tomando café na companhia de Ayla. Intrigado, olho para os lados a procura da minha esposa, mas não a vejo em lugar nenhum.
— Papai! — O meu garoto praticamente grita, saltando da cadeira quando percebe a minha presença e imediatamente ele crre na minha direção. Com um sorriso largo o seguro nos braços, jogando em cima dele uma enxurrada de beijos. — Você viu a Sila?
— Ela disse que tinha uma coisa para resolver, papai. — Franzo o cenho com estranheza.
— Cheguei! — Minha esposa cantarola, entrando no meu campo de visão. — O que vocês estão aprontando? — Ela pergunta animada e assim que se aproxima beija divertidamente o meu filho, o fazendo rir sonoramente, e isso me deixa extremamente feliz. Por fim, ela me beija rapidamente na boca.
— Tem panquecas, papai, vem comer comigo!
— O papai adoraria, filho, mas preciso ir para a empresa agora.
— Ah! — Ele resmunga um lamento.
— Você precisa ir tão cedo? — Sila contesta.
— Infelizmente sim, amor, mas... prometo que venho buscá-los para almoçarmos, o que acham?
— Ebaaa! — Meu garoto festeja.
— Eu vou amar, querido! — Ponho o Ali de volta no chão e ele imediatamente corre para o seu lugar na mesa. Entretanto, não seguro a ânsia de puxar a minha linda e jovem esposa para os meus braços e de beijá-la demoradamente em seguida.
— Eu preciso ir, querida — sibilo sofregamente e penso que nunca foi tão difícil ter que me afastar dela assim.
— Eu te amo! — Ela sussurra, segurando em cada lado do meu rosto e no ato, acaricia.
— Eu te amo muito mais! — Forço-me a me afastar. Contudo, antes de ir a olho por alguns segundos e logo estou entrando no carro.
... Agora me diga, como conseguiu aquele contrato, Sila?
... Taylor.
Fecho as mãos em punho, bufando no processo.
— Você terá muito o que me explicar, Senhor Miller! — rosno entre dentes.
À medida que caminho para dentro da BlakSea consigo escutar os meus próprios passos pesados dentro dos meus ouvindo, em conjunto com a minha respiração pesada. Os meus dedos estão tão pressionados que os sinto latejarem em dor e quando as portas do elevador se abrem, o vejo conversando descontraidamente com alguns executivos na antessala que antecede o meu escritório. Diante do som vibrante da sua gargalhada simplesmente não domino mais o controle das minhas emoções. Portanto, eu mal me aproximo do cafajeste intrometido e acerto um soco violento que o faz cair sobre a mesa da minha secretária. A mulher solta um grito agudo de puro pavor, se afastando abruptamente da mesa quando alguns objetos vão ao chão. Contudo, não paro e o seguro pelo colarinho o acertando mais uma vez. Depois outra e mais outra.
— Me larguem! — berro quando os homens me seguram, arrastando-me para longe dele e puto, encaro o seu sorriso largo e debochado.
— Por que está raiva de mim, sócio? Isso tudo é porque mostrei a verdade para a sua linda esposa, ou o fato de ela tê-lo deixado?
— Eu o proíbo de tocar no nome da Sila, entendeu?! EU O PROÍBO! — rosno enfurecido, lutando para me livrar do agarre dos homens.
— Você não tem esse direito, Arslan, você não manda em mim! E a Sila não é sua propriedade, seu idiota!
Sorrio em meio a minha cólera.
— Ela é minha, toda minha!
— Até quando, Senhor Arslan?
— Ela sempre será minha.
— A Sila jamais ficará com você depois de descobrir o que o fez!
— Você tem certeza disso, Miller? — O provoco. Ele me lança um olhar especulativo. — Para o seu governo, a Sila e eu estamos muito bem! — rosno, tentando me livrar mais uma vez das mãos que insistem em me manter longe dele.
Seu sorriso se alarga.
— Você está mentindo! A Sila...
— Me larguem! — ordeno com um tom firme, porém, mais calmo e chego bem perto dele, para olhar dentro dos seus olhos. — Você não faz ideia do que é acordar ao lado daquela linda e estonteante mulher e ainda ouvir o quanto ela me ama — rosno com extrema satisfação quando ele engole a porra do seu sorriso. — Pois é, Miller parece que o seu plano não deu muito certo.
— Você está mentindo! — Ele grunhe entre dentes.
Sorrio.
— Você sabe que eu não estou. — Lanço lhe um olhar gélido. — E da próxima vez que roubar um documento da minha sala, me certificarei de levá-lo a corte, Senhor Miller. Você não o prazer que será processá-lo e arrancar alguns bons dólares do bolso. — Taylor trinca o maxilar. Ergo um dedo em riste para ele. — Esse será o meu último aviso. Fique longe da minha mulher! — Dou-lhe a costas para sair, porém, paro e respiro fundo, virando-me repentinamente e acerto um último soco, dessa vez no nariz. — Seu babaca idiota!
***
Meia hora depois...
— Como ela está? — Escuto a voz preocupada de Deniz Yilmaz do outro lado da linha telefônica.
— Ela está bem, Deniz. Felizmente consegui convencê-la da verdade.
— Ah, que alívio! Por um instante achei que a havia perdido de vez!
— Sei que faz pouco tempo, mas aprendi algo sobre a sua irmã.
— O que?
— Ela vai perdoá-los. — Escuto o som da sua respiração.
— Tomara, Murat! A Sila costuma ser bem geniosa quando quer ser.
Sorrio para esse comentário e devo dizer que ele tem razão.
— Mas ela tem um grande coração.
— Isso é verdade. Ah, sobre a nossa reunião, enviarei os tópicos por fax assim você poderá dar uma olhada nas novas diretrizes da empresa e analisar algumas mudanças importantes para cada setor.
— É claro, farei isso.
— Será que pode dar um parecer? Me dizer o que achou ou se encontrar algumas pontas soltas?
— Farei isso com prazer, Deniz.
— Obrigado, Murat! Devo dizer que você entrou para essa família no momento certo e que está fazendo milagres nos negócios.
— Só fique atento para isso não se repetir, Deniz. O seu pai aparentemente fez um bom trabalho. Por que não continua com o que ele começou?
— Prometo pensar nesse seu conselho e conversarei com os meus irmãos sobre essa possibilidade...
— Senhor Arslan, a Senhorita Emine está na linha e deseja falar com o Senhor.
— Diga que estou em uma reunião agora, Isla e que retornarei a ligação assim que puder.
— Claro, Senhor Arslan!
Emine Arslan, o que você quer comigo agora? Resmungo mentalmente.
— Murat, você ainda está aí?
— Claro, Deniz.
— Ótimo, estou enviando a proposta para você agora e fico aguardando o seu retorno em breve.
— Até mais, Deniz!
***
— Ele está se divertindo muito! — Sila fala, enquanto encosta o seu corpo no meu. Estamos sentados debaixo de uma árvore o assistindo interagir com as crianças e sim, o meu garoto está muito feliz. Ele simplesmente não para de falar e de sorrir para elas, enquanto brinca em um parquinho no meio de uma praça movimentada. — Você é um ótimo pai, sabia?
Eu queria poder acreditar nas suas palavras, mas a verdade é que um pai nunca machuca o seu filho como o machuquei. Contudo, não falo nada, apenas deixo que acredite nesse homem perfeito que ela desenhou dentro da sua cabeça. Mas eu sei de uma coisa, nunca mais o Ali será atingido por mim com a um atrás. No que depender de mim, ele terá a minha superproteção, assim como a Sila. Não permitirei o meu ciúme estrague tudo outra vez. Meus pensamentos são interrompidos pelo toque do meu telefone e ao olhar para a tela solto um suspiro sufocado.
— Não vai atender?
— Não é importante — resmungo encerrando mais uma ligação de Emine e isso me deixa preocupado.
— Tem certeza? Eu posso ficar um pouco com o Ali, enquanto você atende quem quer que seja. — Ela pensa em se afastar de mim, porém, não permito e no ato, beijo os seus cabelos, aspirando o seu cheiro como sempre faço.
— Nada e nem ninguém vai me roubar os meus minutos em família — ralho, recebendo um sorriso seu.
— Eu te amo, sabia?
— Eu não sabia. — Finjo descaso e o seu sorriso se amplia para mim.
— O que, eu não falado isso para você? — Sila se diverte com a minha resposta e no mesmo instante finjo pensar em uma resposta.
— A verdade, é que eu não me lembro de ouvi-la dizer que me ama o dia inteiro.
— Seu bobo! — Ela ralha montando em mim e não hesito em segurar na sua cintura, mantendo-a presa em mim. — Eu te amo, Murat Arslan! — declara, deixando um beijo calmo no meu rosto e esse beijo começa a imigrar na direção da minha boca.
— É melhor parar, Senhora Arslan, ou iremos presos por atentado ao pudor — retruco, mas a verdade é que eu não quero que pare. O som da sua risada alta reverbera dentro de mim, fazendo um maldito estrago e eu decido acabar de uma vez com esse passeio ou irei perder a cabeça aqui mesmo.
Não demora para o meu carro estacionar ao lado de um Rolls-Royce negro que me deixa intrigado e assim que desço, Samia vem ao meu encontro.
— O Senhor Besim está aqui com a sua mãe e irmã. — Ela me avisa prontamente.
— Besim, quem é? — Sila procura saber. Apenas afrouxo a minha gravata e seguro na mão do Ali, e na dela para adentrarmos a mansão.
— Murat, querido! — Tia Banu fala me abraçando no mesmo instante e emocionado a aperto fortemente nos meus braços.
— Tia Banu! — Beijo as costas da sua mão, levando-a a minha testa como sinal de respeito e ela sorri, fitando a linda mulher atrás de mim. — Esta é Sila, a minha esposa.
Nunca senti tanta satisfação em apresentá-la como agora. Banu Arslan é quase uma mãe para mim, uma das pessoas mais importantes e que tem um meu respeito.
— Sila, essa é a minha tia Banu Arslan.
— É um prazer, Senhora Arslan!
— Nada de Senhora Arslan, me chame apenas de Banu.
— E esses são os meus primos Besim e Emine.
— É um prazer finalmente conhecer a mulher que quebrou o gelo do coração desse homem! — Besim brinca me fazendo revirar os olhos. Entretanto, Emine não parece nada satisfeita com as apresentações.
Sorrio e tento desfarçar o olhar avaliador da minha prima em cima da minha esposa.
— É uma novidade te-los aqui.
— Se tivesse atendido os meus telefonemas saberia que viríamos. — Emine ralha com nítido mal humor.
— Não seja malcriada, Emine! — Tia Banu a repreende, mas ela parece não se importar.
— Eu vou brincar um pouco com o Ali na fora. — Ela retruca, saindo logo em seguida da sala.
Bufo mentalmente.
— Vocês querem beber algo? — Minha esposa oferece e todos optam por um bom café.
Uma conversa agradável e animada nos arrancas algumas risadas e tia Banu faz questão de dizer o quão está decepcionada por não ter sido convidada para o nosso casamento. Contudo, algo inesperado acontece.
— Onde vocês estão hospedados? — Sila indaga quando eles se levantam para ir embora.
— Em um hotel no centro de Londres.
— E por que não vem ficar aqui conosco?
Porque essa não é uma boa ideia! Resmungo mentalmente e encaro o Besim em busca de socorro.
— O hotel que estamos hospedados fica bem perto do hospital e isso facilita muito as coisas para nós, não é mamãe? — Aceno sutilmente para ele.
— Bobagem, nós fazemos questão, não é amor? — Sila insiste. Eu olho para Emine que parece esperançosa por esse acontecimento e me forço a falar.
— É... claro, querida. — Engulo em seco.
— Prometo pensar nisso, Sila. — Besim fala um tanto constrangido, porém, Sila parece confusa com o fato de ele não aceitar o convite.
— Está bem! — Ela diz por fim.
— Até mais, tia Banu! — A abraço demoradamente.
— Eu gostei dela, filho! — Ela resmunga em meio ao abraço.
— Obrigo, é importante para mim!
— Eu sei disso e a sua mãe ia adorar conhecê-la. Por que não a leva a Turquia qualquer dia desses?
— Em breve!
— Ela não combina muito com você. — Emine diz quando me abraça. — Uma pena ter se precipitado a se casar com essa mulher sem ao menos perguntar para os anciãos da sua família.
— Não sou um garoto, Emine e a sua opinião realmente não me interessa. — A olho firmemente quando me aproximo, e após o carro sair da minha propriedade penso que nunca respirei tão aliviado como agora.
Uh, esse não foi fácil kkkkkk mas consegui.
Como veem Murat e Sila estão fortalecendo o amor deles, mas algumas víboras invejosas tende a tentar estragar tudo.
Abre o casal Arslan!